Experiência de gestão compartilhada no Parque do Alto Rio do Tanque fortalece ecoturismo em Itabira

Fotos: Divulgação/
Instituto Bromélia

Publicação revela avanços e desafios na parceria público-comunitária na Serra dos Alves, destacando o papel da comunidade na conservação e no turismo sustentável

Um estudo publicado na Revista Brasileira de Ecoturismo analisou a experiência de gestão compartilhada entre o poder público e a comunidade local no Parque Natural Municipal do Alto Rio do Tanque (PNMART), no povoado Serra dos Alves, no distrito de Senhora do Carmo, em Itabira.

Intitulado Uso público e percepção do visitante: a experiência de uma parceria público-comunitária no PNM Alto Rio do Tanque (MG), a publicação é assinada por Filipe Rodrigues Moura, do Instituto Bromélia, e Sandra Dalila Corbari, da Universidade Federal do Pampa.

Conforme registraram, entre setembro de 2022 e agosto de 2025, o parque recebeu mais de 30 mil visitantes, com média diária de quase 28 pessoas. A maioria buscava lazer individual, e a avaliação do atendimento foi amplamente positiva, com alta taxa de recomendação do local.

Segundo os autores, a atuação da comunidade local, por meio do Instituto Bromélia, foi essencial para fortalecer o sentimento de pertencimento, a conservação ambiental e a valorização cultural da região.

No entanto, Filipe Moura ressalta que “apesar dos resultados positivos, há ainda muitos desafios na gestão do uso público dos equipamentos, especialmente no que diz respeito à articulação entre os entes públicos, a manutenção da infraestrutura e a ampliação da participação social.

O parque e seu papel na proteção ambiental
Visitantes são recepcionados e orientados no portal do parque, quando recebem informações sobre trilhas, normas de conduta e a importância da conservação ambiental. A acolhida é realizada por membros da comunidade local, fortalecendo o vínculo entre turismo, educação ambiental e gestão participativa

Criado pela Lei Municipal nº 4.227, de 2 de outubro de 2008, o PNMART é uma unidade de conservação de proteção integral com cerca de 247 hectares de extensão.

Localizado no povoado de Serra dos Alves, no distrito de Senhora do Carmo, o parque abriga formações florestais, savânicas e campestres, além de paisagens de campos rupestres, cânions e cachoeiras de beleza cênica. A geologia local também é um atrativo à parte, com formações rochosas que encantam visitantes e pesquisadores.

Desde o segundo semestre de 2022, a gestão do parque passou a ser realizada por meio de uma parceria inédita da Prefeitura de Itabira com o Instituto Bromélia, uma Organização da Sociedade Civil que atua diretamente na conservação e no monitoramento da unidade.

Segundo o Observatório de Parcerias em Áreas Protegidas (OPAP), não há registros de outra parceria similar no Brasil, o que torna o modelo adotado em Itabira uma referência nacional.

Serra dos Alves: simplicidade, beleza e turismo consciente
Visitantes iniciam a caminhada ecológica pelas trilhas do parque: conexão com a natureza, educação ambiental, valorização do território e respeito à comunidade

O povoado de Serra dos Alves, onde está localizado o parque, é conhecido por sua simplicidade, acesso por estradas de terra e paisagens deslumbrantes.

O ecoturismo na região tem ganhado força nos últimos anos, com destaque para trilhas, banhos de cachoeira e observação de estrelas.

A comunidade local oferece serviços de guias, que enriquecem a experiência dos visitantes com informações sobre a história, a biodiversidade e os costumes locais.

“A valorização da cultura local e o envolvimento direto dos moradores na gestão do parque têm sido fundamentais para promover um turismo mais sustentável, seguro e educativo”, salienta Filipe Moura.

Caminhadas, passeios de bicicleta e atividades de contemplação são incentivadas, sempre com foco na preservação ambiental e no respeito ao modo de vida tradicional da comunidade.

Caminhos para o futuro do ecoturismo em áreas protegidas
Poço de água cristalina no parque é um dos muitos destaques entre as muitas cachoeiras da Serra dos Alves, localizada na Cordilheira do Espinhaço

O estudo reforça que modelos participativos de gestão são fundamentais para consolidar práticas de ecoturismo que respeitem os limites ecológicos, promovam inclusão social e valorizem os saberes e a cultura dos territórios.

Ao envolver diretamente a comunidade na tomada de decisões e na operação das unidades de conservação, esses modelos criam vínculos mais profundos entre os moradores e o ambiente natural, estimulando o cuidado com o patrimônio ambiental e cultural.

A experiência do Parque Natural Municipal do Alto Rio do Tanque (PNMART) evidencia que o diálogo contínuo entre o poder público e a comunidade local pode transformar desafios estruturais, como a manutenção da infraestrutura, o ordenamento da visitação e a capacitação de agentes locais, em oportunidades de desenvolvimento sustentável.

A atuação do Instituto Bromélia, por meio da parceria com a Prefeitura de Itabira, demonstra que a gestão compartilhada não apenas melhora a experiência dos visitantes, mas também fortalece o protagonismo da população na conservação da biodiversidade e na geração de renda por meio do turismo consciente.

Esse modelo aponta para um futuro em que as áreas protegidas deixam de ser espaços de acesso restrito e passam a ser territórios vivos, integrados à dinâmica social e econômica das comunidades que os cercam.

A replicação de iniciativas como a do PNMART pode contribuir para a construção de políticas públicas mais eficazes, que reconheçam o papel estratégico das populações locais na proteção dos ecossistemas e na promoção de experiências turísticas transformadoras.

A publicação completa está disponível na Revista Brasileira de Ecoturismo, no link: https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/21181/14367

 

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