As mais belas fotos de congadas e festas populares estão em exposição virtual no Centro Cultural
Com curadoria do jornalista Gustavo Linhares, a professora, historiadora e fotógrafa Stael Azevedo apresenta a exposição Cores, Tambores, Ritos e Ritmos, na galeria virtual da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCDA. A mostra pode ser conferida no Flickr da FCCDA até o dia 30 de setembro. E também aqui.
Já há algum tempo Stael vem clicando o povo e as suas tradições artísticas, folclóricas e religiosas em Ipoema, na Serra dos Alves e Serra dos Linhares, em Senhora do Carmo, onde, segundo registros históricos, a congada surgiu e difundiu nesta região do Mato Dentro, nesta banda de cá do Espinhaço.
São fotos que expressam arte e sensibilidade, um olhar fotográfico refinado e atento aos detalhes, como pode ser fartamente observado pelos cliques da fotógrafa ipoemense.
Além de artística, as suas fotos têm a importância do registro de festas religiosas e da cultura popular. Resgata, sobretudo, a beleza cênica das coreografias, danças e ritmos dessa manifestação cultural e religiosa que resiste à invasão de uma cultura alienada e massificante da indústria cultural, que ignora as autênticas manifestações populares.
Da Serra dos Alves e Serra dos Linhares a congada resiste à essa massificação, ao ponto de chegar à cidade de Itabira, com a formação de mais grupos de congadas e marujadas, organizados em diversos bairros. O protagonista dessa resistência cultural tem nome: José Margarida, que recebe uma justa e merecida homenagem da fotógrafa.
História resistente
Conforme explica o curador da exposição, provavelmente por seu passado escravagista, Minas Gerais é o estado brasileiro com o maior número de congadeiros. Entre as montanhas mineiras, em meio à resistência à escravidão, entre quilombos e outras comunidades rurais, essa rica manifestação cultural encontrou várias vertentes.
Destaque para a Guarda de Caboclos ou Penachos, Guarda de Catopé, Guarda de Congo, Guarda de Folia de Reis, Guarda de Marujos ou Marinheiros, Guarda de Moçambique e Guarda de Ternos.
“Tamanha diversidade é responsável por um verdadeiro festival de cores, tambores, ritos e ritmos. O ressoar do batuque é combustível para o balanço dos pés, assim como a força dos cânticos acendem a alma”, destaca o curador da exposição, com a divulgação da exposição virtual de fotos de Stael Azevedo.
Com o seu sensível e artístico olhar fotográfico, a historiadora fez registros fotográficos dessa cultura religiosa também no encontro do Tambor Mineiro (Belo Horizonte) e na Festa de São Benedito (Aparecida do Norte).
A congada é uma rica manifestação artística e religiosa que precisa, por todos os meios, ser preservada e valorizada como expressão genuína da cultura popular.
Trata-se de uma pluralidade marcada por um cortejo de cores, com variados instrumentos musicais, cantos, danças – uma mistura de religiosidade e muita história.
“Afinal, a origem dessa manifestação cultural se encontra na África, continente de memória milenar”, destaca o curador da exposição, Gustavo Linhares.
Segundo ele, no Brasil essa cultura chegou “carregada nos grilhões da escravidão, estampada nos olhos de um povo sofrido levado além mar. Por aqui, os ritos de espiritualidade dançante se encontraram com a fé cristã e, dessa forma, na miscigenação tão típica do nosso país, se transformou em movimento de crença e cultura envolvente e representativo”.
Saiba mais
De acordo com a Associação das Congadas de Itabira, o município conta com 11 guardas de marujos. São eles:
- Guarda de Marujos Nossa Senhora do Rosário (Água Fresca);
- Guarda de Marujos Nossa Senhora do Rosário (Vila Paciência);
- Guarda de Marujos Nossa Senhora do Rosário (Eldorado);
- Guarda de Marujos Nossa Senhora do Rosário (Serra dos Alves, Linhares e Boa Vista);
- Guarda de Marujos Nossa Senhora Aparecida (Praia);
- Guarda de Marujos Nossa Senhora Aparecida (Pedreira);
- Guarda de Marujos São Benedito (Praia);
- Guarda de Marujos São Sebastião (Nova Vista);
- Guarda de Marujos Santo Antônio (Gabiroba);
- Guarda de Folia de Reis (João XXIII);
- Guarda de Caboclos (Pedreira do Instituto).
Maravilhosas fotos! E finalmente o Centro Cultural promoveu um ato cultural em tempo pandêmico. Não sei se houve outros programas, e é triste que a cultura tenha ficado fora do programa de combate do Covid. Já li sobre a intenção de fazer de Itabira a Cidade da Poesia…. o título seria o nada para o nada como demonstra a ausência de poesia neste período de tranca-ruas. Santa Maria Madalena RJ, com 10 mil habitantes manteve o Encontro Literário e a cidade é notícia nacional e acalenta a sua gente com poesia, música e fotografia. E Itabira, a oitava economia do estado não consegue sair da paralisia indolente ou afetada por cauêite – endurecimento da massa cinzenta. E olha que Itabira é a cidade onde nasceu o poeta Drummond, mas… “E daí?” Portanto a Stael é a grandeza neste momento tão duro, sozinha ela foi lá e fez. Viva Stael, de Lia e de Ney, para sempre.