Com a mudança de onda, Itabira recebe sinal verde com poucas restrições, mesmo com o avanço das variantes do vírus
Mesmo com o programa Minas Consciente, por meio do comitê de enfrentando da Covid-19, da Secretaria de Estado de Saúde, tendo definido que a microrregião de Itabira está apta para migrar para a onda verde, isso não pode ser traduzido em um “liberou geral”, sob pena de retrocesso já na quinta-feira (18), após o feriado prolongado de carnaval.
O prefeito Marco Antônio Lage (PSB) decidiu que permanecem algumas das medidas restritivas constante do decreto municipal 0348, de 3 de fevereiro. Porém, novas regras menos restritivas devem ser editadas pelo município, mesmo estando mantidas as projeções de avanço da pandemia em todo o país, com maior intensidade, inclusive, na macrorregião de Belo Horizonte, à qual pertence a microrregião de Itabira.
A preocupação das autoridades em saúde, e a população da mesma forma precisa ficar atenta, é também com a disseminação pelo país das 18 novas variantes do vírus que vem do Amazonas – e que a ciência ainda não sabe se serão sucumbidas ou não com as vacinas já aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para imunizar a população, que segue ainda em ritmo lento por todo o país.
Restrições
A Prefeitura informa que serão mantidas as barreiras sanitárias nas entradas da cidade e dos distritos, cujos acessos somente serão liberados para quem tem local certo para ficar durante o feriado prolongado, seja em pousadas como também em residências de parentes e amigos. Isso, com certeza, não constituirá barreira intransponível, já que as pessoas podem mentir.
Mas o prefeito assegura que haverá fiscalização e orientação nesses locais para impedir que ocorram aglomerações nos povoados, rios e cachoeiras. É o que tem ocorrido com frequência, por exemplo, no povoado Serra dos Alves e na cachoeira Boa Vista, ambos no distrito de Senhora do Carmo. Ipoema também tem registros de aglomerações com pessoas sem máscaras.
Continua proibido armar acampamentos no feriado carnavalesco. Mas para que a proibição seja cumprida, será preciso muita fiscalização. Isso porque a previsão do Clima Tempo é de muito calor durante o dia.
Com o sol quente, a temperatura deve variar entre 28º e 30º na região de Itabira, sem chuvas no sábado e domingo – e pancadas à tarde na segunda e na terça-feira que não será “gorda” neste carnaval.
Impedir que ocorram aglomerações é, portanto, imprescindível para proteger a saúde de cada um e da coletividade, uma vez que o vírus permanece resiliente e mutável. E está ainda distante o dia de se ter uma imunização coletiva, o que somente será obtida quando a maioria da população estiver vacinada.
Segundo o “vacinômetro” da Secretaria de Saúde de Itabira, até então a primeira dose da vacina somente foi aplicada em pouco mais de 2,6 mil pessoas, mesmo assim apenas em profissionais de saúde, moradores de instituições de longa permanência e residências para jovens com comorbidades. Os idosos ainda não começaram a ser imunizados em Itabira.
Indicadores
O que levou a microrregião de Itabira para a onda verde é a baixa taxa de ocupação de leitos UTI (32%) e de enfermaria (20%), exclusivos para tratamento de pacientes com covid pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nos dois hospitais.
Isso não sinaliza uma baixa letalidade da doença em Itabira, que já causou 64 óbitos no município. Se deve ao fato de a Prefeitura ter investido na abertura de novos leitos. São 25 para tratamento nas UTIs, sendo que oito estão ocupados. E 55 leitos nas enfermarias, com 11 pacientes internados.
Outros indicadores favoráveis à mudança para a onda verde são as taxas de transmissão (RT) do vírus que permanece abaixo de 1.0 – e também de isolamento social, que permanece abaixo de 40%, quando o ideal seria ficar acima de 50%.
E mesmo com indicadores considerados favoráveis à temerária flexibilização, continua ascendente o número de pessoas infectadas pelo vírus em Itabira.
Pelo último boletim epidemiológico, já são 8.130 casos confirmados, com 325 pacientes em isolamento domiciliar. Confira mais dados no site Itabira no Monitoramento da Covid-19.
Isso sem contar os casos de pessoas assintomáticas, que podem circular livremente e levar o vírus para casa, aos locais de trabalho e de lazer.
Conforme se observou nas festas de fim de ano, as aglomerações podem acarretar novas contaminações generalizadas, com o consequente agravamento da pandemia e riscos para o sistema municipal de saúde, que é regional.
Todos esses indicadores serão reavaliados na próxima quinta-feira, após o feriado prolongado de carnaval. É importante ressaltar que a macrorregião Central, a qual pertence a microrregião de Itabira, encontra-se na onda vermelha.
Daí que todo cuidado é pouco para não haver retrocesso. Se a festa momesca está proibida publicamente, certamente vai acontecer em ambientes privados, que fogem da fiscalização, que, infelizmente, não deve ser tão atenta e rigorosa como a situação exige.
Medidas restritivas permanecem, mas outras são temerariamente flexibilizadas pela onda verde
Dentre as medidas que não mudam com onda verde está a limitação de dez passageiros em pé no transporte coletivo. Antes estava proibido o transporte de passageiros em pé, mas dada a precariedade do serviço em Itabira, mesmo tendo uma das tarifas mais caras da região, com número limitado de veículos para atender aos trabalhadores em trânsito, foi feita essa permissividade.
Bares e restaurantes permanecem com horários de funcionamento até 23h30, sendo que antes era até 22h. Há ainda uma tolerância de meia hora para os fregueses tomarem a “saideira” e fecharem as contas, o que prolonga o funcionamento desses estabelecimentos.
O distanciamento entre as mesas permanece de 1,5 metro. E continua proibido servir quem está em pé, uma medida que tem sido pouco observada, principalmente nos bares.
Mas o que mais preocupa é a permissão pela onda verde para que ocorram eventos particulares com até 250 pessoas. No caso de Itabira, manteve-se a limitação de até 100 pessoas. Essa liberalidade certamente será estímulo para a realização de eventos momesco particulares, mesmo com a proibição de festas carnavalescas.
Para esses eventos particulares, o horário fica restrito ao mesmo de bares e restaurantes. E não podem ocorrer por mais de quatro horas, respeitando a metragem de 4 metros quadrados por pessoa.
Sem fiscalização ampla, geral e irrestrita, o mais provável é que essas restrições não serão respeitadas. E as aglomerações serão inevitáveis e generalizadas em todo o município.
Outras liberalidades
Serviços essenciais podem funcionar sem restrição de horários, mas o comércio de rua em Itabira não deve abrir durante o feriado, por força de acordo entre a CDL e o sindicato dos comerciários.
Os que preferirem rezar e orar no carnaval, sem se sucumbir aos prazeres mundanos, terão de obedecer ao limite de uma pessoa a cada 4 metros quadrados de área nos templos religiosos.
Para os hotéis e pousadas, que estavam limitados a 75% da capacidade, o novo decreto deve liberar a ocupação total enquanto perdurar a onda verde do Minas Consciente. Trata-se de outra liberação que não deveria ocorrer com a nova onda da pandemia, com as novas cepas ainda mais desconhecidas que a que vem assustando o mundo desde 2019.
Na educação, permanece o critério para o retorno de aulas presenciais, ou mistas, só após a imunização dos professores e demais profissionais da rede municipal de ensino, de acordo com o Plano Nacional de Imunização (PNI).
“Protocolos já estão sendo consolidados pela Secretaria Municipal de Educação e levam em consideração a estrutura física, os cuidados sanitários e o planejamento das aulas junto a professores e diretores”, diz a nota distribuída pela Prefeitura. É preciso ouvir também os pais e o sindicato das categorias envolvidas.