À espera
Amanda Drumond*
A espera
Esperança
Pede fiança
Paga logo a conta
Cala e consente
Chora e revolta
Faz esperar mais uma vez
Ela que nunca morreu
Está à espera do penúltimo
Sentada
Velha
Cansada
Como aquela mula da fazenda
Ela sentava
E esperava
Chamava esperança
Todo mundo dizia que ela seria a última a morrer
Morreu antes de mim
Talvez a antepenúltima
A sorte
Dotada de ajuda divina
Fita amarrada
Desejo de novo
Salgada a água do mar
Minha lágrima
Minha fonte
Recarrega a sede
Por novo horizonte
Cavalgava em cavalo bravo
Convidava a sorte para entrar
Agora em mesa de 3
Sentadas
Com a vacina em dia
Ouço gritos
Eles gozam da noite perversa
Os graves e agudos
Misturam com a batida urbana
Esperavam o clássico
O estético
Se depararam com a deformidade
De não saber viver,
ou não,
com esperança.
*Amanda Drumond é artista-plástica, escritora, poeta brasileira contemporânea, conhecida por sua escrita sensível e marcante. As suas poesias, crônicas e contos abordam temas como amor, feminilidade, empoderamento e autoconhecimento, muitas vezes explorando a dualidade entre força e vulnerabilidade.
Esperando … Esperança…. Esperanto!