Bispo Pedro Casaldáliga, ícone da luta pelos direitos humanos no Brasil, é internado em estado gravíssimo
No destaque, Pedro Casaldáliga, bispo-emérito da diocese de São Félix do Araguaia (MT) Foto: Joan Guerrero
Religioso catalão de 92 anos está hospitalizado por problemas respiratórios. Enfrentou a ditadura militar em nome dos indígenas e dos camponeses sem-terra
Naquele ano ele deu à sua primeira carta pastoral o título de “Uma igreja da Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social”. O tom marcaria sua atuação nas décadas seguintes na região.
Tornou-se referência internacional na luta pelos direitos humanos na Amazônia e passou a ser conhecido como o bispo do povo. Já seus inimigos preferiram chamá-lo de bispo vermelho, por sua ligação com a esquerda política.
Casaldáliga sempre defendeu uma igreja com forte atuação social, tornando-se um dos ícones da Teologia da Libertação. Com seu estilo espartano, entrou em choque com a ditadura militar e também com o setor mais conservador da Igreja Católica.
Por ter se tornado um dos principais religiosos de oposição ao regime militar, foi perseguido e ameaçado de morte em várias ocasiões. Nunca mais retornou à sua terra natal por temer sair do Brasil e ser barrado pelos militares na volta. Aqui ele também foi um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e da Comissão Pastoral da Terra da Igreja Católica (CPT).
A construção de hortas, a elaboração de sucos e a melhora dos sistemas de saúde das pessoas mais vulneráveis são algumas das linhas de ação das associações que também difundem as causas e a mensagem de Casaldáliga, reunida em dezenas de publicações e obras audiovisuais.
“Pedro Casaldáliga completou 92 anos em fevereiro passado. Depois de mais de 50 anos vivendo na Amazônia brasileira, nunca mais voltou à sua Catalunha natal e ainda vive em São Félix do Araguaia. Agora, entretanto, ‘seu’ povo cuida dele”, diz seu site.