Com protesto inteligente, só resta à torcida atleticana aguardar a recuperação do Galo no Brasileirão
Luiz Linhares*
Enfim o Atlético consegue a tão esperada vitória no Campeonato Brasileiro. Isso após seis derrotas de forma consecutiva. E foi a duras penas contra o Ceará – e em pleno estádio Independência.
Antes de tecer alguns comentários sobre a partida desse domingo (29), não poderia deixar de expressar algo relativo à eliminação do meio da semana na copa Sul-Americana diante quase cinquenta mil torcedores no Mineirão.
É fato que o futebol mineiro vive um ano de constante turbulência, sem conseguir encaixar um time que inspire real confiança de seu torcedor. Ao fazer uma leitura do tempo, tem-se a noção que tudo de ruim que ocorre no futebol mineiro já vem de tempo atrás. É consequência das más gestões administrativas e da gerência do futebol – causa principal do que hoje vive o futebol mineiro.
No caso do Atlético, após a descoberta da doença que vitimou o seu ex-diretor de futebol Eduardo Maluf , passou por mudanças na rotina do comando. Isso ocorreu com a unificação do comando do futebol na presidência com André Figueiredo, que passou a exercer as duas funções.
Depois veio o ex-jogador Marques e outros mais que se revezaram na gestão do futebol, até chegar ao atual Rui Costa. Ao lado de tudo isso, o que se viu foram as constantes mudanças de treinador, que se revezaram entre novatos e experientes.
É este o desenho do Atlético nos últimos períodos, que não estabeleceu critérios e sem a convicção de um trabalho para o médio prazo. Para agravar ainda mais a situação, têm-se a constante falta de recursos.
O resultado que se viu foi o clube se sucumbindo a cada fracasso de competição. Nessa conturbada conjuntura, foi-se formando times limitados que não conseguem manter em um alto padrão. E os fracassos, como o último, se tornam constantes.
Existia a convicção, até pela paixão atleticana, de que o título sul-americano seria o grande ganho do ano, o que iria assegurar a participação na Libertadores no próximo ano.
Mas tudo seguiu por água abaixo ante a incompetência do time. O Atlético foi eliminado pelo Colón na cobrança de pênaltis. Isso após ter tido, no Mineirão, a possibilidade de golear o fraco time argentino. Venceu pelo placar mínimo devolvendo o resultado da primeira partida em solo argentino.
Agora só resta o Brasileirão. Após seis derrotas veio enfim a vitória magra, mas comemorada. Nesta semana o Galo tem o Vasco ainda em Belo Horizonte, abrindo a possibilidade de conquistar pontos importantes para que possa retomar o caminho das vitórias e tentar voltar entre o grupo dos seis melhores.
Nesse domingo o torcedor atleticano, a meu ver, deu uma prova de protesto interessante e inteligente, sem violência, agressões ou invasões. Torcidas organizadas se uniram e não foram ao jogo. Protestaram ao deixar de comparecer ao Independência. E assim fizeram com que o Galo tivesse uma de suas cinco piores médias de público em jogos oficiais.
Bem melhor do que foi feito pela torcida organizada do Fluminense no Rio, que invadiu o Centro de Treinamentos do clube, acuando jogadores e comissão técnica, além de danificar algumas dependências do clube.
Sem vitórias, e sob séria ameaça, Cruzeiro aposta as suas fichas em Abel Braga, o conciliador
Como reflexo da crise que vive o futebol mineiro, durou menos de um mês a presença de Rogerio Ceni no comando do Cruzeiro. Foi incompatível o relacionamento do treinador com alguns medalhões do time celeste.
Como em toda disputa de poder, cai fora o mais fraco. E com esse aforismo foi demitido o treinador. Resultado: o time vai balançando nas últimas colocações.
Quando tudo vai dando errado, é difícil se alinhar em um posicionamento correto. Sabe-se que o clube segue de cabeça para baixo na parte administrativa. Nos últimos dias surgiram novas acusações pesadas entre o atual e os presidentes anteriores.
O que se observa é um lavar de roupas precedentes na até aqui vitoriosa história do clube do Barro Preto que se mudou para a Pampulha. São sintomas de uma crise profunda – e que nada agregam de melhor ao clube.
No futebol, o que se observa são salários em atraso e a volta do poderoso Itair Machado para o comando dos destinos da equipe celeste. Nesse conturbado contexto, chega o novo treinador Abel Braga como a nova aposta para sanar a falta de futebol com qualidade e falta de vitorias.
Amigo e camarada dos medalhões, Braga chega com o respaldo do grupo ou de parte dele. O treinador tem histórico de conciliador e de bom mediador. É esta a nova aposta azul para mudar os rumos do que se desenha.
Escrevo esta coluna antes da partida de Goiânia. Abel Braga chegou e já comandou dois secretos treinamentos. Têm-se, portanto, pouco conhecimento do que vai ser feito ou mudado no time de imediato.
Toda mudança gera uma consequência, torço para que se apresente bem e vença o Goiás, iniciando sim de verdade a grande mudança para acalmar o mar mineiro que tem tido ondas gigantes – de tsunami.
*Luiz Linhares é diretor de Esportes da rádio Itabira-Am