Coleta de lixo retorna, mas greve continua com novas adesões

Mesmo acatando decisão liminar do juiz Ricardo Antonio Mohallem, do Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais (TRT-MG), determinando a volta ao trabalho de 70% dos motoristas e coletores de lixo da Itaurb a partir de amanhã, a greve do funcionalismo municipal continua. É que o executivo municipal não irá atender as reivindicações econômicas da categoria.

O não cumprimento da decisão, diz a liminar, implica no pagamento de multa diária de R$ 10 mil pelo Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos Municipais de Itabira (Sintsepmi). Caracteriza-se, ainda, em desobediência à Justiça, sujeitando-se os dirigentes sindicais em eventual responsabilidade penal. Em sua decisão, o juiz considera que a coleta do lixo é imprescindível e que a greve pode acarretar riscos à saúde da população e danos ao meio ambiente.

O vereador Noronha tenta convencer grevistas da Itaurb a retornar ao trabalho. Priscila (à direita) disse que a greve continua (fotos: Carlos Cruz)

A liminar saiu ontem, mas só chegou hoje à tarde no sindicato. “A coleta do lixo retorna amanhã cedo. O difícil está sendo definir quem permanece parado e quem volta ao trabalho. A maioria quer permanecer em greve”, conta Priscila Miranda Costa, presidente do Sintsepmi, após se reunir com os grevistas na garagem da Itaurb, no bairro Areão. E acrescenta: “A greve está crescendo com adesão de funcionários da Transita, das áreas de saúde, educação, do pessoal do Sine, Minas Fácil e do Centro de Especialidades Odontológicas.”

Pauta

O sindicato reivindica 24,44% de reajuste salarial. “É o mínimo necessário para repor as perdas salariais dos últimos anos, sem que represente um centavo de ganho real”, explica a sindicalista, que já não conta com esse reajuste. A prefeitura também não irá atender- a reivindicação de aumenta o cartão de alimentação para R$ 400, pouco mais dos R$ 370 que recebe o servidor terceirizado. Só aceitou passar de R$ 192 para R$ R$ 218, um aumento de R$ 26 mensais. “Não dá nem para comer um pastel a mais por dia”, ironiza uma servidora grevista.

Além disso, a Prefeitura irá pagar progressão de 5% nos salários a cada três anos, anunciada como benefício, mas que o sindicato refuta, por ser direito previsto no estatuto do servidor. “Diante da situação que vivemos, não temos como oferecer mais do que isso sem causar impacto financeiro”, justifica Ilton Araújo Magalhães, secretário municipal de Governo.

Caminhões parados na garagem do bairro Areão

“Como foi então que o prefeito recorreu da decisão da justiça de anular o reajuste dos salários da vice-prefeita e dos secretários?”, questiona a servidora Karina Moura, auxiliar de serviço bucal, que também aderiu à greve e esteve presente na reunião da Itaurb.

Na mesma reunião, o vereador Heraldo Noronha Rodrigues (PTB) tentou convencer os grevistas a voltar ao trabalho. “O prefeito não tem como reajustar os salários agora. Se tivesse, com certeza ele daria o aumento. A greve é o mesmo que querer tirar suco de laranja que não tem caldo”, disse ele à reportagem. Perguntado como então explicar a decisão do prefeito ao recorrer da decisão judicial, esquivou-se. “Não sei explicar isso.”

Privatização

Lixo está acumulado por toda a cidade

Assim como quer privatizar o serviço futuro de captação e tratamento da água do rio Tanque para abastecer a cidade, o prefeito Ronaldo Magalhães, em uma clara resposta à greve, comunicou ontem à tarde, que estuda terceirizar a coleta de lixo.

“Na manhã desta terça-feira (16), o prefeito Ronaldo Lage Magalhães nomeou uma comissão especial para estudar a viabilidade de terceirização dos serviços de coleta de lixo e operacionalização do aterro sanitário. A comissão é formada por servidoras efetivas do Município e funcionário da Empresa de Desenvolvimento de Itabira Ltda (Itaurb). De acordo com integrantes da comissão, o objetivo é otimizar o serviço de coleta de lixo na cidade. A Portaria Municipal referente à comissão deverá ser publicada no diário oficial do Município nesta quarta-feira (17).”

Terceirização nada mais é que um eufemismo para privatização. É a onda neoliberalizante chegando com força a Itabira. E como antecipação, informa a assessoria de imprensa do prefeito, cinco caminhões terceirizados já coletam lixo nesta quarta-feira, inicialmente nas áreas dos hospitais e do presídio.

 

 

 

 

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3 Comentários

  1. A decisão desse juiz é individualista : quer a cidade recebendo o bom serviço da coleta de lixo , sem levar em conta as condições dos trabalhadores ? e é liberal: quer a cidade limpa , sem perturbações sanitárias ou ambientais. Como a VALE pode jogar tanto pó de ferro na população, drenar a maior parte da água para a mineração e alojar rejeito de minério em seus terrenos quase abandonados ?
    Quem conhece o Pontal sabe que lá virou depósito de lixo, ponto de roubo e o fogo anual , que gera a erosão no terreno e se espalha para os produtores rurais da vizinhança.É área da VALE.
    Ah esses liberais, pequenos burgueses… tão sérios….

  2. O governo da sujeira, in lato sensu.
    Vivemos em um país tragicômico, sendo que a cada momento nos chega notícias, algumas absurdas, de Brasília, Belo Horizonte ou aqui mesmo no mato dentro de Itabira.
    Toda esta sujeira iniciou-se com a pretensão da reeleição lançada em 1998 pelo Fernando “Falastrão” Cardoso e de lá para cá nunca mais o Brasil foi o mesmo.
    No ano passado uma maioria de eleitores elegeu um prefeito cassado ainda em 2008 por pura compra de votos quando pediu a miseráveis o voto por óculos pagos com dinheiro público ao também cassado João Izael Querino Coelho.
    Ronaldo Magalhães iniciou o segundo mandato tumultuado por questão de aumento de salário de somente dos secretários (alguns antigos vereadores que votaram esse aumento para os receber já como secretários). Logo em seguida foi novamente cassado por abuso de poder na campanha passada e vai mantendo esse governo já capenga por conta de recurso na justiça.
    Passado poucos dias e toma essa greve que vai se alastrando na função pública exatamente por declarar que não haverá aumento de salários aos funcionários públicos.
    A cidade, que segue mal cuidada, agora transformou-se em um lixão a céu aberto por mera incapacidade administrativa e falta de diálogo com os funcionários públicos municipais.
    Diz o cassado prefeito que o Município não tem dinheiro, mas aumenta o próprio salário e dos apaniguados. Além de inchar a administração municipal, aumentando sobremaneira a folha de pagamento, com pessoas que trabalharam em sua campanha eleitoral ou por cooptação de alguns que eram da oposição.
    Em relação a água, aquela para poder lavar as calçadas da sujeira de minério, primeiramente o “nosso” prefeito deveria cobrar da mineradora que bebeu quase toda a água.
    Um total abuso de tudo por conta da manutenção do poder, deixando a sujeira pelas ruas e também com uma gestão emporcalhada por vícios corriqueiros.

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