Aglomeração nas ruas e em bares, como ocorrido na avenida Mauro Ribeiro, pode agravar a pandemia em Itabira
Entre os parâmetros avaliados para Itabira ter se enquadrado na onda Amarela, o que permitiu a reabertura de outros segmentos econômicos não essenciais, como bares e restaurantes, foi a relativamente baixa taxa de ocupação de leitos de UTI – e também do ritmo de transmissão (RT) do novo coronavírus (Sars-Cov-2) na cidade, assim como nos municípios vizinhos.
Ao aderir ao programa Minas Consciente, na semana passada, segundo a secretária municipal de Saúde, Rosana Linhares, o RT em Itabira estava próximo do limite de 1.2, com 1.16. Já pelo que consta no boletim epidemiológico semanal, divulgado nessa quarta-feira (12), esse ritmo de transmissão teria caído para 0,9.
Se está correto, trata-se de um indicativo positivo. Com o município assim permanecendo – e se possível fazendo cair ainda mais esse referencial –, em 28 dias, contados a partir dessa segunda-feira, Itabira poderia até mesmo se candidatar a migrar para a onda Verde, o que permitirá, inclusive, a reabertura de academias e clubes.
Seria uma temeridade, para dizer o mínimo, mas é o que está previsto no programa Minas Consciente. Isso mesmo com as autoridades em saúde e a comunidade científica alertando para o risco dessa flexibilização da economia agravar a disseminação da pandemia no estado, o que já ocorre, com os novos casos e registro de óbitos se mantendo, há vários dias, em platô elevado.
Nesta quinta-feira (13), Minas Gerais já soma 160.485 casos confirmados, com registro de 3.783 mortes por covid-19, com o triste recorde de 170 óbitos em 24 horas.
É verdade que essa situação é mais grave nos grandes centros urbanos, mas também é fato que a pandemia vem se alastrando para o interior.
Para a mudança de onda, pelo Minas Consciente, embora Itabira esteja vinculado à macrorregional de Saúde Centro, que tem sede em Belo Horizonte, a avaliação será feita tendo por base as condições de transmissibilidade do vírus na microrregional da qual o município é polo, com 13 pequenos municípios e população com cerca de 220 mil habitantes.
Entretanto, mesmo com as condições aparentemente favoráveis em Itabira e região, com a flexibilização mais ampla, corre-se o risco de se ver repetir aqui o ocorrido em outras cidades que também deram uma liberada geral. Resultado: o vírus ganhou força com mais gente sendo acometida pela doença, aumentando as internações hospitalares. E esses municípios tiveram de retroceder na flexibilização, inclusive voltando a fechar o comércio não-essencial.
Riscos de retrocesso
É o risco que Itabira corre agora com a flexibilização mais ampla. Conforme inúmeros relatos pela rede social, e denúncias encaminhadas à Prefeitura, alguns bares ficaram abarrotados de gente, com as pessoas próximas umas das outras, em rodas de conversas animadas – e sem o uso de máscaras.
“Não houve fiscalização à noite e o funcionamento de um bar vizinho à minha casa foi até madrugada”, relatou um morador, que mora próximo da avenida Mauro Ribeiro.
A assessoria de imprensa da Prefeitura informa que o bar, flagrado nessas condições, sem respeitar as medidas de prevenção, teve as suas portas lacradas nesta quinta-feira (13).
E o alvará de funcionamento foi suspenso por 15 dias, prazo para que se adeque às medidas preventivas, o que inclui assegurar o distanciamento mínimo de dois metros entre os frequentadores.
Trata-se de uma condição que dificilmente será cumprida, por mais que se tenha fiscais para observar o cumprimento dessas novas normas de funcionamento.
Mas a Prefeitura espera que a própria população ajude a fiscalizar, como ocorreu no caso desse bar, denunciando pelos telefones 3839-2143 e 3839-2183. Espera-se que tenha quem atenda esses telefones em plantão à noite.
Ocupação de leitos
Outro critério avaliado para a mudança de ondas é a taxa de ocupação de leitos de UTIs. Com o aumento do número de leitos disponíveis na cidade, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, ainda assim essa taxa já está acima de 42% para pacientes com o novo coronavírus e também para outras síndromes respiratórias agudas graves.
Portanto, a prevenção e o controle da propagação do vírus é importante, sobretudo, para não causar o colapso do sistema de saúde – e salvar vidas. O clima frio, e o aumento da poeira de minério, são condições que propiciam o aumento dessas outras doenças respiratórias e das internações hospitalares.
“Se aumenta a taxa de ocupação, mesmo por outras doenças que não seja a covid-19, o risco de o município não ter como atender a todos e, consequentemente, de não seguir para a onda Verde é grande, podendo até retroceder para onda Vermelha”, acentua Rosana Linhares.
Para ela, a salvaguarda de leitos nas UTIs é importante, mas não é o que impede a propagação da pandemia em Itabira e na região, com o consequente aumento do número de mortos. “Para isso, não queremos ver aumentar o número de pacientes internados nas UTIs, onde o índice de letalidade para a Covid-19 é de 50%. É muito triste.”
O presidente Miliciano, Genocida agradece a Prefeitura de Itabira pela contribuição inestimável no protocolo de MORTES.