Alerta ecológico global é compromisso que nunca avança com resultados práticos

Por Veladimir Romano*

Várias cúpulas já foram feitas e muito pouco se avança além de tantas promessas, pedidos, acordos e compromissos ambientais para que seja melhorada a vida do planeta, defendendo nosso bem-estar.

Mas faltam empenhos e cuidados necessários com o planeta que agoniza, tornando-se necessária outra maneira de lidar com o tema em cada cimeira dedicada a discutir soluções para mitigar o aquecimento global.

Desde a conferência de Quito ao Rio 92, a Bali, Nothingam, Cairo, Marraquexe, Joanesburgo, Copenhague, Roma, Paris, Bona ou na derradeira reunião da Polônia, em Katowice [terra do carvão], onde residem as maiores minas deste país, muito se procurou estabilizar cada ideia e  discussão legislativa dos membros participantes das Nações Unidas.

Entretanto, depois tudo se perde, já que ninguém assume os compromissos previamente discutidos no pormenor na cúpula anterior.

De tudo quanto se fala, se escreve e se compromete e alinha nas Conferências do Clima, promovida pela Organização das Nações Unidas [Katovice: COP24, decorreu em 2018 entre dias 2  a 15 de dezembro; e proximamente o no Chile, Santiago, COP25 entre dias 2 até 13 de dezembro de 2019], nada ou quase nada se avança com resultados práticos.

O que se observam são os retrocessos e ameaças de boicote, como do presidente da nação brasileira, numa péssima imitação irresponsável declarada pelo então presidente norte-americano, que declarou que o Brasil também não assinará qualquer compromisso ambiental.

A poluição do ar é ameaça global, resultado da industrialização a qualquer custo, ainda que prejudicial à saúde das pessoas e do planeta (Fotos; Associated Press)

Muito triste verificar o nível ausente nem da reflexão sobre acontecimentos dramáticos relacionados pelo efeito perverso do assunto climático. Ora, separando diferenças, se o futuro humano não é comum, então o planeta é de quem?

Pergunta infantil para quem não tem noção nem estímulos solidários ou alguém capaz de preparar soluções criativas.

Porto Rico, depois do sofrimento, continua território totalmente abandonado pelo governo de Donald Trump, presidente incapaz, oportunista e desumano… mas capacitado de provocar inspirações irracionais em outros como vai acontecendo com Jair Bolsonaro.

Cada nação, e em cada sociedade, o lema terá de ser arriscado pelas formas de se encontrarem rapidamente alternâncias, questionar comportamentos, estabelecer pedagogia em múltiplos parâmetros, avançar ao desenvolvimento mas com maior cuidado, reformas no ensino básico e continuidade nos graus seguintes onde programas bem organizados pratiquem esclarecimento positivo. Mas não é o que se observa.

Naturalmente, tudo isso poderia ajudar, e muito, a quebrar correntes corruptas, compadrio, oportunismo destruindo capital e financiamento precioso preparado para combater deficiência ambiental.

O sentido evolutivo da vida será cada vez mais exigente e os humanos terão de se preparar para que o sofrimento, miséria e fome, não aumentem problemas já complexos de resolução por quanto processo democrático ofereça de mão beijada do poder ao controle a quem não mereça, mas que acaba ocupando espaço, atrapalhando a existência humana, da natureza e do planeta.

Preciso mesmo compreender que o fenômeno do meio ambiente entrou nas nossas preocupações, crescendo a cada instante na consciência surpreendida, dilatando respostas inteligentes e até agressivas [no bom sentido], suportando com maior segurança desafios do comportamento climático.

O modo como responsáveis políticos, industriais, empresários, governos ou mesmo consumidores se relacionam com esta realidade, precioso fica processar sem complexos que significa militância ecológica.

É o que transforma o tema na maior causa mundial porque novas doenças estarão para chegar, mais desemprego, insatisfação popular, frustrações e generalizada violência contra qualquer instituição desleixada que nunca acreditou no que uma maioria anda observando e outros sofrendo.

Protesto contra o desmatamento no Brasil, na Conferência do Clima de 2018, em Durban, África do Sul

O problema climático está diretamente ligado ao maior consumismo global, experimentado e praticado. E se confronta diretamente com o esbanjamento financeiro provocado pelo sistema capitalizado, privado e também nos exagerados planos ligados à obtenção do lucro a qualquer custo.

Soberbo preconceito reajustando aquilo que já não tem reajuste, antes pedindo exigente estratégia apoiando a uma subida na condição pró-qualidade.

É o que se observa na prática, discutida tanto nos bastidores das cimeiras como no plano oficial apresentado em várias assembleias gerais das Nações Unidas.

Isso desde o velho “Clube de Roma”, da primeira cúpula realizada em maio de 1972, em Estocolmo, na Suécia, quando nasceu o PNUMA [Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente] com slogan: “Há Só Uma Terra”.

Na sequencia, em Oslo, Noruega, 1983 estabelecendo a WCED [Comissão Mundial do Ambiente e do Desenvolvimento], criando o “Futuro Comum”, declarando o “Ecossocialismo” como favorável caminho em defesa do planeta mais saudável, sustentável e producente, reconhecendo a Humanidade nesse básico global a própria mensagem.

Mais: reconhecem o interesse das gerações futuras favorecendo na vida coletiva e melhor organizada, apoiando mais iniciativas de origem cientifica, pressupondo obrigações mediante leis dentro do âmbito universal

Contudo, nada se avança enquanto a própria ruina ambiental vai se mantendo, enquanto o planeta é governado por gente que acredita na ignorância que assassina os ecossistemas. São tantas pessoas com poder de mando que acreditam em suas próprias ignorâncias, enquanto a vida vai se tornando impraticável no planeta…

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-caboverdiano

 

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