Bolsonaro erra feio ao listar 23 de seus crimes na pandemia e facilita o trabalho da CPI
Rafael Jasovich*
Réu confesso, o governo Bolsonaro deixou vazar uma planilha com as principais acusações feitas a seu governo no combate à pandemia.
A finalidade seria preparar sua defesa, ou, em bolsonarês, mentir, mentir, mentir, dizendo, por exemplo, que o presidente sempre defendeu a vacinação, o uso de máscaras etc, como ele faz quando joga para sua platéia.
Analisada com cuidado, a planilha traça uma rota de crimes, todos de fácil comprovação e difícil defesa.
Fato é que, em meio ao pico da segunda onda da pandemia, com o país chegando aos 400 mil mortos e rumando para os 500 mil, o governo vai parar seus trabalhos e focar na defesa do indefensável: a gestão da pandemia pelo governo criminoso e réu confesso.
Porque não há defesa para um governo que produz não apenas a planilha mas provas de seus crimes diariamente, com o presidente saindo às ruas sem máscara, provocando aglomerações e ameaçando usar o Exército contra governadores e prefeitos que tentam proteger a população do vírus.
Bolsonaro é o principal aliado do coronavírus e enquanto continuar presidente o Brasil vai seguir à mercê das ondas da pandemia.
Estamos na segunda e a terceira já se anuncia para junho, quando um especialista dos Estados Unidos calculou que o Brasil deve atingir os mais de 600 mil mortos, rumando para o milhão até o final do ano.
Felizmente, se a CPI da Covid, também chamada de CPI do Genocídio, fizer seu trabalho, Bolsonaro não se sustenta no governo.
E ele parece querer isso, desafiando a Ciência e o país com sua ignorância e crueldade.
Eis a lista de crimes do governo.
1 – O governo foi negligente com o processo de aquisição e desacreditou a eficácia da CoronaVac (que atualmente se encontra no Plano Nacional de Imunização);
2 – O governo minimizou a gravidade da pandemia (negacionismo);
3 – O governo não incentivou a adoção de medidas restritivas;
4 – O governo promoveu tratamento precoce sem evidências científicas comprovadas;
5 – O governo retardou e negligenciou o enfretamento à crise no Amazonas;
6 – O governo não promoveu campanhas de prevenção à Covid;
7 – O governo não coordenou o enfrentamento à pandemia em âmbito nacional;
8 – O governo entregou a gestão do Ministério da Saúde, durante a crise, a gestores não especializados (militarização do Ministério);
9 – O governo demorou a pagar o auxílio-emergencial;
10 – Ineficácia do Pronampe;
11 – O governo politizou a pandemia;
12 – O governo falhou na implementação da testagem (deixou vencer os testes);
13 – Faltaram insumos diversos (kit intubação);
14 – Atraso no repasse de recursos para os Estados destinados à habilitação de leitos de UTI;
15 – Genocídio de indígenas;
16 – O governo atrasou a instalação do Comitê de Combate à Covid;
17 – O governo não foi transparente e nem elaborou um Plano de Comunicação de enfrentamento à Covid;
18 – O governo não cumpriu as auditorias do TCU durante a pandemia;
19 – O Brasil se tornou o epicentro da pandemia e “covidário” de novas cepas pela inação do Governo
20 – Os generais Eduardo Pazuello e Braga Netto, e diversos militares não apresentaram diretrizes estratégicas para o combate à Covid;
21 – O presidente Bolsonaro pressionou os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich para obrigá-los a defender o uso da hidroxicloroquina;
22 – O governo recusou 70 milhões de doses da vacina da Pfizer;
23 – O governo fabricou e disseminou fake news sobre a pandemia por intermédio de seu gabinete do ódio
Trata-se, portanto, de um réu confesso.
*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional