Antigos, furiosos e velozes, mas já não tanto
Fãs incondicionais de carros antigos se reuniram no fim de semana, na praça em frente ao bar Alquimia, no bairro Santa Tereza, para expor as suas raridades e trocar ideias em torno da proposta de oficializar a criação do clube Amigo das Relíquias de Itabira.
Foram expostos em torno de 50 veículos de diferentes marcas, nacionalidades e ano de fabricação. Além de Itabira, participaram colecionadores de Nova Era, Bom Jesus do Amparo, São Domingos do Prata e João Monlevade. Mais de 250 pessoas, segundo os organizadores, foram ver essas joias sobre rodas em exposição.
Esse foi o sexto encontro que o grupo de amigos de carros antigos realiza em Itabira com o objetivo de reunir os aficionados de Itabira e cidades próximas. Um encontro maior, com participação de colecionadores de várias cidades mineiras e de outros estados, foi realizado em janeiro, na avenida Mauro Ribeiro.
“Queremos promover um outro grande encontro ainda este ano”, promete o empresário Paulo Roberto da Mata, feliz proprietário de um Ford Maverick, 1977, quatro cilindros.
“É uma raridade, todo original”, vangloria-se. Segundo ele, o veículo tem um design que considera moderno e que tem servido de modelo inclusive para fabricantes concorrentes. “Observe o capô e os vidros das laterais traseiras do Maverick. Veja se não parece com o Chevrolet Camaro”, compara.
De acordo com o empresário, nem todo automóvel velho é aceito como carro antigo. Para ser reconhecido, e ganhar placa preta, isento de pagamento de IPVA e consequentemente podendo ser valorizado, o veículo precisa ter mais de 30 anos de uso e manter um mínimo de 80% de originalidade. “Sem isso, o carro velho pode não passar de uma lata velha”, classifica.
Placa preta
A paixão dos brasileiros por carros antigos vem desde que teve início a nacionalização dos veículos fabricados no Brasil. Na década de 1960 foram criados os primeiros clubes de automóveis antigos no país. “O antigomobilismo é um hobby que tem cada vez atraído mais aficionados”, diz da Mata, que virou colecionador há quatro anos.
O antigomobilismo é regulamentado pela Federação Brasileira dos Veículos Antigos (FBVA), órgão criado em 1987. Para ser considerado um automóvel antigo, o veículo precisa ter no mínimo 30 anos. O registro é feito no Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), após passar por vistoria por empresa credenciada.
Alguns outros prerrequisitos são imprescindíveis. Se o interior do veículo foi adaptado, o motor não é original, ele não passa na vistoria, mesmo mantendo a aparência externa de fábrica. E não recebe o certificado de originalidade, necessário para adquirir a placa preta.
Além da isenção de IPVA, a placa preta desobriga o antigo de manter itens que hoje são considerados de segurança e sem os quais os veículos novos não são licenciados. Ficam desobrigados, por exemplo, de possuir pisca-pisca de alerta, além de cinto de segurança de três pontos. Afinal, não são veículos de viagem, mas para flâneurar em quatro rodas a baixa velocidade pela cidade.
Uau, quantas vezes já escrevi sobre esse tal de antigomobilismo.
Carros antigos tem suas várias categorias.
Nem vou me esforçar aqui para lembrar nomes e características. Mas por exemplo, tem os que são os totalmente originais, os modificados, os “turbinados”, etc.
E há certo clima de ciúmes e preconceitos entre as turmas de colecionadores.
Já visitei e fiz reportagens para os Cadernos de Veículos do Estado de Minas e do Hoje em Dia sobre os vários tipos de colecionadores. Uns maníacos.
Vi espaços luxuosos com 40, 50 carros todos com tudo original. Num deles, nas Mangabeiras, no alto da Afonso Pena em Belo Horizonte, além das dezenas de carros num galpão na casa do cara, havia apenas um banquinho de madeira, onde o dono abria uma champagne, sentava e passava horas admirando suas “crias”. Foi o que ele me disse.