A FIFA e a Copa no Qatar, uma dúbia moralidade: mortes de trabalhadores na construção de estádios

Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou relatório sobre acidentes e mortes de operários no Qatar desde que o país foi escolhido para sediar a Copa do Mundo de Futebol
Foto: Unsplash/
Josue Isai Ramos Figuer

Veladimir Romano*

Ao certo não se sabe e dificilmente se descobrirá quantos acidentes de trabalho aconteceram enquanto se foram construindo estádios luxuosos para a próxima comemoração mundial da Copa, enquanto a  onde a Federação Internacional de Futebol (FIFA) fecha os olhos.

Sindicatos internacionais afirmam terem morrido 6.500 trabalhadores [ao Qatar emigraram quase 2 milhões de trabalhadores, maioria asiáticos], entretanto, ONGs e Anistia Internacional reafirmam que serão muitos mais.

Ninguém conta com o Qatar e sua transparência pelo que culturalmente nunca ao longo dos tempos nações árabes conseguiram criar organismos ou instâncias pela defesa dos direitos laborais. A força do dinheiro fala mais alto tapando a boca, deteriorando qualquer defesa devida aos milhares de operários dos vários países, na sua maioria de religião similar a islâmica.

Bem cedo começaram os problemas na construção dos estádios de futebol onde exuberância, alto conforto e padrão não se compatibilizam com a segurança dos milhares de operários, alguns sem experiência invadindo o pequeno Qatar [com 3 milhões de habitantes e um território de 11 mil 571 km2], desafiando quantas estatísticas da realidade, construindo oito estádios onde se sentarão entre 40, 60 a 80 mil pessoas.

Porém, uma pergunta no meio de muitas fica por fazer, coisa que dirigentes da FIFA certamente nunca também tenham feito: para que vai futuramente servir tanto estádio de futebol num país e numa população tão diminuta? Certo que o futurismo dos Catarinenses não será mergulho diário em futebol. No entanto fica a curiosidade deste fenômeno.

Orgulho e dignidade é assunto do qual o Qatar nem a FIFA poderão usar pela hipocrisia, soberba ou vaidade doentia quando a nação árabe, ocupada pelo fanatismo nacionalista, empatou 880 milhões de euros comprando a Copa2022 aos senhores do futebol mundial, gastando outro bilhão na construção das infraestruturas.

Tudo seria perfeito caso alguma humanidade e sentido de Estado fosse primazia dos governantes de Doha; infelizmente, igual comportamento irresponsável e freneticamente materialista, ocupou a mentalidade fraca da organização esportiva.

A Copa escolheu mal, mas a FIFA ama o dinheiro mais que tudo, fechando os olhos a tudo quanto bizarro pareça, outro desafio social, possível choque cultural de hábitos, quando debaixo de temperaturas quentes de baixa umidade, gente da Copa querendo tomar sua cervejinha, vai antes pela certa tomar chazinho de menta ou café de borra açucarado em copo tamanho dedo mindinho.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano.     

 

 

 

 

 

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