Abrigos de Santa Maria estão com capacidade esgotada e Prefeitura busca novos locais para receber famílias em situação de risco

A Diocese de Itabira/Fabriciano, na pessoa do bispo dom Marco Aurélio Gubiotti, segundo o chefe de Gabinete da Prefeitura de Santa Maria, Eduardo Martins dos Santos, que coordena a Defesa Civil do município, teria se negado a ceder o salão da igreja Nossa Senhora do Rosário para abrigar novos desalojados pela enchente de domingo (21).

Segundo o chefe de Gabinete, a igreja tem potencial para abrigar 40 famílias. E dispõe de localização estratégica e segura, próxima do hospital. Entretanto, o padre Ueliton Neves da Silva, assessor de imprensa da Diocese de Itabira, diz que não é bem assim.

De acordo com o padre, a igreja tem abrigado desalojados no centro pastoral, que fica anexo ao salão principal, onde existem banheiros e infraestrutura para receber os desabrigados.

“De forma alguma estamos negando apoio. Inclusive, o salão principal da igreja já funcionou, imediatamente após a enchente, como hospital de campanha, devida à interdição do hospital local”, afirma o padre. “Mas o salão principal não tem infraestrutura para abrigar essas pessoas, por falta de banheiros, cozinha e divisórias”, acrescenta.

O pároco diz que a preocupação do bispo ao não ceder o salão principal da igreja, que não tem infraestrutura adequada, é também em não criar situação de aglomerações, como as que têm ocorrido em Santa Maria após a enchente.

O receio é aumentar a proliferação do novo coronavírus (Sars-Cov2) no município. “Está ocorrendo muita movimentação de pessoas de fora na cidade, como também tem ocorrido manipulação de doações sem os cuidados necessários, o que aumenta o risco de novas contaminações.”

Ainda segundo o padre Ueliton, desde o sinistro as paróquias de Itabira têm recebido e encaminhado doações a Santa Maria, destinadas principalmente aos que residem na zona rural, que em muitos casos ficaram ilhados. “Essas famílias têm recebido visitas do padre Wilner Pierre. Ele tem levado as doações e levantado a situação dessas famílias”, acrescenta.

Diocese disponibiliza centro pastoral mas diz que salão da igreja não tem infraestrutura adequada para receber desabrigados (Fotos: Reprodução)

Alternativas

Para abrigar novos desabrigados, o assessor de imprensa diz que a Diocese está vendo a possibilidade de receber essas pessoas nos centros pastorais das paróquias de Itabira.

“Se for necessário, podemos colocar à disposição nossos centros pastorais nas paróquias que dispõem de cozinha e banheiros, com infraestrutura para receber as famílias.”

Padre Ueliton conta que o bispo esteve em Santa Maria, no sábado (27), tendo celebrado missa pelos mortos pela enchente e também pelas vítimas da Covid-19. “Ele (dom Gubiotti) tem conhecimento dessa situação e está empenhado em ajudar no que for possível”, assegura.

Capacidade esgotada

A necessidade de mais espaços para receber os desabrigados é pelo crescente aumento de situações de famílias em áreas de risco de novos deslizamentos.

Além disso, no domingo o juiz Wellington Reis Braz expediu mandado de desocupação de nove famílias que se encontravam em situação de alto risco na rua Antônio Dias e de outras duas na mesma situação na rua Dona Neném, no bairro Poção.

Com essas famílias, já são 1.219 pessoas afetadas pela enchente, sendo que 374 estão desalojadas, com 112 abrigadas nos alojamentos improvisados no município.

“As nossas equipes continuam em campo fazendo o cadastramento das famílias atingidas. Com isso, devemos ter aumento de pessoas em situação de risco”, adianta Eduardo Martins.

Para dar celeridade a essas avaliações, a Prefeitura está finalizando a contratação de engenheiros que irão fazer vistorias nesses imóveis, que é para avaliar as condições de moradia para a permanência ou remoção de mais famílias.

“Os nossos abrigos já estão com capacidade esgotada para receber mais pessoas”, diz Eduardo Martins, que vê a necessidade urgente de se conseguir mais locais para receber essas pessoas.

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