Com fortes chuvas, barragens preocupam moradores de Itabira e de Santa Maria de Itabira

Moradores de Itabira e de Santa Maria de Itabira estão preocupados com as consequências que podem advir das fortes chuvas que estão caindo na região, em Minas Gerais e no país, principalmente em decorrência das grandes barragens de rejeitos, da mineradora Vale, existentes acima de suas residências.

Previsão de chuvas para sábado (25/01) em Minas Gerais (Fonte: Defesa Civil/Simge)

A preocupação é ainda maior quando vem à lembrança o trágico rompimento da barragem 1 da mina de Córrego Feijão, em Brumadinho, que completa um ano neste sábado (25).

A preocupação aumenta ainda mais com as fortes chuvas deste período. Segundo informa a Defesa Civil de Minas Gerais, mantém-se para as próximas 24 horas a chamada Zona de Convergência do Atlântico Sul, que está estacionada sobre a faixa central do estado.

Em consequência, estão previstas tempestades severas, com acumulados entre 150 e 200 milímetros (mm) de precipitação. A previsão é para quase todo o estado de Minas Gerais. Tempestades severas são temporais que podem provocar granizo, vendavais, tornados, raios e chuvas torrenciais.

Para Belo Horizonte e região metropolitana, inclusive para Itabira, segundo a Defesa Civil segue valendo para os próximos dias o mesmo padrão de tempo instável, variando entre nublado, chuvas de moderada a forte intensidade, intercaladas por chuvas intensas.

Vistorias “in loco”

Lâmina d’água na barragem de Santana: sob controle, segundo a Polícia Ambiental Militar (Fotos: Carlos Cruz)

Em vistoria nos cursos d´água da região, a Polícia Ambiental Militar percorreu, nesta sexta-feira (24), a zona rural próxima de Itabira. O objetivo foi verificar como está a vazão de córregos e rios, tendo passado pelas comunidades de Engenho e Laboriau – e também pela barragem de Santana, que fica a cerca de 15 quilômetros a montante de Santa Maria.

“Até o momento, a vazão dos cursos d’água está tranquila, sem extrapolar os leitos e sem ameaçar os moradores”, informou à reportagem deste site o sargento Adão Ribeiro de Assis, comandante do Grupamento de Meio Ambiente, da 12ª Companhia da Polícia Militar de Minas Gerais.

Sargento Assis, da Polícia Ambiental: “vistorias são preventivas.”

A Polícia Ambiental procurou verificar “in loco” como está o comportamento do rio Jirau abaixo da barragem de Santana. “Embora a barragem esteja com grande volume de água, está sob controle, não foi constatada anormalidade. A água segue pelo vertedouro e não passa pelo barramento.”

Segundo o militar, a vistoria é preventiva. O sargento Assis esclarece que não se trata de fiscalização, o que é da alçada da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam). “Fazemos as vistorias e se constatada alguma irregularidade é que chamamos os técnicos ambientais e comunicamos à empresa.”

Pela sua experiência em vistoriar barragens, o sargento explica que o vertedouro tem justamente a função de controlar a vazão da água que segue pelos cursos d’água. “O que não pode é a água passar por cima da barragem ou pelas laterais. Isso não está ocorrendo na barragem de Santana”, assegura.

“Visualmente não detectamos nenhuma anormalidade. Até agora, o rio Tanque segue o seu curso sem transbordamento”, diz ele, que pede para a população ribeirinha ficar atenta à intensidade das chuvas. “A prevenção e todo cuidado é importante para garantir a segurança e a vida dos moradores.”

Histórico de grandes enchentes que assustaram e até ilharam a cidade 

Não é a primeira vez que moradores de Itabira e Santa Maria de Itabira ficam apreensivos com as fortes chuvas que podem ocasionar danos às estruturas de barragens. E não é para menos, não só pelos recentes rompimentos de barragens em Mariana e Brumadinho, como também pelos antecedentes ocorridos em Itabira.

Na memória de muitos itabiranos mantém-se viva a lembrança das chuvas de 1978/79, que provocaram grandes inundações em todo estado de Minas Gerais.

Em Itabira, elas chegaram a interditar a rodovia, deixando a cidade isolada, com o transbordamento da recém-construída barragem do rio de Peixe, pela Vale, localizada à margem da rodovia.

A situação foi extremamente grave, tendo ocasionado, inclusive, falta de gêneros alimentícios, com vendas de bens de consumo imediato, como botijões de gás, a preços especulativos por muitos comerciantes da cidade. Um operário da Vale morreu afogado depois de sofrer acidente com barco na barragem.

As chuvas daquele período foram bem mais intensas que as previstas para o atual período chuvoso, que tem projeção de precipitações para agora variando entre 150 e 200 mm.

Segundo registro do serviço meteorológico, em dezembro de 1978 chegou a chover 257 mm em Itabira, enquanto em janeiro de 1979 saltou para 513 mm. Mas em fevereiro daquele ano a situação se agravou ainda mais, com registro de 871 mm. Até então, a média histórica em Itabira, no mês de fevereiro, era de 160 mm.

Mas as chuvas de 1978/79 não foram as mais intensas já ocorridas em Itabira, embora tenham ficado como sendo as mais severas. Excetuando a excepcionalidade do mês de fevereiro de 1979, choveu mais na virada de 2002 para 2003.

No mês de dezembro de 2002 choveu 400 mm, o que representou quase um terço da média histórica anual registrada na cidade, que é de 1.500 mm. Já no mês de janeiro de 2003 as chuvas foram mais torrenciais ainda, com registro da incrível marca de 789 mm – só não foram mais intensas que as chuvas que caíram na região em fevereiro de 1979.

Até então, nos meses de dezembro e janeiro, a média histórica de chuvas em Itabira havia sido de 300 mm ao longo de 30 dias. Em 2003, em vários dias, chegou a chover 210 mm em menos de 24 horas.

2 Comentários

  1. Esse povo parece louco. Eu provo q no Distrito de Itabira aonde o rio passa as casas estão a ponto, todas alagadas. E quem vai reparar isso? Ninguém, né? Só quando ta a época de eleições os hipócritas vão porta a porta pra pedi votos. affs viu

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