A poesia naïf de Tãozinho Lopes – I
Foto: acervo IBGE
Por Tãozinho Lopes*
Itabira, cidade que brilha
Itabira brilha no meio das montanhas das trilhas.
Mato dentro muitas trilhas onde
o burro era o transporte dos arraiais.
Hoje, muitas cidades de nossos antepassados ficaram só na lembrança
dos nossos povoados.
Um povo aconchegante e herdeiro do nosso passado que sempre vai ter Itabira terra adorada e minerada.
Eis Itabira, das calçadas e das águas.
Amigo Anfíbio
Meu amigo gente boa, mas podendo evitar é melhor.
Tem hora que é o amigo mandi, usa o bigode e nunca pode.
Tem hora que é o amigo jacaré, abraça com os dentes e pega no pé, que amigo chulé.
Amigo tubarão larga pra você sempre o arpão, e podendo evitar é bom.
Amigo piranha, nunca tem dinheiro e anda no seu caro e só arranha.
Tem hora que é o serrote do Marvin, quando a barra pesa ele deixa pra mim.
É gente boa meu amigo, mas podendo evitar é melhor, pois sempre vai ser assim.
É falso, só fila. É o meu amigo traíra.
Amigo sapo mora na lagoa e faz você perder ponto pra girino, que amigo cretino.
Gente boa meu amigo.
Mas podendo evitar é ser divino.
As duas caixas do SAAE
Até hoje elas estão em pé.
Pensava eu, será que as duas caixas d’água davam conta de sustentar todas as torneiras das casas?
Mas Itabira do Mato Dentro duvida e ficava como cidade pequena.
As duas caixas estão em pé.
Será que têm águas nelas?
Pois até hoje estão lá e são belas!
Os pássaros
Os pássaros me acompanham
Os pássaros me acalmam.
Os pássaros lavam a minha alma.
Os pássaros são enfeites da natureza.
Os pássaros são todas as nossas nobrezas.
Os pássaros são todas as nossas clarezas, que a vida é uma beleza.
Tristeza e Alegria
O canto triste do sabiá, não é tristeza
Representa alegria pois a chuva não tardia.
Vem que a vida surge nesta melodia de tristeza e alegria.
Estações do Amor
Na primavera eu te amei.
No verão eu te curti.
No outono eu te feri.
No inverno eu te aconcheguei.
E na vida eu te amei.
A morte
Se morrer fosse vacilou.
Eu viveria de grilo.
Basta plantarmos bastantes frutos para colhermos saladas.
Pois viver é uma grande marmelada.
Talvez tão engraçada nesta nossa jornada
E a morte é uma parada que jamais será desvendada.
Um pico que saiu
Rua Dona Eleonora, a ladeira o campinho de futebol o pastinho a pensão de dona Ana,
Isso a memória me inflama. E não me engana
Itabira do mato do mato dentro tanto mato dentro.
Já se foram os matos.
Itabira dentro, quantos sentimentos!
O tempo lembra os momentos
Sempre ficará como um pico que saiu,
sem nunca mais voltar como fui Carlos Drummond no altar,
sem me exaltar!
Itabira sempre ficará uma saudade,
Pra quem a sempre admirará!
Noral
Você é o cara.
Sabe de tudo.
Não precisa de escudos o predestinado da hora.
Você não enrola.
É o dono da hora,
Você é o dono da vitrola.
Sabe tudo da sua dimensão.
E não precisa de perdão.
Você é dono da região.
Indiana Thones
Vem matar a minha sede, vem.
Vem cair na minha rede, vem.
Vem como se fosse o meu refém. vem.
Vem como se fosse minha e de mais ninguém, vem.
Vem como se fosse um menino atrás de um vintém.
Vem como se fosse o meu bem, vem.
*Sebastião “Tãozinho” Antônio da Silva Lopes é minerador, poeta, observador de pássaros e de OVNIs
Muito bom Tiãozinho… agora escrerva-nos sobre os pássaros que aí gorjeaom, que não gorjeaom aqui . E a juriti?
Sabe o que é bom, tenho certeza que virão outras coisas melhores: muito bom!