Ampari repudia ameaça de extermínio de cães e gatos na cidade
Uma ameaça anônima foi deixada na porta da casa de uma voluntária da Associação de Moradores e Protetores dos Animais da Região de Itabira (Ampari), na semana em que realizou, em Itabira, nos dias 16 a 19 de janeiro, um mutirão de castração de cães e gatos em parceria com a ONG Aliança Juiz-forana pela Defesa dos Animais (Ajuda), com apoio da Câmara e da Prefeitura (leia aqui).
“Quando ela (a voluntária) viu o pacote em sua porta, achou que era alguma doação de medicamentos. Quando abriu, assustou-se ao ver que continha formicida, com a ameaça de exterminar cães e gatos com esse veneno”, conta a presidente da Ampari, Kelley de Pinho Generoso.
Em nota, a Ampari repudiou a ameaça. “Sim, ainda temos, infelizmente, intolerância, covardia e crueldade em nossa cidade. Entendemos que existem pessoas que não se compadecem e nem tampouco apoiam a causa. Contudo, é a primeira vez que recebemos uma ameaça como esta e viemos a público responder tal atitude.”
A Ampari registrou boletim de ocorrência e espera que a ameaça seja investigada pela Polícia Civil, para que não volte a se repetir. “Quem faz esse tipo de ameaça não entende a importância da castração para a saúde do animal e da saúde pública. É por isso que faz oposição ao nosso trabalho.”
A ativista entende que divergir não é problema. Mas o que ela não admite – e repudia – é que se ameace os animais com envenenamento. Afinal, isso é crime passivo de severa pena – e merece o repúdio de toda a sociedade.
“Há quem veja na castração uma violência contra o animal, por achar que ele precisa ter uma vida sexual e reprodutiva ativa. A castração é para o bem da saúde pública e do animal”, sustenta a ativista da Ampari.
Compromisso
Segundo explicou em nota, a Ampari é uma ONG comprometida com o bem-estar das pessoas e dos animais na região de Itabira. Mesmo diante da ameaça, a entidade não se deixa intimidar. “Não vamos nos abater ou abaixar as nossas cabeças.”
E reafirma o compromisso de dar continuidade ao trabalho de conscientização, como também à luta para que o município tenha uma política pública de controle populacional ético de cães e gatos, assim como de zoonose.
Portanto, até quem tem uma visão antropocêntrica de considerar o ser humano como o centro do universo, deve avaliar positivamente o trabalho da Ampari. É que existem mais de 75 doenças comuns aos animais e ao ser humano – e que podem ser transmitidas e contraídas mutuamente.
Sem isso, cresce o risco de se alastrar doenças que podem ser evitadas com controle populacional de animais de rua e também de tutelados. A verminose, por exemplo, tanto pode ser transmitida pelo animal ao homem, como também pode ocorrer o contrário, principalmente em ambientes onde predominam a falta de saneamento básico.
Benefícios
Além do controle populacional ético de cães e gatos de rua e tutelados, a castração traz benefícios à saúde animal por prevenir diversas doenças. Realizada antes do primeiro cio, reduz para 0,5% as chances de a fêmea desenvolver tumor de mama ao longo de sua vida. Reduz também significativamente a possibilidade de o animal contrair doenças no sistema reprodutor, inclusive de se desenvolver câncer de próstata nos machos.
Ressalte-se, ainda, que a dosagem de anticoncepcionais, muitas vezes ministrada em animais tutelados, é altamente prejudicial por aumentar a predisposição a uma doença chamada de piometra, um distúrbio uterino causado pela aplicação de progesterona, hormônio feminino encontrado nesses medicamentos.
A castração é também considerada medida eficaz e ética no controle populacional. Um animal que deixa de ser castrado tem um ciclo reprodutivo que pode gerar sucessivas gerações.
Um casal de cães, ou gatos, tem capacidade reprodutiva para gerar 12 filhotes no primeiro ano, 66 no ano seguinte – e assim, sucessivamente. (Leia mais aqui http://tudosobrecachorros.com.br/castrar-ou-nao-castrar/).
Mutirão castrou mais de 180 animais
O mutirão de castração de cães e gatos foi considerado o maior esforço conjunto realizado em Itabira pela Ampari em parceria com a Câmara e o governo municipal. Participaram também outras entidades e voluntários que se dedicam à proteção de animais, em especial, de cães e gatos.
No total, foram castrados 184 animais, entre machos e fêmeas (126 cães e 58 gatos). Esse número representou 92% do objetivo inicial, que era castrar 200 animais. Segundo Kelley, esse número só não foi alcançado em decorrência de desistências. E também pelo fato de alguns animais previamente cadastrados não terem sido apresentados com boa saúde, o que é imprescindível para o sucesso da intervenção cirúrgica.