Governo adia regulamentação da cannabis para ampliar debate e incluir plano de ação

Foto: Cannabis Vera/
Pixabay

O governo brasileiro adiou para setembro a regulamentação da produção de cannabis para fins medicinais e científicos, uma decisão que, embora represente uma espera maior para o setor, foi vista de forma positiva por especialistas, associações e empresas.

É que o adiamento permitirá a construção de um plano de ação detalhado e a participação de mais atores no processo de definição das regras.

A expectativa inicial era que a regulamentação fosse anunciada nesta semana, atendendo à determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que exigiu a definição de um marco regulatório para o cultivo e produção de medicamentos derivados da planta no Brasil.

No entanto, a Advocacia-Geral da União (AGU) optou por ampliar o debate e envolver diversos ministérios, visando garantir uma regulamentação mais sólida e abrangente.

Com a regulamentação, espera-se que haja uma expansão significativa no acesso aos tratamentos, redução de custos e fortalecimento da indústria nacional.

Atualmente, muitos pacientes precisam recorrer à Justiça para obter medicamentos à base de cannabis, e a nova regulamentação pode eliminar essa barreira, tornando o processo mais acessível e menos burocrático.

Além disso, o cultivo nacional pode reduzir a dependência de insumos importados, barateando os produtos e permitindo maior desenvolvimento tecnológico e científico no país.

Potencial no agronegócio e na indústria

Outro ponto importante é a integração do agronegócio na produção de cannabis medicinal.

O cânhamo industrial, uma variedade da planta com baixo teor de THC, está sendo discutido como uma alternativa sustentável e economicamente viável para o setor agrícola.

Ele pode ser utilizado na fabricação de produtos como tecidos, bioplásticos e cosméticos, além de ter aplicações na construção civil e na alimentação animal.

Descriminalização do uso recreativo e próximos passos

Sobre o uso recreativo da maconha, o Supremo Tribunal Federal (STF) descriminalizou o porte para uso pessoal, o que representa uma mudança significativa na abordagem legal da substância.

No entanto, ainda não há uma regulamentação específica para a comercialização e produção voltada ao consumo recreativo. O debate sobre a legalização completa continua, com especialistas apontando que uma regulamentação bem estruturada poderia reduzir o tráfico e gerar benefícios econômicos.

A decisão do governo marca mais um capítulo na construção de um marco regulatório para o setor de cannabis medicinal no Brasil, um tema que tem gerado debates acalorados entre setores políticos, jurídicos e científicos.

A expectativa agora se volta para setembro, quando o novo plano deve ser apresentado e pode definir os rumos da produção e comercialização desses medicamentos à base de cannabis no país.

 

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