Carta aberta à minha família: porque apoio Lula para presidente do Brasil

Foto: Ricardo Stuckert

Por Alessandra Motta*

Boa tarde, família! Espero que estejam todos bem.

Já que todos estão se manifestando no grupo sobre o cenário político que estamos vivendo e, principalmente manifestando sobre a escolha política de vocês, resolvi escrever esse texto para explicar o motivo pelo qual tomei a decisão em votar no Lula.

Prefiro assim, pois já me conhecem e não terão dúvidas da procedência e veracidade da minha opinião. Os mais íntimos sabem que sou de poucas palavras, mas tenho paixão pela escrita.

Em que pesem sérias discordâncias a respeito de políticas implementadas no passado por governos do PT, reconheço no ex-presidente Lula a única liderança capaz de derrotar o atraso maior representado pelo atual governo. Viabilizar a sua vitória me parece a resposta mais contundente, segura e efetiva de proteção à democracia no Brasil, aumentando assim o compromisso do futuro governo com políticas que unifiquem o país e não o dividem, disseminando o ódio como está ocorrendo neste governo.

O atual governo promoveu o desmonte do aparato de fiscalização de crimes ambientais; adotou uma política de saúde calamitosa, gerindo mal a pandemia de covid-19 e demonstrando total falta de empatia com as pessoas que sofriam com a morte de entes queridos pela doença.

Não fez qualquer avanço na política educacional; e adotou uma política de segurança pública pautada por estimular a resolução de conflitos de forma individual e violenta, facilitando o acesso da população a armas de fogo e munições.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil voltou ao Mapa da Fome. O percentual de brasileiros que não têm certeza de quando vão fazer a próxima refeição está acima da média mundial.

Na área econômica, Bolsonaro desmontou o orçamento federal e criou o “orçamento secreto”, gastos direcionados a grupos de eleitores e interesses específicos meses antes da eleição – uma afronta às instituições eleitorais. Houve um desmonte da capacidade institucional de combate à corrupção, e várias denúncias envolvendo o atual governo, o próprio presidente e seus familiares.

O atual presidente fez e continua fazendo reiteradas ameaças à democracia, agredindo o judiciário, afirmando que não respeitará os resultados da eleição e fomentando um clima de profunda instabilidade e o risco real de ruptura institucional.

Além do mais vivemos um estado laico, que deve ser compreendido como “aquele que permite, respeita, protege e trata de forma igual todas as religiões, fés e compreensões filosóficas da vida, inclusive a não religião, ou seja, o ateísmo”. (Wikipédia).

Como todos aqui são cristãos, venho também aqui reafirmar a minha fé cristã, uma vez que fui confrontada algumas vezes sobre a minha fé, sendo esta questionada.

Acredito que cada um tem a sua forma de exercer a sua fé, e venho fazer isso com todo respeito para que não aconteça com a nossa família/com esse grupo, divisões como vem ocorrendo em todo país.

Contudo, acredito no Estado laico, respeito as diferenças e defendo a igualdade entre os povos. Sou a favor de todos e não de um único grupo como vem sendo deliberadamente defendido pelo grupo do Bolsonaro, colocando aqueles que os seguem dentro de uma bolha e separando-os do restante do país.

São extremistas ao defenderem religiosos cristãos e usando o nome de Deus em vão, atacando os LGBTQIA+, promovendo o ódio e atacando àqueles que escolheram outra fé ou modo de viver que não condiz com o seu discurso ético-moral.

O discurso de ódio do atual presidente vai além quando ele exalta o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reformado do Exército Brasileiro, condenado em segunda instância por tortura e outros crimes durante a ditadura militar.

Vai além quando ele faz saudações nazistas em um dos seus encontros com o seu grupo secreto. Repudio todas essas manifestações. Isso para mim é inadmissível!

Lembro a todos a vida de Jesus. Ele foi perseguido e condenado por fariseus hipócritas que o condenou por ele defender as diferenças e os menos favorecidos. Ele não fez acepção de pessoas, não julgou, simplesmente Ele amou. A sua morte foi para salvar à nós pecadores.

Mesmo tendo conhecimento do passado de corrupção do PT, ainda assim, prefiro conviver com esse contexto a viver assombrada por um discurso de ódio e de um presidente que exalta a ditadura.

Para quem acha que a ditadura só existiu para poucos, sugiro que pesquise sobre esse passado histórico.

Família, peço com respeito, não façamos como os fariseus. Vamos respeitar as diferenças e amar o próximo sobretudo. Não divulguem, não compartilhem fakes, façamos nossas escolhas respeitando a escolha do próximo.

Com amor, Alessandra.

*Alessandra Motta é assistente social