A pepita que estava aqui
Amanda Drumond*
Cadê a minha pepita
eu quero saber
Eu sou a fome com a vontade de comer
Sou a máquina e o coração
A bomba forte em explosão
Cadê meu ouro?
Não sobrou nenhum tostão?
Nem um vintém
Diziam ser mais de milhão
Mas vejo fome, miséria e ambição
Cadê minha pepita que estava aqui?
O gato não comeu
Morreu com veneno e destruição
Cadê a pepita que estava aqui?
Repito e insisto
Este ouro é seu?
Que eu saiba é mais meu.
Cadê a pepita que estava aqui?
A vale comeu.
*Amanda Drumond é artista-plástica, escritora, poeta brasileira contemporânea, conhecida por sua escrita sensível e marcante. As suas poesias, crônicas e contos abordam temas como amor, feminilidade, empoderamento e autoconhecimento, muitas vezes explorando a dualidade entre força e vulnerabilidade.
Parabéns! Muito boa pepita, inclusive no duplo sentido do ouro em si contido no minério que vai embora sem ver e no próprio minério de ferro que é um ouro da terra usurpado e se foi deixando invertida a paisagem do côncavo que vira convexo e vice-versa versa sem verso na cava da mina, pilha de estéril e barragem de rejeito, pois a Vale tirou antes de matar o Rio Doce do nome.
Lamentável