Câmara de Itabira ouve cobrança por acessibilidade na véspera do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência

Fotos: Divulgação/
Ascom/CMI

Coordenadora da Fraternidade Cristã denuncia falta de políticas públicas e vereadores prometem apoio à causa

Na véspera do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado nesta quarta-feira (3), convidada pelo vereador Elias Lima (Solidariedade), a coordenadora da Fraternidade Cristã de Pessoas com Deficiência de Itabira, Lúcia das Graças Ribeiro Silva, ocupou a tribuna da Câmara Municipal para cobrar direitos de acessibilidade e exigir a criação de políticas públicas voltadas ao atendimento da população com deficiência.

Em discurso firme e carregado de críticas, Lúcia Ribeiro salientou que a realidade vivida diariamente pelas pessoas com deficiência em Itabira é marcada por barreiras físicas e institucionais.

Ela destacou a precariedade dos serviços de saúde, onde faltam equipamentos adaptados e estrutura adequada para o atendimento. Denunciou também os obstáculos presentes nas ruas da cidade, como calçadas irregulares, ausência de rampas e sinalização insuficiente.

“A exclusão que vivemos diariamente é uma forma de negar nossa cidadania”, disse Lúcia Ribeiro, na Tibuna da Câmara Municipal de Itabira

Segundo a coordenadora, esses problemas não apenas dificultam a mobilidade, mas representam uma violação direta ao direito fundamental de ir e vir, previsto na Constituição.

“Quando uma pessoa não consegue chegar a um posto de saúde, atravessar uma rua com segurança ou acessar um prédio público, o que está em jogo não é apenas a mobilidade, mas o reconhecimento de seus direitos como cidadão”, afirmou.

Reforçou que a falta de acessibilidade não pode ser tratada como detalhe ou favor, mas como obrigação do poder público. “Não queremos privilégios, queremos igualdade.”

De acordo com a coordenadora, a cidade precisa ser pensada para todos, e não apenas para quem não enfrenta limitações físicas. “A exclusão que vivemos diariamente é uma forma de negar nossa cidadania”, disse Lúcia, ao cobrar medidas concretas e urgentes da administração municipal.

Repercussão entre os vereadores

O vereador Elias Lima, responsável pelo convite à coordenadora, ressaltou a importância de a Câmara abrir espaço para que a Fraternidade Cristã pudesse expor suas demandas diretamente ao Legislativo.

“A presença de vocês aqui é fundamental para que a cidade enxergue a realidade das pessoas com deficiência e para que nós, vereadores, possamos refletir e agir. Esta Casa está de portas abertas para a luta de vocês”, afirmou.

A mesma abertura teve o presidente da Câmara, vereador Carlos “Sacolão” Henrique Silva Filho (Solidariedade), que também prometeu apoio às reivindicações. Ele defendeu a desburocratização das ações e afirmou que a pauta da acessibilidade deve ser tratada como prioridade absoluta.

Carlinhos Sacolão reconheceu que a topografia de Itabira impõe desafios, mas reforçou que isso não pode servir de desculpa para a exclusão. Ele lembrou que a Casa Legislativa já passou por reformas para ampliar a acessibilidade, mas ressaltou que a discussão precisa avançar para fora do plenário, especialmente na revisão do Plano Diretor prevista para o próximo ano.

O vereador Bernardo Rosa (PSB) destacou a demora para instalação do elevador na Câmara, o que só ocorreu na presente legislatura, como exemplo da dificuldade de inclusão. Ele lembrou que já apresentou projetos voltados à acessibilidade, como a instalação de semáforos sonoros para pessoas com deficiência visual.

A vereadora Dulce Citi Oliveira (PDT) reforçou a importância da conscientização e da empatia, afirmando que a causa exige abraçar a luta coletiva.

O vereador Júlio “Contador” César de Araújo (PRD), de volta à Casa depois ocupar por quase um ano a Secretaria Municipal da Fazenda, reassumindo o mandato legislativo, recordou sua participação na criação do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência. E defendeu que “leis não podem ficar apenas no papel, mas precisam ser aplicadas de forma prática”.

Outros vereadores também se manifestaram. Jordana Madeira (PDT) trouxe a dimensão pessoal da inclusão ao citar familiares com deficiência – e também garantiu apoio às políticas públicas voltadas ao tema.

Políticas públicas de acessibilidade

Os pronunciamentos dos vereadores convergiram para o reconhecimento de que Itabira ainda precisa avançar de forma significativa na inclusão. A criação do Fundo da Pessoa com Deficiência e do Conselho Municipal foi lembrada como um passo relevante, mas considerado insuficiente diante da ausência de recursos e da dificuldade em transformar normas em ações práticas.

A presença da Fraternidade Cristã na Câmara foi apontada como essencial para dar visibilidade ao tema e manter pressão sobre o poder público, reforçando que a participação da sociedade civil é determinante para que políticas saiam do papel.

De acordo com o IBGE, o Brasil possui 14,4 milhões de pessoas com deficiência, equivalentes a 7,3% da população. Esse dado reforça a urgência de uma pauta municipal que vá além da legislação e se traduza em serviços e obras inclusivos, com atenção especial à mobilidade urbana e aos equipamentos públicos.

A coordenadora da Fraternidade Cristã ressaltou que não basta investir em infraestrutura física. Segundo ela, é necessário também capacitar recursos humanos, garantindo profissionais treinados para atender de forma adequada e respeitosa às pessoas com deficiência.

É assim que a inclusão deve ser tratada como política de Estado e não como ação pontual, assegurando cidadania plena e igualdade de oportunidades.

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