Brasil tem maioria afrodescendente, mas o racismo estrutural continua vigente com ataques cada vez mais graves
Rafael Jasovich*
Pela primeira vez nas eleições gerais, as candidaturas de pessoas pretas e pardas superaram as de brancos, desde que esse dado começou a ser informado, em 2014. Até o momento, elas somam 49,57%, ante 48,86% de brancos.
Há ainda 175 indígenas, ou 0,62% do total, 112 amarelos (0,4%), 150 não informaram (0,53%) e sete declararam “não divulgável” (0,02%).
Os candidatos pretos e pardos já haviam superado os brancos nas eleições municipais de 2020, quando representaram 49,57% do total, ante 48,04% de brancos. Nas chamadas eleições gerais, é a primeira vez.
Em números absolutos, houve crescimento entre os pretos postulantes a cargo eletivo: subiu de 3.160 para 3.937, uma diferença de 24,%. Já entre os pardos, houve uma redução de 2,86%, caindo de 10.382 para 10.085 de 2018 para cá.
A maior parte dos candidatos pardos, 6.092 (60,41%) vai disputar uma vaga de deputado estadual; outros 3.453 pleiteiam uma cadeira na Câmara dos Deputados. Há ainda 60 candidatos a governador, 50 a vice-governador e 51 a senador que se declararam pardos.
Entre os pretos o cenário se repete com 2.280 candidatos a deputado estadual e 1.421 a deputado federal.
O primeiro ano para o qual a estatística sobre raça e cor dos candidatos está disponível no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é 2014. Nesse ano, as 14.377 candidaturas brancas representavam 54,96% do total. Pretos e pardos, somados, representavam 44,26%.
O resultado da eleição de 2022 pode trazer uma novidade importante se os negros e pardos aumentarem sua representação nos cargos eletivos. A conferir depois de 2 de outubro.
*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, ativista da Anistia Internacional.