Aposentado da Vale, J.D.R diz que irá curtir o ócio em passeio pelo Mediterrâneo com a grana que irá receber do superávit da Valia
J.D. R é aposentado há mais de 20 anos e disse que todo ano, quando sai o pagamento do superávit da Fundação Vale do Rio Doce de Seguridade Social (Valia), um pagamento a conta-gotas que a instituição privada dos aposentados da Vale redistribui entre os seus filiados da “sobra de caixa”, é paparicado pelo comércio itabirano.
Mas ele garante que neste ano não quer saber de fazer investimentos, que irá curtir o ócio criativo viajando pelo mundo. Com isso, avisa que não quer saber do assédio de comerciantes, vendedores ambulantes, imobiliárias, todos ávidos por abocanhar parte dessa renda extra que os mais de 12 mil aposentados e pensionistas residentes em Itabira são merecedores. Afinal, essa conta superavitária foi gerada com as contribuições mensais dos trabalhadores. “No máximo aceito propostas de operadores de turismo”, já vai avisando.
Segundo divulgou o vereador André Viana na tribuna da Câmara, nessa terça-feira (4), serão pagos a cada aposentado e pensionista da Vale o equivalente a 10,1 salários da suplementação que o associado da instituição tem direito. Pelas suas contas, isso deve totalizar R$ 30 milhões, que ingressarão nas contas desses aposentados no mês de março.
“Não é esmola, é dinheiro nosso que deveria ser devolvido de uma só vez e não pago aos poucos, como se não soubéssemos administrar o nosso próprio patrimônio”, faz questão de frisar J.D.R., que pede para não ter o seu nome completo revelado “para não acharem que eu sou um novo rico fanfarão e gastador”.
Já com muita experiência, tendo passado por muito assédio comercial nos últimos anos, J.D. R não cai em tentações. “Já me ofereceram até lote na Lua, como também em muitos loteamentos em Itabira, que nem sei se serão valorizados depois que a mineração chegar ao fim”, é o que ele tem observado, estranhando a abertura de novas avenidas. “É expansão desnecessária, serve mais para a especulação imobiliária”, critica.
Carpe diem
Seguindo a filosofia de Horácio (65 A.C-8 A.C), que dizia a uma amiga para viver o dia de hoje e colher o máximo possível que a vida oferece, J. D. R quer justamente aproveitar o tempo presente.
“Estou vivendo o aqui agora, procurando tirar o máximo de proveito que a vida ainda me oferece”, filosofa com Horácio. “Quero agora investir em mim, pois a vida só tem uma e tenho que aproveitá-la.”
Com a grana do superávit da Valia, J.D.R pretende fazer um cruzeiro num desses super navios que singram pelo Mediterrâneo – e aproveitar para conhecer alguns países da Europa.
“Já acompanhei netos na Disney, agora quero conhecer o velho mundo. Itabira ficou pequena para o meu ócio criativo, que é tudo o que desejo para o momento que estou vivendo, com os filhos criados e netos já crescidinhos.”
Participações nos lucros e resultados também serão pagas em março
Ainda no primeiro dia do mês de março, a Vale irá pagar aos seus empregados a parte da renda variável que cada um tem direito de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), relativa à contribuição de cada trabalhador no aumento de produtividade da mineradora. Leia mais aqui.
Ainda não se tem definido o valor da PLR a ser pago neste ano, sendo que o teto é de sete salários de cada trabalhador. No ano passado, a empresa pagou a maior PLR da história, desde que essa participação foi instituída pela Constituição de 1988, equivalente a 6,8 salários.
Para este ano, a expectativa é que a PLR não deve se aproximar do teto, uma vez que a empresa pretende repassar parte da conta da tragédia de Brumadinho aos seus empregados.
“Essa conta não é nossa, o trabalhador é vítima da negligência que resultou no homicídio coletivo”, protestou André Viana nas assembleias que aprovaram as mudanças de critérios para definir a participação nos lucros e resultados da empresa neste ano, a ser paga em 2021.
Anglo
Soma-se a toda essa dinheirama que virá com a renda extra a ser paga aos empregados, aposentados e pensionistas da Vale, o pagamento também de 4,08 salários aos cerca de 500 itabiranos que trabalham para a mineradora Anglo American, em Conceição do Mato Dentro.
“Esses trabalhadores mantêm vínculos estreitos com Itabira e é mais dinheiro que deve circular na praça local”, adianta André Viana, presidente do Metabase, que também representa esses trabalhadores nas negociações com a mineradora.
A projeção é de que será injetado mais de R$ 80 milhões de renda extra nos bolsos desses trabalhadores da mineração, aposentados e pensionistas, para gáudio do comércio regional.
Nada mal para a combalida economia regional, especialmente para Itabira, que anda precisando de novos estímulos, enquanto não chega a exaustão inexorável das minas locais, prevista para ocorrer a partir de 2028.
Cuidado o Coronavírus está a solta pelo mundo. O ócio pode sair caro.
Só agora com o ócio causado pela pandemia tive a oportunidade de ler a boa vida de J.D.R.
Também já informei aos meus credores que não aceitarei assédios nem ameaças, não vou pagar nada a ninguém, vou me beneficiar do próximo superávit (se houver) e pegar um catamarã até Charitas e me deliciar comendo sardinhas fritas e tomando uma boa cana em Jurujuba. Já acompanhei netos ao piscinão de Ramos muitas vezes agora é a minha vida que importa. Eita vida boa de aposentado! A.J.F