A estratégia do PT pode dar certo e disputa presidencial caminha para ser entre Haddad e Alckimin no segundo turno
Rafael Jasovich*
O PT não pretende desistir tão cedo da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Enquanto dirigentes denunciam “violência” contra Lula, o partido pretende recorrer da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que negou, na madrugada do ultimo sábado (1º), registro ao petista.
Como ele está proibido de se apresentar como candidato, a ideia é seguir usando sua imagem na propaganda sem pedido formal de votos. O PT aposta na exposição como mecanismo de transferência de votos possível ao vice, Fernando Haddad.
Uma vez começada a campanha oficial de rádio e TV, os prognósticos começam a “sair da caixinha”.
Com uma leitura estrutural do cenário político eleitoral – e não imediatista e ‘espasmódica’ – entende que o eleitor fará dois movimentos, depois de impugnada a candidatura Lula: vai migrar para Haddad e para Alckmin, levando essas duas personagens para o segundo turno. Por tanto haverá duas transferências: de Lula para Haddad e de Bolsonaro para Alckmin.
Com o início do horário eleitoral gratuito, começará uma das operações mais interessantes desde a redemocratização. Trata-se daquela a ser realizada por Geraldo Alckmin (PSDB) para esvaziar a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), atraindo para si apoiadores do capitão reformado.
Ao que parece teremos uma contradição bem-vinda para os tucanos: paradoxalmente, o que mais ajudará o ex-governador paulista na tarefa será a ascensão do seu tradicional adversário, Lula.
E lança mão de sua tese: Com mais ou menos 40% das intenções de voto, o ex-presidente, mesmo impugnado pela Justiça, tem chance de colocar o vice Fernando Haddad no segundo turno.
Nesse caso, o eleitor antipetista ficará obrigado a pensar em quem teria mais chances de derrotar o PT na rodada final. E cedo ou tarde perceberá que, sendo o tucano mais moderado que o candidato do PSL, embora, também, nitidamente conservador (diferente de Marina Silva), reúne melhores predicados para o embate decisivo.
Por tudo isto reforço o publicado em meu articulo anterior. O embate no segundo turno será entre o PT e o PSDB.
Também em uma visão mais otimista de algumas lideranças do PT, o fato de Lula ser um preso político e a população enxergar isto como uma verdade, as chances de Haddad/Manuela ganhar a eleição no primeiro turno aumentam consideravelmente.
O que não podemos esquecer é que o antipetismo funciona como motor dos votos conta o partido (PT), mas também o tucano não é um candidato que empolgue e aí surgem inúmeras variáveis que começaremos a notar pelo meio do mês de setembro onde a situação estará mais clara.
*Rafael Jasovich é jornalista, advogado, secretário e fundador da Associação Gremial de Advogados da Capital Federal, membro da Anistia Internacional
Este comentário não reflete os resultados das pesquisas onde apontam Bolsonaro e Marina Silva ou Ciro Gomes no segundo turno.
PT e PSDB ficam fora do segundo turno nas eleições presidenciais.