Itabirano é selecionado pelo MEC para participar do projeto Parlamento Juvenil do Mercosul com proposta ambiental urgente e necessária

No destaque, o estudante João Ricardo, aluno do Parlamento Jovem, da Câmara Municipal de Itabira

Foto: Reprodução

A proposta seleicionada visa criar Corredores Verdes e Dia Verde no Mercosul como meios para melhorar a realidade ambiental em cidades mineradas

O estudante João Ricardo Nunes Zeferino, 17 anos, aluno da Escola Estadual Professor Emílio Pereira de Magalhães, em Itabira, apresentou uma proposta inovadora intitulada Corredores Verdes e Dia Verde no Mercosul e foi selecionado para participar do projeto Parlamento Juvenil do Mercosul (PJM), uma iniciativa do Ministério da Educação (MEC), que promove o protagonismo juvenil em discussões sobre os sistemas educacionais e temas relevantes da América Latina.

O projeto do MEC reúne 81 estudantes de todo o Brasil, com seis representantes de cada estado. Prevê uma etapa nacional preparatória que inclui uma votação popular para a escolha da melhor proposta. Os candidatos realizarão campanha eleitoral de 10 a 18 de fevereiro, seguida pelas eleições, marcadas para os dias 19 a 21 do mesmo mês.

Os três candidatos que receberem o maior número de votos não apenas representarão seus estados, mas também participarão, em julho, de um curso de formação em Brasília, onde serão capacitados para atuar como parlamentares juvenis.

Após a formação, será escolhido um titular e dois suplentes para representar oficialmente o Brasil no encontro internacional do PJM, que será realizado no período de 11 a 13 de agosto, em Foz do Iguaçu (PR). O resultado preliminar da seleção será divulgado em 24 de fevereiro, e o oficial, no dia 7 de março.

João Ricardo é ex-aluno da escola do legislativo da Câmara Municipal de Itabira. Participou do Parlamento Jovem de Minas Gerais em 2024, representando a sua terra natal na etapa final do projeto. Atualmente, ele é Diretor Social e de Eventos da Interassociação dos Moradores dos Bairros de Itabira.

Para elaborar o projeto selecionado, o estudante contou com orientação da professora Gabriela Lhorrana Ribeiro Ferreira, da Escola Estadual Professor Emílio Pereira.

Corredores Verdes e Dia Verde no Mercosul

O projeto de João Ricardo inclui a criação de corredores verdes que conectam ecossistemas e melhoram a qualidade de vida urbana. Além disso, propõe a implementação do Dia Verde, um evento anual de plantio de árvores nativas com a participação de estudantes, comunidades e governos locais.

Essa iniciativa busca integrar educação ambiental com ações práticas de preservação, fortalecendo a biodiversidade e a resiliência urbana, além da participação juvenil em ações ambientais que mudam as vidas das pessoas.

“Regiões que enfrentam intensa exploração mineral e expansão urbana sofrem com a destruição de habitats naturais, aumento das temperaturas urbanas, piora na qualidade do ar e elevação do risco de enchentes. A ausência de áreas verdes compromete a resiliência das cidades frente às mudanças climáticas”, defende o jovem estudante itabirano.

Serra do Esmeril vista da pracinha do Pará: a motosserra da Vale cortou sem dó nem piedade a exuberante floresta nativa para abertura das Minas do Meio sem compensação ambiental, uma dívida que persiste nos dias atuais (Foto: Tibor Jablonsky e Ney Strauch/IBGE, 1952)

Combate à degradação ambiental

A proposta de João Ricardo visa combater a degradação ambiental e a perda de áreas verdes em cidades mineradoras do Mercosul, como é o caso de Itabira, que tem as maiores minas a céu aberto do país, emitindo grande volume de poeira, sendo uma das cidades menos arborizadas do país.

Ele propõe a criação de corredores verdes nas cidades, conectando ecossistemas e promovendo a biodiversidade. Inclui a instituição do Dia Verde, que será dedicado ao tema com debates e ações nas escolas e comunidades, promovendo o plantio de árvores nativas por estudantes e voluntários, com apoio das prefeituras e orientação de especialistas ambientais.

“As mudas devem, preferencialmente, serem adquiridas de produtores da agricultura familiar, fortalecendo a economia local”, defende João Ricardo.

A ação proposta pelo estudante inclui ainda a produção de materiais educativos sobre a importância das áreas verdes, com foco em botânica, biodiversidade e ciclos biogeoquímicos, para educar as gerações atuais e futuras sobre preservação ambiental.

“O projeto visa também recuperar áreas degradadas, fortalecer a cultura da sustentabilidade, melhorar a qualidade do ar, regular o clima urbano e promover um ambiente mais saudável e resiliente para todos”, explica João Ricardo.

Desafios das cidades mineradas

Em Itabira, a maioria das ruas e avenidas de Itabira não conta com arborização, como é o caso dessa rua no bairro que só tem ipê no nome (Foto: Carlos Cruz)

Segundo constatou o estudante, com base em ampla bibliografia e publicações em jornais e portais de notícias, inclusive neste site Vila de Utopia, a degradação ambiental em cidades mineradas, como é o caso de Itabira, é também consequência da expansão urbana desorganizada, sem os cuidados paisagísticos e ambientais necessários nestes tempos de mudanças climáticas.

As cidades mineradas sofrem também com a grande devastação de áreas verdes, como ocorreu na Serra do Esmeril, em Itabira, para abertura de frentes de lavras, em meados da década de 1980, alterando profundamente o microclima em toda a cidade. E não foi executada compensação ambiental por essa devastação, que provocou o corte raso de milhares de árvores nativas, remanescentes da Mata Atlântica.

Passados todos esses anos, a cidade de Itabira continua sendo uma das menos arborizadas do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), com apenas 25,2% de suas vias públicas arborizadas. Com isso, quase não tem sombra e a população sofre com o sol escaldante – e com a poeira que poderia ser em parte contida se mais árvores existissem, além de amenizar o calor.

Em decorrência, a cidade ocupa a 4.980º posição entre os 5.570 municípios brasileiros no ranking dos mais arborizados. Ou seja, somente 581 municípios brasileiros contam com menos árvores no perímetro urbano que Itabira, a cidade que um dia já foi do Mato Dentro (confira aqui https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/itabira/panorama).

Segundo observou o estudante, “a falta de áreas verdes contribui para o aumento das temperaturas, piora da qualidade do ar e risco de inundações”, afirma João Ricardo. “Os projetos Corredores Verdes e Dia Verde no Mercosul propõem criar e preservar áreas verdes urbanas, promovendo a adaptação climática.”

Ainda de acordo com ele, a perda de áreas verdes aumenta as temperaturas urbanas, criando o efeito de ilha de calor. “Sem vegetação, o solo perde a capacidade de absorver a água da chuva, elevando o risco de enchentes e erosão. A falta de conscientização e educação ambiental entre a população local dificulta a preservação desses espaços”, observa criticamente o estudante, sintonizado com o que acontece no mundo em tempos de mudanças climáticas.

Uma proposta para o presente e o futuro

Está aí um estudo de um jovem estudante itabirano, com propostas que a Prefeitura de Itabira deveria encampar, criando hortos florestais em áreas verdes (institucionais) nos bairros da cidade, promovendo mais  arborização de praças e canteiros centrais com espécies adequadas (nada de palmeira imperial, inadequadas, como se vê na avenida João Pinheiro), com menos cimento e asfalto.

São medidas que se implantadas desde já tornarão o clima na cidade mais ameno, uma urgente necessidade nesses tempos em que o mundo se depara com ondas de calor devastadoras e eventos climáticos extremos.

 

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