Flitabira 2025 celebra Drummond, Verissimo e a literatura como força coletiva
Foto: @alnereis/ Divulgação
Festival literário de Itabira homenageia os 80 anos de A Rosa do Povo, os 120 anos de Érico Verissimo e reúne mais de 60 convidados em cinco dias de programação lítero-cultural
O Festival Literário Internacional de Itabira (Flitabira) chega à quinta edição entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro com homenagens centrais a Carlos Drummond de Andrade e Érico Verissimo.
O tema deste ano, Literatura, Encruzilhada e a Rosa do Povo, parte da obra mais politizada de Drummond, publicada em 1945, para discutir os dilemas contemporâneos e reafirmar o papel da literatura como espaço de memória, resistência e imaginação crítica.
É assim que, ao completar 80 anos, A Rosa do Povo é o eixo temático do festival. Escrita no contexto da Segunda Guerra Mundial, a obra marca o deslocamento de Drummond do intimismo para o coletivo, assumindo a voz do povo diante das ruínas do tempo.
O livro é símbolo da lírica social brasileira e inspira o Flitabira a pensar a literatura como ferramenta de enfrentamento das crises ambientais, ameaças democráticas e desigualdades sociais.
O Flitabira é patrocinado pela Vale, por meio da Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com o apoio da Prefeitura de Itabira. Todas as atividades da programação são gratuitas.
Érico Verissimo, patrono da edição
Em 2025, o festival também celebra os 120 anos de nascimento de Érico Verissimo, autor de obras fundamentais como Olhai os lírios do campo e a trilogia O tempo e o vento.
Verissimo é o patrono da edição e será homenageado com o ciclo de debates virtuais Érico Verissimo: 120 anos, que será realizado em parceria com o Sesc SP.
Participam do ciclo escritores, artistas e estudiosos como Jeferson Tenório, Luiz Ruffato, Paulo Scott, Itamar Vieira Junior, Sérgio Rodrigues, Eloar Guazzelli, Letícia Wierzchowski, Thiago Lacerda, Márcia de Lima e Silva e Fernanda Verissimo.
Autores homenageados
Quatro nomes centrais da literatura brasileira contemporânea também são homenageados nesta edição: Conceição Evaristo, com sua escrita de “escrevivência”, que afirma vozes silenciadas e propõe uma ética do cuidado; Ignácio de Loyola Brandão, cuja obra denuncia distopias sociais e políticas; Milton Hatoum, que retrata as tensões culturais da Amazônia e os deslocamentos da memória; Ana Maria Machado, referência na literatura infantil e adulta, com forte atuação na formação cidadã.
Esses autores participam de mesas de debate, rodas de conversa e sessões de autógrafos, ao lado de um conjunto plural de convidados que inclui Aírton Souza, Alessandra Roscoe, Alexandre Coimbra Amaral, Ana Paula Araújo, Ângelo Oswaldo, Calila das Mercês, Camila Fabbri, Cláudia Flor D’Maria, Dona Rosinha.
E mais Edmílson Caminha, Eliane Marques, Fabiano Piúba, Flávia Ayer, Geni Núñez, Ilan Brenman, Isabela Noronha, Leo Cunha, Lívia Sant’Anna Vaz, Matheus Leitão, Miriam Leitão, Morgana S. Kretzmann, Paloma Jorge Amado, Paulo Scott, Pedro Drummond, Ricardo Ramos Filho, Seu João Xavier, Silvana Tavano, Simone Paulino, Taiane Santi Martins, Teresa Cárdenas, Tino Freitas, entre outros.
Programação e atividades
A programação contempla autores e autoras nacionais e internacionais, com diversidade de origens sociais e gêneros. Estão previstas atrações infantis e juvenis, lançamentos de livros, oficinas, exposição, música.
Tudo isso, além do espaço Flitabira da Gente, que reúne empreendedores locais na avenida Daniel de Grisolia, ao lado do Teatro da FCCDA. O espaço contará com estandes de artesanato, gastronomia, tranças e produtos culturais, promovendo o comércio local e a economia criativa.
Uma grande livraria integra a estrutura do evento, que também realiza o Prêmio de Redação e Desenho com o tema A literatura na encruzilhada – O valor do livro e do escritor na vida de um país.
Voltado para estudantes de 4 a 18 anos, o concurso é dividido em seis categorias: três de redação e três de desenho. E contempla também a participação de pessoas com deficiência.
Os primeiros colocados recebem R$1.000, os segundos R$500 e os terceiros R$300. A cerimônia de premiação acontece em 1.º de novembro.
Todos os documentos, incluindo o regulamento da premiação e as folhas de desenho e redação, estão disponíveis em flitabira.com.br.
Professores dos alunos premiados ganham livros selecionados pela organização. As inscrições vão de 1.º de setembro a 21 de outubro, e os trabalhos devem ser enviados pelas escolas para o e-mail redacao@flitabira.com.br.
Lançamento de livros
Autores independentes terão a oportunidade de lançar suas obras gratuitamente durante o festival. Para isso, basta preencher o formulário disponível no site do festival até 17 de outubro. Para participar, inscreva-se aqui.
A produção do evento agenda data e horário, e os livros podem ser vendidos diretamente pelos autores, sem cobrança de comissão. Dois exemplares de cada obra serão doados para bibliotecas da cidade de Itabira.
Destaque para o lançamento de Memórias do Meu Quilombo (Editora Pallas), de Maria do Rosário dos Santos, a Dona Rosinha, liderança quilombola nascida e criada no Quilombo Morro Santo Antônio, em Itabira. O evento acontece na quinta-feira, 30 de outubro, às 19h, em uma mesa especial com Fabiano Piúba, secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura, e Conceição Evaristo, autora do prefácio da obra, com mediação de Marcelino Freire. Após a conversa, haverá sessão de autógrafos com a autora.
O livro nasce de um encontro ocorrido durante a terceira edição do festival, em novembro de 2023, quando Conceição Evaristo e Fabiano Piúba visitaram o quilombo a convite do Flitabira. Na ocasião, entre conversas e café compartilhado, Dona Rosinha relatou suas memórias — histórias guardadas por décadas, contadas com emoção, humor e resistência. A força da narrativa motivou a proposta de transformar os escritos da autora, registrados em cadernos escolares, em livro.
O lançamento do livro simboliza um dos compromissos centrais do Flitabira: valorizar a bibliodiversidade e dar visibilidade às vozes que compõem a paisagem humana de Itabira. Como afirmou Fabiano Piúba: “A Flitabira é um ambiente para o exercício do direito cultural e educacional. Ela promove a democratização do acesso aos livros, a formação de leitores e valoriza a literatura brasileira.”
Compensação ambiental
O Flitabira mantém o convênio com o Instituto Terra, fundado por Sebastião Salgado e Lélia Wanick Salgado, para compensar as emissões de carbono geradas pela realização do festival.
A parceria contempla o plantio de árvores e o cultivo de espécies nativas na região da Bacia do Rio Doce, área de atuação da instituição localizada em Aimorés, no interior de Minas Gerais.
Além da restauração florestal, o convênio apoia ações de educação ambiental e formação de jovens profissionais especializados.
Para os próximos anos, estão previstas iniciativas de recuperação de nascentes, uma das frentes de excelência do Instituto Terra em seus 27 anos de atuação.
Serviço
5.º Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira
De 29 de outubro a 2 de novembro, quarta-feira a domingo
Local: programação presencial na Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (Av. Carlos Drummond de Andrade, 666, Centro) e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @flitabira
Entrada gratuita
Programas como flitabira são a cápsula dourada do capitalismo. Fomos derrotados