Adeus, meu irmão Paulo José

Processar a morte de um irmão é terrível e difícil. Dá um frio nas pernas que sobe pela coluna e acaba dando pontadas no coração. Ainda mais sabendo que ele está indo relativamente cedo, quando curtia a sua merecida aposentadoria.

Meu irmão mais velho Paulo José partiu ontem. Como engenheiro eletricista, percorreu o país em grandes obras. Gostava do que fazia, sempre focado, sério e com uma aparente frieza, que, eu bem sei, era uma tática para enfrentar os problemas.

Tinha um coração enorme, era um grande incentivador do irmão aqui que teimou em ser artista abandonando a engenharia civil.

Vivia um momento especial, estava construindo o seu paraíso particular em Acuruí: uma boa casa, um galinheiro, um pomar, uma hortinha, uma casinha de madeira no quintal para os netos brincarem…

Fabricava a sua própria cerveja e planejava mexer com marcenaria. Tudo muito bem feito e com carinho para receber os familiares e amigos para beber uma cervejinha, escutar uma boa música, de preferência Beatles e ou Gonzaguinha. Era um cara simples, não era ligado a títulos e não suportava arrogância.

Queria que eu, tempos em tempos, desenhasse o seu núcleo familiar. O desenho abaixo foi feito em abril de 2020, mês do aniversário dele. Nele estão os meus queridos sobrinhos que vi nascerem, crescerem e multiplicarem. São pessoas incríveis que admiro e amo demais.

Acho que morri um pouco também, cada luz dessa que se apaga aumenta a escuridão dentro da gente. Mas, parece que, racional como era, vejo Paulo falando: “Que isso, cara! Enfrenta essa e bola para frente”