Arquivo Histórico de Itabira não pode retornar à sua velha morada. É inadequada
Mauro Andrade Moura
Em 2012, iniciando os preparativos para a reforma do sobradão do Museu de Itabira, alguns incautos funcionários municipais tiveram a capacidade de ajuntar todos os documentos do acervo do Arquivo Histórico de Itabira, principalmente em caixas de papelão de sabão em pó vazias e recolhidas nos comércios da cidade. Misturaram tudo e colocaram todo esse precioso acervo no chão do barracão onde hoje se encontra instalado esse nosso arquivo.
Situação esdrúxula, convenhamos. Seria caso de polícia, porém o Ministério Público demorou a ser acionado pela comunidade Itabirana. E, após denúncia, acionou o administrador municipal, já do mandato seguinte, para que cuidasse devidamente do acervo histórico de nossa Cidadezinha Qualquer.
Foi contratada uma historiadora. Teve início nova catalogação do acervo, haja visto que na mudança anterior tudo foi misturado, aumentando sobremaneira o serviço a ser executado. Essa situação de abandono e desleixo impossibilitou por um bom tempo as pesquisas históricas, principalmente aos interessados em encontrar os seus antepassados.
A coisa ficou mesmo uma barafunda geral!
Interessante notar que, o mesmo administrador municipal que autorizou essa mudança atabalhoada foi o que decretou a regulamentação do Arquivo Histórico, ainda em 2012.
Após inúmeras campanhas e chamamentos para a devida reforma, restauro e reabertura do nosso Museu de Itabira, nota-se a pretensão da atual administração municipal para lá retornar com o acervo do Arquivo Histórico.
Local inadequado, diga-se, antes que tal fato se concretize. Estão preparando os porões do Museu para novamente albergar o acervo histórico. Com pé direito baixo, pouca ventilação, praticamente nenhuma iluminação natural (a luz do Sol faz extrema falta), convenhamos, não é o local mais indicado.
Instalaram lá um condicionador de ar com o compressor externo para atenuar um pouco a exiguidade do espaço em si – e da falta de ventilação. Além disso, a edificação fica mais sujeita ao risco de incêndios devido ao grande volume de madeira em sua estrutura. Já pensou juntar também papel, material também inflamável, já imaginou o risco potencializado?
Outra estranheza em tudo isto é a instalação do condicionador de ar dependurado na parede do fundo do sobradão que, não por acaso, está registrado no Livro de Tombos de Itabira. Portanto, não deveria estar lá.
Como percebido na reforma da Igrejinha do Rosário, de cores estranhas ao conceito do imóvel tombado, esta regra segue com o nosso Museu de Itabira, com as inconsequentes cores utilizadas na fachada do sobradão.
Nota-se que este sobradão fora construído pelo primeiro presidente da Câmara de Itabira (atual prefeitura), o major Paulo de Sousa. Sendo que o mesmo, para que a nova cidade que nascia, era nos idos de 1833, precisava de uma sede administrativa. Altruísta, major Paulo praticamente doou este imóvel a Itabira, mantendo o seu intuito da separação de Itabira de Caeté.
Como dito acima, atualmente o Arquivo Histórico de Itabira funciona em um barracão de alvenaria e forro de PVC dentro do pátio da Secretaria Municipal de Obras. Um espaço amplo, mas com iluminação precária e com refrigeração insuficiente, mas bem mais eficiente à instalação do acervo histórico em comparação com o sobradão do Museu de Itabira.
Como opção de outros espaços mais adequados à instalação do Arquivo Histórico fora do sobradão do Museu de Itabira, temos a antiga cadeia municipal totalmente abandonada. O local virou depósito de lixo no centro da cidade.
Outra opção é o antigo Fórum de Justiça, na pracinha do Pará, que ficou vazio com a edificação do novo espaço da justiça itabirana. Pode-se pensar também na antiga sede dos Correios, que há dez anos se encontra largada e também carente de uso de interesse da comunidade. Registre-se: todos os três imóveis são patrimônios públicos.
Atualmente trabalham três pessoas no Arquivo Histórico de Itabira. É pouco. Seria necessário outro tanto além da contínua leitura do acervo pelos pesquisadores, para que assim possa ser mais conhecida e revista a história de nossa terra.
Deixo aqui essas minhas simples sugestões. Que se pense a instalação em um local mais adequado de nosso precioso e necessário Arquivo Histórico de Itabira. Com a palavra, a atual administração municipal. E para você, cara leitora, caro leitor, o que acha? Qual é a melhor opção? Dê a sua opinião.
Um arquivo não pode ficar exposto a luz solar. Deve-se levar em consideração a temperatura e a iluminação ideal para a preservação.
Essa tragédia tem que parar de acontecer nessa cidade. Um vexame esse descaso com a memória itabirana. Vergonhoso!
Parabéns pela iniciativa Mauro.
Espero que quem recebeu do povo autorização para administrar a coisa pública, o faça de forma correta
Até que a crônica fez efeito, Luiz.
Pois foi resolvido pela administração que o nosso Arquivo Histórico não deve mesmo retornar para este sobradão.