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A conferência sobre saúde mental, em março, precisa ouvir o apelo de Sheila, dependente do crack

Fotos: Carlos Cruz

O município de Itabira é tido como um dos que registram os mais altos índices de suicídio no país, o que é contestado por muitos profissionais de saúde mental.

Mas é certo que o número de casos de autoextermínio é alto, o que evidencia a necessidade de se ter uma política pública de saúde mental preventiva dessa decisão extremada.

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Para isso, com certeza é preciso reestruturar o atendimento clínico, fortalecendo os Centros de Atendimento Psicossocial (Caps).

Itabira foi um dos primeiros municípios mineiros a instalar o Caps, na administração de Luiz Meneses (1989-92) – e desde então houve alguma evolução, mas é preciso mais investimentos para ampliar o atendimento, tornando-o mais eficaz e especializado.

Depressão e dependência

População de rua deve receber atenção especial da assistência social e de profissionais da saúde mental

Com o Caps Álcool e Droga (Caps AD), a dependência química passou a ter um atendimento especial no município.

Mas é preciso que se tenha mais investimentos, ampliando o quadro clínico e a assistência social às pessoas que sofrem com a dependência, que é também uma manifestação de distúrbio mental.

Foi o que pediu a dependente química Sheila, em depoimento na Câmara Municipal de Itabira, na terça-feira (8). As autoridades em saúde do município devem prestar atenção ao que ela disse:

“Eu queria deixar aqui a minha manifestação pública, já que muitas vezes eu não sou ouvida. Eu sou dependente química do crack e já faz três meses que não faço uso da droga. Eu sofri muito e a minha família também.”

“As pessoas não sabem o que passamos e acham que os dependentes químicos são vagabundos. Não sabem que é uma doença que precisa de tratamento e desconhecem o que levou a pessoa a esse tipo de situação.”

“Quem está precisando de receita tem que ir aos PSFs, onde não encontramos um especialista para nos atender. Eu queria pedir a vocês (vereadores) que olhem para essas pessoas que estão nas ruas vivendo essa situação. Só quem vive isso ou tem uma pessoa na família passando por isso sabe que não é fácil sair dessa situação.”

“Deus sabe o quanto tenho lutado e o tanto que tenho sofrido para chegar onde cheguei sem depender da droga. Desculpe-me por interromper a reunião (da Câmara), mas eu precisava dizer isso: nós precisamos de ajuda, de apoio dos vereadores, do prefeito para melhorar o atendimento de quem precisa.”

“A saúde mental está muito necessitada em Itabira. Está faltando profissionais. Falta assistência social e nós precisamos de apoio. Muitas pessoas nos veem como ‘noiada’, como pessoas que roubam, mas julgar é muito fácil. A Bíblia fala para não julgar para não ser julgado. O telhado de todo mundo é de vidro, todos estão sujeitos a qualquer coisa neste mundo.”

Conferência

O depoimento de Sheila é um apelo que precisa ser pautado na Conferência Municipal de Saúde Mental, a ser realizada no dia 11 de março, de 8h às 17h, no auditório da Fundação Comunitária do Ensino Superior de Itabira (Funcesi).

Com a conferência, que terá como tema A Política de Saúde Mental como Direito: pela defesa do cuidado em liberdade, rumo a avanços e garantia dos serviços da atenção psicossocial no SUS, é preciso que se abra também um intenso debate de como ampliar a assistência aos dependentes químicos, muitos moradores de rua.

Promovido pela Secretaria Municipal de Saúde, a conferência está sendo precedida por uma série de pré-conferências que acontece desde o dia 9 e se estenderá até o dia 24 deste mês.

“O momento é para avaliar o que já foi executado e traçar o que é necessário para melhorar os serviços prestados com relação à saúde mental”, diz nota da Prefeitura de Itabira distribuída à imprensa.

Nas pré-conferências serão eleitos os delegados que representarão a comunidade na I Conferência Municipal de Saúde Mental.

Confira a programação e os locais da realização das pré-conferências que ainda estão para acontecer. Participe.

DATALOCALHORÁRIO
16/02/22– Centro Comunitário João XXIII – R. Humberto Campos, 22015h
17/02/22(CRAS Pedreira) – R. Pintassilgo, 265 – Pedreira09h
18/02/22Online via TEAMS09h
21/02/22(Igreja Santo Antônio) – R. dos Engraxates, 13 – Jd Gabiroba18h
22/02/22Carmo (Salão da Igreja) – Rua Principal, s/n14h
23/02/22Prefeitura (Auditório)
24/02/22Ipoema (Salão da Igreja) – Rua Prof. Soares (ao lado do Museu do Tropeiro) 18h

 

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1 Comentário

  1. Auto-extermínio é uma dupla palavra desagradável, suicídio é mais correto. Qual o problema com o suicídio? Se é pra levar ao pé do jurídico, vocês precisam entender o significado de habeas corpus. A medicina não cuida da saúde- cadê os sanitaristas ?- e fica com o papinho pra estigmatizar os suicidas. O corpo é a única “coisa” que não pode ser violado por outrem, sacou, morou, pescou? E viva a brava gente que suicida!

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