Clube da Esquina, de 1972, foi eleito o melhor álbum da música brasileira
Imagem: Reprodução
A votação aconteceu nesta semana, definindo os melhores discos da música brasileira
Daniel Cruz*
Realizado pelo podcast Discoteca Básica contou com a opinião de 162 jornalistas, músicos, influencers e produtores que elencaram seus álbuns favoritos da música brasileira.
O projeto será publicado no livro “Os 500 maiores álbuns brasileiros de todos os tempos” que está pedindo doações de financiamento coletivo no Catarse.
A lista final que elegeu os 10 melhores álbuns foi publicada e você pode conferir abaixo:
1. Clube da Esquina (1972) – Milton Nascimento e Lô Borges
2. Acabou Chorare (1972) – Novos Baianos
3. Chega de Saudade (1959) – João Gilberto
4. Secos & Molhados (1973) – Secos & Molhados
5. Construção (1971) – Chico Buarque
6. A Tábua de Esmeralda (1974) – Jorge Ben Jor
7. Tropicália ou Panis et Circencis (1968) – Vários artistas
8. Transa (1972) – Caetano Veloso
9. Sobrevivendo no Inferno (1997) – Racionais MC’s
10. Elis & Tom (1974) – Elis Regina e Tom Jobim
Destaques e opinião sobre a votação
Normalmente eu amo ler essas votações porque por mais injustas sempre posso absorver algo.
Uma das observações que faço é que oito dos 10 primeiros discos foram lançados entre 68 e 74, o que me leva a crer que os ouvidos não possuem idade ou gosto musical muito distinto e que o movimento do tropicalismo nacional impactou muito o que vemos hoje como A GRANDE MÚSICA BRASILEIRA.
Mas, e o samba? Temos um pouquinho de bossa nova com os populares Tom Jobim e João Gilberto, bem como um samba mais moderno de Chico Buarque ou Jorge Ben (ele começou como sambista por mais estranho que isso seja), mas nada daquele samba antigo de Cartola.
Tudo bem que as gravações antigas são deficitárias, mas temos que olhar a época e reconsiderar. É como se quisessemos falar de grandes craques do futebol brasileiro sem mencionar Leônidas porque ele é muito antigo. Não podemos esquecer do passado, nunca.
Uma grata surpresa! Racionais integrando a lista foi a grande surpresa. Acho merecidíssimo e fico muito feliz que ali esteja, por muito tempo o Rap brasileiro foi extremamente mal visto, mas pelo visto as coisas mudarem. Justamente por isso vem a surpresa. Sempre espero que votantes sejam chatos e não olhem para movimentos diferentes. Pelo visto as coisas mudam.
Cadê o Rock nacional? Vivemos em um país extremamente frutífero na cena rock. Tivemos as letras de Renato Russo, o combo da guitarra de Frejat com a poesia de Cazuza, álbuns clássicos de Engenheiros, a jovem guarda, e principalmente o grandioso Roots do Sepultura. Senti falta.
Minas Gerais foi a campeã! Justo no ano dos seus 50 anos, o impecável Clube da Esquina pode celebrar o aniversário com este troféu. Justíssimo.
*Daniel Cruz Fonseca é advogado, mestre em Direito nas relações econômicas e sociais, e poeta, autor dos livros “Nuvens Reais” e “Alma Riscada”.