Marcelo Paganini grava com Durga McBroom e Eumir Deodato

Em julho de 2016, Marcelo Paganini, compositor, multi-instrumentista e cantor franco-mineiro, além de produtor e cineasta de Belo Horizonte, há 34 anos residindo na França, ficou a matutar e perguntou a um amigo em comum se a cantora norte-americana Durga McBroom, que já trabalhou com a legendária banda Pink Floyd, aceitaria gravar algumas músicas com ele. As estrelas estavam alinhadas. Na ocasião, Durga estava fazendo uma turnê na Itália e aceitou o convite. Ela foi para a França e no estúdio de Marcelo Paganini, em um pequeno vilarejo da Normandie, gravou com ele durante dois dias, em agosto de 2016.

*Paganini (guitarra) e banda: Cristophe Bras (bateria), Marc Madoré (baixo) e Ricardo Defeo Fiuza (teclados). Na foto em destaque, Paganini com Durga McBoom (Fotos: Divulgação)*

O resultado está registrado em um EP de quatro músicas, intitulado B4ever now , lançado agora, em 1 de março deste ano em CD e também nas plataformas digitais. A música Crying with a smile abre o disco. E as estrelas internacionais reunidas na gravação com Paganini não se restringiram a Durga McBroom.

A lenda do jazz Eumir Deodato participa de Last BART to San Bruno e também da faixa título B4ever now tocando teclados. O Gran Finale é a épica 2012 Space Traffic Jam (em tradução livre 2012 O engarrafamento no Espaço), do álbum de mesmo nome lançado em 2014, como todas as outras composições desse CD.

*Durga McBroom já gravou com a lendária banda Pink Floyd*

As músicas foram remixadas e remasterizadas. Novos arranjos com o vocal de Durga McBroom transformam o repertório em uma nova experiencia musical, mesmo para quem conhece as versões de 2014. Marcelo Paganini tocou todas as guitarras, a maioria dos teclados e fez os arranjos. O francês Marc Madoré tocou o baixo, e o inglês Gary Husband, a bateria. Gary Husband tocou na IOU, primeira banda do Allan Holdsworth e hoje toca na banda do John Mc Laughlin… Prog rock jazz fusion pra era espacial digital com guitarra e vocais intersiderais.

Brincando sobre o nome da música 2012 Space Traffic Jam, Paganini ri: “Parece que o engarrafamento no espaço é bem acima das nossas cabeças. Aqui mesmo no planeta Terra… Quero dizer… Você viu todos esses vídeos na grande imprensa? Em modo: Disco voadores demais pra esconder”. A capa cósmica surreal com Marcelo Paganini, Durga McBroom e Eumir Deodato é obra da artista francesa Raquel de Miranda.

“Eu vivi toda minha vida para poder gravar com todos esses músicos maravilhosos. Especialmente com Durga McBroom. Ela é uma verdadeira diva, sua voz é pura paixão e poderes mágicos. Ela é simplesmente a melhor. Durga McBroom colocou minha música em outra dimensão”, admite, satisfeito com o resultado. “E que talento ela tem na frente de uma câmera, inacreditável.”

*Capa cósmica do CD com Paganini, Durga McBroom e Eumir Deodato, na obra da artista Raquel de Miranda*

Paganini admite que milagres realmente acontecem. “Mas tome muito cuidado com o que você deseja: ela veio, cantou e depois foi embora. Agora eu tenho o resto da minha vida para lidar com isso. Pelo menos ficaram as músicas e os filmes, que espero, trarão mais músicas e filmes com ela, e principalmente apresentações ao vivo. Ainda mais agora que a Durga McBroom se mudou pra Itália. Qual vai ser o primeiro festival que vai nos convidar?”, pergunta Marcelo Paganini, com ar de mistério.

Durante meses, o multi-instrumentista e cineasta mineiro trabalhou dia e noite produzindo o curta-metragem musical experimental Crying with a smile. O curta será exibido no circuito dos festivais de cinema antes de ser publicado na Internet.Porém, um teaser de 43 segundos foi postado no YouTube e Facebook. É ele quem conta:

“A música era sobre a vida e a morte de seres humanos, quando meu avô faleceu em 1989. Então eu me mudei para Nova Iorque: multidões de todas as origens em todos os lugares, durante os livres e selvagens anos 90. O sentido da vida e da morte das pessoas… Mas tudo mudou quando o rio Doce, no Brasil, morreu por causa da cobiça, em 2015. Ninguém fala sobre isso. Então o filme passou a ser sobre a sobrevivência de fontes, rios, lago, oceanos, sangue, suor e lágrimas. Diz da vida num sentido mais amplo. O lindo vilarejo com a ponte de pedra e a capela na beira do rio Sarthe, que aparece no filme, é Saint Cenery le Gerei, na França. Fica apenas alguns quilômetros de distância do meu estúdio.” Segundo ele adianta, um outro curta-metragem, B4ever now, encontra-se em fase de produção.

Foi durante o Cruise to the Edge, festival de prog rock num navio de cruzeiro com a banda YES e dezenas de bandas convidadas que Marcelo Paganini conheceu Durga McBroom. Apenas porque ganhou um concurso Facebook no último minuto. Escrito nas estrelas? Foi uma experiência que mudou a vida do músico mineiro de várias maneiras, como ele mesmo admite. “Todo amante de prog rock deveria ir ao menos uma vez, principalmente se cantar e tocar um instrumento e quiser participar da jam. Um cruzeiro com pessoas incríveis que são seus próximos melhores amigos. Em uma palavra: Vá! Muito obrigado Larry Morand”, agradece e convida Paganini, que prossegue:

“Eu escrevi uma música sobre a minha experiência no cruzeiro chamada Captain’s face que vai estar no meu próximo álbum. É em homenagem a uma pessoa que eu nunca encontrei pessoalmente, mas que teve um impacto considerável na minha vida musical. Claro que eu sonho em ser convidado pro próximo Cruise to the Edge que vai acontecer em fevereiro de 2019.”

Depois do lançamento do álbum 2012 Space Traffic Jam, em janeiro de 2014, Marcelo Paganini fez uma turnê de lançamento no Brasil, em dezembro daquele ano, com shows em Belo Horizonte e Rio de Janeiro. A turnê foi documentada no filme e álbum ao vivo First time in Rio. O álbum foi lançado na França em outono de 2017 com um show no Reveillon Jazz Café, em setembro. E um novo filme musical em outubro intitulado Live at Music Alençon, com o tecladista Ricardo Fiuza, baixista Marc Madoré e o baterista Christophe Bras. Vídeos foram postados no Facebook e foram assistidos milhares de vezes.