Com a eliminação de parte do esgoto clandestino, poço da Água Santa já está despoluído, mas o córrego ainda não
Carlos Cruz
Enfim, a Prefeitura de Itabira, por meio do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), já está por concluir o saneamento, com eliminação de esgotos clandestinos, que poluíam o córrego e o lendário poço da Água Santa, de água termal, com qualidades exaltadas em inúmeras crônicas de visitantes ilustres e em versos do poeta Carlos Drummond de Andrade:
“A tarde não cai na Água Santa. Ela pousa na sombra da gameleira, fica vendo meninos se banharem.”
Segundo informa a autarquia encarregada de zelar pelo saneamento básico e pelo suprimento de água potável no município, após quase um ano da instituição de um Grupo Especial de Trabalho (GET), em 13 de janeiro do ano passado, para investigar e eliminar todos os esgotos clandestinos lançados nessas “águas de fontes entrançadas, uma aquece, outra esfria”, o saneamento do local já se encontra praticamente concluído.
O poço com a água termal já está limpo, sem poluição, a não ser de uma escultura de uma santa, instalada pela administração passada sem autorização do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Arquitetônico de Itabira (Comphai), e sem a benção da igreja Católica, em um espaço laico – e que precisa ser retirada e levada para outro local.
Esgoto clandestino
Pelo córrego ainda escorre esgoto, como se constata visualmente. E pelo mau-cheiro no local, embora toda a extensão do córrego que passa pelo parque municipal esteja limpa. Isso depois que foram retirados os entulhos e outros resíduos lançados em seu bucólico leito.
O Saae reconhece que a despoluição do local, com o serviço de caça esgoto clandestino, não terminou. “Ainda temos muito trabalho até chegar ao nosso objetivo final, que é combater a poluição ambiental do local”, afirma a presidente da autarquia, Karina Rocha Lobo.
Para isso o serviço de caça esgoto clandestino vai continuar, por meio de equipamento específico para esse fim e agentes treinados para o trabalho em espaço confinado, como são as galerias de água pluvial (das chuvas), que escorrem para o córrego, para onde esse efluentes são indevidamente lançados.
No trabalho de saneamento do local, equipes do Saae percorreram tubulações que saem dos bairros Pará, Chacrinha e Moinho Velho e chegam ao Parque Municipal da Água Santa.
Já foram identificadas ligações de 20 imóveis com lançamento irregular de esgotos residencial nessas galerias, que foram solucionadas após notificação dos proprietários.
Além dessa situação irregular, foi detectada uma rede de esgoto com descarte no córrego, que também foi eliminada.
Com essas medidas de saneamento, até dezembro, diariamente, cerca de 7,5 mil litros de esgoto, equivalentes a quatro piscinas olímpicas, deixaram de poluir o córrego e o poço da Água Santa, contabiliza o Saae.
Bucolismo
Com a despoluição, espera-se que o Parque Municipal da Água Santa, inaugurado em 15 de dezembro de 2000, e que deve passar por revitalização, volte a ser frequentado pela população e turistas, tendo no poço de água termal o seu principal atrativo ambiental, histórico e poético.
Que se transforme no que preconizou José Baptista Martins da Costa Filho (1988-1951), o Baptistinha, na crônica Ilustre Redação, publicada no Jornal de Itabira, em 8 de maio de 1932, sob o pseudônimo de JARTO.
“No final da rua Água Santa e o poço ficaria o parque, com vistoso gramado, belas árvores, lagos, flores, coreto para a Banda Euterpe.”
Que o sonho de Baptistinha, que idealizou o parque, se torne realidade, virando efetivamente ponto turístico e de encontro dos itabiranos, com promoção de eventos culturais e retretas da banda Euterpe – como também da Santa Cecília e palco para apresentação de tantos outros artistas de Itabira e de outras cidades.
E que retirem a imagem da santa do poço e a levem para outro local, pois ali não é o seu lugar.
Leia a crônica de Baptistinha aqui:
O Poço da Água Santa nada santo. E assim falou Baptistinha
Sobre a instalação da imagem da santa, recorde aqui:
Imagem de Nossa Senhora do Rosário aparece misteriosamente no Poço da Água Santa
E também aqui:
O que se pensa que é? A santa permanece no poço não tão santo
E sobre o início da despoluição, leia mais aqui:
Prefeitura cria grupo para saber quem anda poluindo o poço d’Água Santa. Não precisa. O Saae sabe
E tal estátua de uma santa não sagrada infiltrada no lugar? Quem vai retirar o vandalismo? Dadá Lacerda está falecida, os delinquentes ninguém sabe…
Prefeito, pelamordedeus, retire aquela vergonha do lugar…
Quero acreditar na limpeza do córrego.
E essa santa daí que nada tem a ver com o parque, não se retira nunca?
O Parque chama-se “Água Santa” devido à sua água ter sido usada no passado como medicinal, era uma santa água morna que escorre da pequena gruta…
Que bom saber! Esse trabalho de saneamento é muito importante. Esperamos vê-lo concluído. Quanto a santa, é retirar a imagem e pronto.