A indústria da autoajuda: de Trigueirinho à Constelação Familiar, uma crítica à abordagem simplista
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Nos últimos anos, a indústria da autoajuda tem crescido exponencialmente, com livros, cursos e palestras que prometem transformar nossas vidas. No entanto, essa abordagem simplista e focada no individualismo pode estar mascarando problemas mais profundos e estruturais.
A autoajuda pode ser vista como uma forma de “culpar a vítima” por não alcançar o sucesso, em vez de questionar as estruturas de poder e as desigualdades sociais que impedem o progresso. Além disso, essa abordagem ignora a influência de fatores como a educação, a saúde e o acesso a recursos, que são fundamentais para o desenvolvimento pessoal.
A Constelação Familiar, por exemplo, é uma técnica que visa identificar e resolver padrões de comportamento e conflitos familiares. Desenvolvida por Bert Hellinger, essa abordagem busca trazer à tona dinâmicas inconscientes dentro da família para promover a harmonia.
No entanto, críticos argumentam que essa técnica ignora a influência de fatores sociais e econômicos na dinâmica familiar, coloca a responsabilidade pelos problemas familiares nos indivíduos, em vez de considerar as estruturas de poder e as relações de dominação, simplificando a complexidade das relações familiares, além de reduzir os conflitos a questões de “ordem” e “equilíbrio” familiar.
Autoconsciência

Luiz Carlos Trabuco Trigueirinho (1931/2018), autor brasileiro de autoajuda, é outro exemplo de como essa abordagem pode ser simplista e focada no individualismo. Sua filosofia baseia-se na ideia de que cada pessoa tem o poder de transformar sua vida e alcançar seus objetivos, defendendo que a mudança começa dentro de nós mesmos e que é necessário trabalhar em nossas crenças, pensamentos e emoções para alcançar o sucesso e a felicidade. E abandonar as crenças limitantes.
Algumas das principais ideias de Trigueirinho incluem a importância da autoconsciência e do autoconhecimento, a necessidade de mudar nossas crenças e pensamentos limitantes, o poder da gratidão e da positividade, a importância de seguir nossos sonhos e paixões, e a necessidade de cuidar de nossa saúde física, emocional e espiritual. Trigueirinho é conhecido por sua abordagem prática e acessível, e seus livros e palestras são populares no Brasil e em outros países.
No entanto, essa abordagem de autoajuda baseada na mentalidade positiva pode ser vista como simplista ou até mesmo ingênua. A ideia de que basta “acreditar” ou “querer” para alcançar o sucesso pode não levar em conta as complexidades da realidade, como as desigualdades sociais, econômicas e políticas.
Além disso, essa abordagem pode culpar as pessoas por não alcançarem o sucesso, sugerindo que elas não estão “acreditando” ou “querendo” o suficiente. Isso pode levar a uma cultura de culpa e vergonha, em vez de promover uma compreensão mais profunda das barreiras sistêmicas que impedem o sucesso.
Apelo à classe média
A indústria da autoajuda é frequentemente direcionada à classe média, que tem mais acesso à educação e recursos. Isso pode perpetuar a ideia de que o sucesso é apenas uma questão de “querer” ou “acreditar”, ignorando as barreiras sistêmicas que impedem o progresso das classes populares.
É importante reconhecer que o sucesso é influenciado por uma variedade de fatores, incluindo a educação, a saúde, a rede de contatos, o acesso a recursos e oportunidades, entre outros. Portanto, é fundamental abordar as questões estruturais e sistêmicas que afetam o sucesso, em vez de simplesmente incentivar as pessoas a “acreditar” ou “querer” mais.
Uma abordagem mais equilibrada e realista deve incluir o reconhecimento das barreiras sistêmicas que impedem o sucesso, a promoção da educação e da conscientização sobre essas barreiras, o desenvolvimento de estratégias para superá-las, o incentivo à resiliência e à perseverança, além de reconhecer os limites das pessoas. É igualmente essencial fomentar uma cultura de apoio e solidariedade, em vez de culpa e vergonha.
É hora de questionar essa abordagem simplista e individualista, e de buscar soluções mais amplas e críticas para os problemas sociais e econômicos que enfrentamos. Uma boa dose de realidade, saindo-se da “bolha” com a compreensão profunda de todos os fatores que influenciam o desenvolvimento pessoal e social, que vão além da simples meritocracia, é fundamental em qualquer situação de crise, seja ela espiritual, psicológica ou socioeconômica.
Fontes
– A Indústria da Autoajuda, de Barbara Ehrenreich
– A Constelação Familiar, de Bert Hellinger
– A Crítica à Autoajuda, de Mark Manson
– A Desigualdade Social no Brasil, de Marcelo Neri Fontes
– Constelações Familiares, de Hellinger, B.
– O Poder da Gratidão. Trigueirinho, L. C. T.
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Triste alguém falar sobre Trigueirinho sem conhecer o trabalho dele. Citando apenas uma obra. Não são livros de autoajuda. Podem ser classificados como esotéricos.
Ele nunca defendeu paixões, nem o individualismo. Na verdade, os livros tratam sobre a existência de seres extraterrestres e intraterrenos. Experiências além do corpo físico e outos assuntos.
Este jornal “copia e cola” perdeu a credibilidade totalmente depois dessa.
Se quer escrever sobre auto ajuda, deveria pesquisar mais. Há diversos autores sobre.
Abraço fraterno
O site mantém a crítica publicada e acrescenta que a abordagem de Trigueirinho baseia-se em uma visão simplista e superficial da vida, ignorando as estruturas sociais e econômicas que moldam a vida das pessoas em sociedade. Além disso, críticos também questionam a falta de formação acadêmica de Trigueirinho em filosofia. “A autoajuda de Trigueirinho era baseada em uma forma de ‘pensamento mágico’ que ignorava as complexidades da vida real”, afirma Oscar Brenifier, filósofo e professor da Universidade de São Paulo. “A ‘filosofia’ de Trigueirinho era uma forma de ‘neoliberalismo espiritual’ que promove a ideia de que o indivíduo é responsável por seu próprio sucesso ou fracasso”, complementa João Paulo Monteiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Reafirmamos a nossa liberdade de expressão e de crítica. O tema voltará à pauta.
Cruz, lados são de uma coisa (qualquer) da mesma forma. Ponto positivo para
jornal:
Me apeguei ao autor e me esqueci do detalhe. Ou da essência?
Industria
Vide: etimologia . Nem vou citar o “ Aurélio”, brilhante leitura (meu ponto de vista) ! ?
Abraço fraterno
Amo-te, meu amigo
#publicamenteempaz