Bolsonaro mente em Dubai

Foto: Alan Santos/Presidência da República

Rafael Jasovich*

Jair Bolsonaro (sem partido), presidente, bem que tentou. Em Dubai, nos Emirados Árabe, o mandatário disse que a Amazônia ‘não pega fogo’ e que está intocada desde 1500.

Disse isso contrariando todos os dados sobre desmatamento e queimadas reunidos pelo governo e conhecidos do mundo todo.

E a fala foi dirigida a investidores, quando o presidente reclamou que as críticas que recebia eram injustas.

O discurso de que a Amazônia não pega fogo veio acompanhada da explicação de que floresta úmida não arde. Se fosse verdade seria ótimo, mas é mentira das grandes.

O argumento da floresta úmida não pega fogo já é conhecido. Não é a primeira vez que o mandatário o usa. Mas, mesmo úmida, com a ação do homem e dos desmates que perpetra contra a floresta, nada fica em pé. Nem as teses.

Em agosto último foram registrados 28.060 focos de incêndio na floresta Amazônica, segundo dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Foi o terceiro maior índice desde 2010 para o mês de agosto, sendo superado pelas marcas obtidas em 2019 e 2020. Isto é, todas dentro do governo Bolsonaro.

Já o mês de junho conseguiu a marca de maior registro de focos de incêndio para o mês em 14 anos.

A jactância do presidente continuou com ele dizendo que o turismo lá seria um paraíso aqui na Terra e, é claro, disse ainda que a Amazônia é um patrimônio, é brasileira.

E reclamou que os ataques, ou críticas, que recebe sobre a Amazônia não são justas, pois que 90% da área está preservada.

“Está exatamente igual quando foi descoberto no ano de 1500”, ousou dizer. Incrível até que ponto mente o capitão, mas de nada serve, pois o mundo já sabe o que acontece no Brasil.

Então partiu para o elogio ao agronegócio, que alimenta mais de 1 bilhão de pessoas pelo mundo. E cravou que o Brasil está de portas abertas para quem quer fazer negócios voltados para a agricultura.

Enfim, trata-se de uma viagem inútil só para fazer turismo com dinheiro público, com comitiva enorme e todos passeando já que outra coisa não tinha para fazer.

Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional.

 

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