Capitalismo e o mito da grande importância para o trabalhador
Veladimir Romano*
Os fantasmas de sempre continuam vivendo no ciclo das alienações com manias consumistas, condicionamento mental, agora com novos formatos onde a moderna referência digital nos inspira, nos fazendo imaginar muito inteligentes sem compreender se corremos ao engano.
Outras formas ocultam modelos de exploração já confirmados na velha luta do sistema capitalista com sua tendência alocada. E que ilude ou mantém escalas onde se vão repetindo verdadeiras especialidades pela metagnomia, seja [falsamente] o tratado reparador. E assim, descobre-se como o capitalismo nunca foi honesto nem distinto.
É assim que bem patente anda a desumanização social e a escravidão operária, que caminham inseparáveis. Com uma degradante ideologia conservadora, o capitalismo desvirtua o trabalho e trabalhadores, mesmo que encoberto em uma fachada liberal totalmente selvagem, impudente, desgovernada, quando nem a defesa jurídica consegue controlar tanto desmando.
O pior exemplo vem das companhias marítimas europeias, de certo modo, mundiais, transferindo seus pavilhões a pequenos estados como Malta, Chipre, Luxemburgo, Moldávia, Gibraltar, São Marino, Andorra, Monte Carlo, ilhas Faroé [origem escandinava] com 60 mil pessoas vivendo em pouco mais de mil quilômetros quadrados.
São localidades com autonomia política. Contudo, servem a interesses encobertos como na ilha de Man, com 85 mil habitantes para 600 quilômetros quadrados ou Jersey de 100 mil almas para 116 quilômetros quadrados [territórios britânicos], Madeira [portuguesa] com 300 mil pessoas para 800 quilômetros quadrados, ou na espanhola ilhas Canárias com mais de 2 milhões para 7,5 quilômetros quadrados. Essas localidades emprestam suas bandeiras para protegerem práticas indignas, ilegítimas, algumas mesmo dementes, contra os trabalhadores.
Não existindo mais jornadas comemorativas, resta o “Dia do Trabalhador”, que deveria ser celebrado todos os dias. Quantas histórias vão se acumulando em torno da trajetória dorida, castigada e sofrida por milhões de seres, das mais valias da exploração econômica nos (de)efeitos desta produção laboral?
A quem protege ou tira proveito o desenvolvimento? Pois, sim, única e exclusivamente ao capitalismo e ao mito de sua grande importância criadora. Entretanto, o que se vê são desvios duma pertença filosofia pensadora, evolucionista sobre bem-estar, segurança, civismo e atilamento insuportável de realização.
No processo baseado em capital permanente, ao sistema, nada será mais relevante do que valores cambiais, ações, juros, especulação e privatizações. E quando se consegue criar maior faturação, o que se observa é o carregar o/a trabalhador/a de fantasias, doces enganos, histórias falsificadas.
O polvo devorador da própria economia organiza cartéis, descamba eficiência aos fins sociais, padroniza concorrências, medeiam sempre calculismos refletindo inflações como fatores negociantes, serviços onerosos, favorecimentos onde se aguardam desejos, preconceitos perante compensações sem ética: o capitalismo se argumenta como seu único contrapeso esquecendo que trabalho é igualmente feito de ação e labor de ordem política.
Relançando considerações, o prático continua passando pela manutenção da autoridade doutrinária confluindo orientações conservadoras. Isso por muito que se apliquem acordos moralistas, algum sentido filosófico, não passa de utilitarismo, a fonte fanática do ser, dominando seres com inteligência e suas qualidades laborais. Deste modo, simpatizar com qualquer ponto nobre do capitalismo, significa organizar obstáculos.
Jeremias Bentham (1748-1832), economista inglês com preocupações sobre vida pública, já no século 19, na última fase da sua existência física, desenvolveu acentuados estudos do efeito psicológico aplicado pelo sistema capitalista em soberania materialista.
Tendo sido ele um profundo crítico observador, logo afirmou que se estava construindo uma «tirania poderosa capaz de oprimir ignorantes e fracos». A este propósito, anos mais tarde, outros foram promovendo novas teorias até que chegou o 1º de Maio, marcando anos das nossas vidas, ressignificando a luta dos trabalhadores, que deve ser todos os dias para que se rompa com a opressão, libertando-os de seus grilhões.
*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano
O que fazer, caro Romano?
E o Brasil? Aqui tudo vai mal, a esquerda é “progressista” e todos são muito “honrados”.
Em Itabira, a população, digamos, no chute, é 90% amante das mineradoras que destroem tudo.
Penso, por percepção, não por reflexão, que dias piores virão. Os eua estão com as garras em nós e o povo adora dizer: Yes, Mr. Brown…
Os trabalhadores de Itabira são profundamente submissos, o capitalismo industrializou as mentes de todos, eles acreditam que a vale s/a, lhe proporciona a vida boa, eles não sabem… eles não sabem e como dói….
Abraço Romano, que é o melhor colunista deste sítio
O povo português libertou-se do autoritarismo com o advento do 25 de Abril de 1974, vivem em democracia plena hoje.
Há uma lei laboral que respeita primeiramente o direito dos trabalhadores.
Os ventos do Abril português chegaram em 1979 com a lei meia-boca da anistia de 1979, porém, os brasileiros ainda não suspiram os ares da democracia a pleno e muito menos os trabalhadores têm seus direitos garantidos, sem contar os inúmeros casos de escravidão que ainda ocorre nessa terra brasilis.