A feijoada e as lives com samba e pagode

Por  Rafael Jasovich*

Lives, lives… e mais lives

Estamos vivendo um normal que não conhecíamos, em isolamento social, riscos rondando nossas vidas e um genocida no governo (eu avisei).

As lives proliferam em quantidades absurdas, tem para todos os gostos: música, política, cientistas falando da covid-19, tem também lives fakes.

Se agregaram agora a dos pré candidatos a vereador e prefeito.

Depois de mais de três meses de isolamento, parei (quase) de assistir essas lives, são chover no molhado, repetitivas e enfadonhas.

Comecei a aprimorar meus dotes culinários (que não são poucos).

Na quinta-feira decidi que iria fazer uma feijoada tradicional. Tive de recorrer novamente ao meu amigo Mauro que pronto se dispôs a fazer as compras. Na noite da mesma quinta-feira coloquei o feijão preto de molho e as carnes do porco também para tirar o excesso de sal.

Na sexta-feira comecei os trabalhos, ouvindo umas musicas adequadas à iguaria que estava preparando. Ou seja, samba e pagode.

Coloquei água na panela e lembrei-me de uma musica do Chico (feijoada completa). Me deu sede e abri uma cerveja que comecei a bebericar, com intervalos para a cachaça mineira de Salinas.

Água fervendo na panela coloquei o feijão, e as carnes mais duras, pelo rabo no início, ouvindo jeito moleque preparei o arroz branco temperado no alho.

Numa frigideira coloquei o bacon, e o paio para fritar. Usando o óleo dei uma escaldada na couve.

Fui agregando o resto das carnes, língua, bochecha e pele.

Descasquei a laranja pêra e a cortei em rodelas para acompanhar meu prato.

Já na terceira latinha e umas 3 doses de cachaça não resisti e comecei a assistir uma live de um famoso infectologista sobre a covid flutuando no ar, primeiro foram 2 metros, depois um pouco mais, agora ele flutua por mais de 10 metros, a máscara é obrigatória, mas só previne em parte.

Desliguei a live e voltei para a música e a bebida, fumando claro (fumo muito). Agora só falta o corona bater palmas na porta de casa e pedir para bater um papo e beber umas. Mas não adianta bater, que eu não vou deixar entrar.

A todo instante ia até a panela para sentir o cheiro. Com o caldo já encorpando peguei um copo com um bacon já fritinho e fiz um caldinho de aperitivo, delicia (estão sentindo o gosto e o aroma?).

Feijoada pronta me servi um prato colocando o arroz primeiro e por cima o feijão e as carnes. Estava ouvindo um pagode falando de amor, fiquei meio nostálgico, mas encarei o prato pensando: “vou engordar um um quilo e no mínimo entupir uma artéria”.

Ah lembrei das lives, quantas lives

Se cuide. Fique em casa e cozinhe. É terapêutico.

*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional

 

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1 Comentário

  1. “Para beber, copo de cristal, canequinha de folha-de-flandres,
    folha de taioba”. Prefiro uma ali do Turvo, a Mineiriana, branca, carvalho, ou amburana. “E a gente vai tomando, que também, sem a cachaça ninguém segura esse rojão.

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