Bares e restaurantes podem reabrir em Itabira já neste domingo com os cuidados contra o perigo que se espalha em gotículas pelo ar
Por decisão do Comitê Extraordinário Covid-19, que dita as diretrizes do programa Minas Consciente, Itabira migra da onda roxa para a vermelha, mas o sinal continua fechado para a negligência com os protocolos protetivos e preventivos, individuais e coletivos.
A justificativa para a distensão lenta, gradual, e não se sabe se é segura, é pelo quadro geral da pandemia no município e na macrorregião de Belo Horizonte, à qual pertence a microrregião de Itabira.
Entre 16 e 24 de abril, a taxa média de transmissão (Rt) no município ficou em 0,78, oscilando entre 0,52 e 1,12, de acordo com dados do portal Itabira no combate à Covid-19.
Já a taxa de ocupação de leitos de UTIs caiu para 73,7% e de enfermaria para 54,2%, deixando-se para trás o colapso do sistema de saúde que por muitos dias prejudicou o atendimento adequado de pacientes graves.
Mas isso não ocorre porque vírus arrefeceu e, como que por milagre, tenha desacelerada a sua transmissão no município. A taxa de ocupação caiu com a abertura de novos leitos nos hospitais. Já o isolamento na cidade continua baixo, com índice de 40% quando o ideal é que permanecesse acima de 50%.
Flexibilização
A mudança de onda permite ao prefeito Marco Antônio Lage (PSB) flexibilizar muitas das medidas restritivas. Já a partir deste domingo (25), bares, restaurantes e similares podem ser reabertos com funcionamento de 9h às 22.
A ocupação máxima não pode ultrapassar 30%, com a obrigatoriedade de o estabelecimento manter o distanciamento de dois metros entre as mesas. Não será permitida entrar sem máscara. Mas depois ela pode ser retirada para se alimentar ou para beber, a menos que se beba com canudinho.
É assim que, mesmo com outras medidas, como a medição da temperatura corporal de todos frequentadores, proibição do autosserviço (self-service), o perigo mora em frente ou ao lado.
É quando se eleva o teor etílico, já com todo mundo sem máscara gesticulando feito um roda-vento, falando alto sem se importar com o distanciamento, sem uso do equipamento de proteção individual e coletiva, que o o vírus se espalha.
Basta que haja alguém assintomático contaminado para as gotículas em suspensão com o novo coronavírus (Sars-Cov-2) se espalharem pelo ar. Risco iminente, e muito provável, de contaminar quem está próximo – e que pode levar o vírus para casa.
Variante de Manaus
Geralmente, mas não necessariamente, a maioria dos presentes nos bares é gente jovem. Pois é justamente o público-alvo preferencial da nova variante que surgiu em janeiro em Manaus (AM) – e que se espalhou pelo Brasil, infectando pessoas por todo o mundo.
A variante P.1 tem sido mais contagiante e letal. Em todo o país, tem atingido mais os jovens, que se arriscam mais, pouco se importando com a pandemia.
A explicação para essa maior incidência entre os jovens, revertendo a tendência que se manteve até o final do ano passado, é simples. É que negligenciam as medidas protetivas, individuais e coletivas.
Isso enquanto os idosos ficam mais em casa e estão sendo vacinados, ainda que em ritmo lento e gradual – e até parando por falta de imunizantes.
Segundo levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, desde o início de março, essa variante mais contagiosa já está presente em mais de 80% dos pacientes da Grande São Paulo. E nessa mesma proporção está se espalhando por toda a parte.
Já ameaça países vizinhos, e até do outro lado do mundo, que fecham as fronteiras para os brasileiros. Por não haver controle sanitário em escala nacional, por negligência e irresponsabilidade do governo federal, os brasileiros estão virando párias no mundo.
Agravos
De acordo com estudos científicos ainda não conclusivos, aliás como quase todas as outras pesquisas em relação ao novo coronavírus, essa variante é mais contagiosa – e tem matado muito mais que as cepas anteriores em decorrência das mutações que facilitam a invasão de células humanas.
É o que tem agravado o quadro de saúde de jovens infectados, aumentando o número de óbitos. Como são pessoas saudáveis, sem comorbidades, os sintomas característicos da Covid-19 demoram a se manifestar. E quando aparecem, o quadro já pode ter se agravado.
“Não só o processo de internação é mais longo com a viremia (presença do vírus no sangue), como também o agravamento é muito repentino na P.1. Há relatos do atendimento na ponta de jovens que são internados e em 24 horas já precisam ser intubados. Esse vírus está se tornando cada vez mais perigoso”, alerta o secretário municipal de saúde de São Paulo, Edson Aparecido, em entrevista à BBC News Brasil.
Por isso, a recomendação tem sido, diferentemente do que ocorria no início da pandemia, quando os sintomas ainda eram mais leves, para que a pessoa infectada procure logo uma unidade de saúde, antes que o quadro se agrave ainda mais.
Não há tratamento precoce para a doença, mas há procedimentos que salvam vidas e evitam a internação – e ou reduz o tempo de permanência nas enfermarias e mesmo em leitos de UTIs.
Daí que todo cuidado é pouco. Se for sair para beber ou para um jantar com amigos, lembre-se de manter o distanciamento recomendado. Proteja-se e também a quem está próximo. E não leve o vírus para casa.
O vírus não se cansa e gosta de circular entre as pessoas que estão aglomeradas, interagindo com outros vírus e sofrendo mutações, tornando-se mais mortal.
Eventos
Com o novo decreto municipal publicado neste sábado (24), a partir de domingo já se pode realizar eventos com até 30 pessoas. O protocolo prevê o distanciamento de três metros lineares, obrigação que é posta pelos mandatários – e que muito provavelmente não vai ser observada.
É também obrigatória a utilização de máscara durante todo o evento. Os organizadores terão de disponibilizar álcool em gel em todos os espaços e intensificar a higienização.
Sem mudanças
Mesmo com a mudança de onda, o funcionamento de algumas atividades deve seguir o decreto anterior, quando várias atividades que foram flexibilizadas na semana passada.
Continuam valendo os mesmos protocolos para os centros de condutores, salões de beleza, barbearias, clínicas, centros de estéticas e espaços de beleza.
Nos clubes sociais só podem funcionar os serviços relacionados às atividades físicas, assim como permanecem os mesmos protocolos para serviços fotográficos, academias de ginástica e outros estabelecimentos de atividades físicas individuais.
Confira outras mudanças com o novo decreto, segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura
Atividades de hotelaria e afins
Fica permitida a atividade de hotelaria e afins obedecendo ao limite de 30% da capacidade máxima. O estabelecimento deve reforçar com os hóspedes a necessidade de higienização e prevenção da Covid-19.
É obrigatório manter o distanciamento mínimo de três metros, assim como impedir aglomeração, com obrigatoriedade do uso de máscara nos espaços comuns, disponibilizar álcool em gel em todos os ambientes.
A limpeza e higienização das áreas comuns e em todos os equipamentos utilizados deve ser frequente e obrigatória.
Comércio lojista geral
Os estabelecimentos comerciais podem funcionar de 9h às 18h, respeitando a capacidade máxima de 30% e o distanciamento de três metros entre as pessoas.
É preciso impedir aglomeração, respeitar o uso de máscara por todas as pessoas que estiverem no local. Os ambientes devem permitir uma boa circulação de ar.
Templos religiosos e Igrejas
A entrada de fiéis tem que ser controlada, com capacidade máxima de 30% da capacidade de templos e igrejas, com todas as medidas sanitárias preconizadas.
Atividades extracurriculares e cursos livres
Está liberado o funcionamento das atividades extracurriculares e de cursos livres, das 7h às 21 horas, de segunda-feira a sábado, com capacidade de 30% do público.