Laços de sangue e de crime em Itabira do Matto Dentro – Arruaceiros de bengala

Sob os Arcos da Lapa, em 7/10/2023 -MCS

Fotos e pesquisas:
Cristina Silveira
1893 Bengaladas. Depois da missa na Igreja Matriz

No dia 25 corrente, quando terminava a missa paroquial e o povo saia da Matriz em grande quantidade, os senhores tenente Carlos de Paula Andrade e Olympio Braziliense de Oliveira, em frente à casa do sr. João Guedes Torres, contigua à do sr. delegado de Polícia travaram-se de razões recebendo em seguida o sr. Braziliense algumas bengaladas, e puxou o mesmo nessa hora um bom revólver, que segundo dizem, foi comprado para esse fim, por haver prevenção a respeito.

Foi a arma meneada por todos os lados, mas por felicidade dos inúmeros transeuntes, o seu dono não a disparou para lado algum, e, deixando no lugar o chapéu, atirou-se pela rua abaixo, sempre com a arma em punho. O sr. José Alves de Castilho como amigo, pedindo ao tenente Carlos, e depois ao sr. Braziliense as armas que os mesmos traziam foi atendido, e assim terminou-se a questão.

A nota alegre do fato foi dada pelo sr. delegado, que, vendo de sua janela o bom revólver apontar-se para todos os lados, e a bengala cair às costas do sr. Braziliense, instigado pelo nosso informante a entrar na questão, deu-se pressa em responder:

– Vou mudar o paletot e já vou.

Vai com vistas ao dr. chefe de Polícia, para que nos mande um delegado fardado, que não vá mudar o paletó, quando a vida dos transeuntes estiver à mercê dos bons revólveres.

[A Itabira, 31/12/1893. BN-Rio]

1894 Bengaladas. O valentão das quixotadas

Seção de todos. Alfredo Drummond aos seus concidadãos. Senhores redatores da “A Itabira” – Estando na casa da Câmara desta cidade o sr. professor José Augusto Gonçalves, responsabilizando-lhe eu pela publicação que foi, há pouco, inserida em vosso jornal relativamente a um processo que o mesmo professor, como procurador de um indivíduo que se dá pelo nome de Braziliense, apressou-se a dar-me explicação mui delicadas, e que, como vereis, tinham por objetivo eximi-lo da autoria do artigo à que me refiro, atribuindo-o à exclusiva responsabilidade dessa ilustrada redação.

De minha parte agradeci-lhe a explicação, testemunhado, porém a sua declaração perante os senhores Drummond, deputado Federal, e João Baptista Rosa, honrado negociante desta praça. Senhores redatores, chegado que fui ao vosso escritório, vós, com altivez e honestidade, que são o apanágio dos vossos sentimentos, me apresentastes o autógrafo.

Li, e vi que tudo partia do professor, em questão. O verbo ir achava-se escrito com h para maior nota cômica do improvisado advogado! Então, encontrando-me com ele em frente à casa do digno sr. Cassimiro Acácio, estigmatizei lhe com veementes frases a ignominia de seu ato, traindo essa redação, para insultar-me!

E, estabelecido o diálogo, ele agrediu-me pelas costas, dando-me uma bengalada. Para defender-me da injúria disparei-lhe um tiro, cujo projetil não o acertou. Então, voltando ele à carga atirei-lhe, como um escárnio a garrucha pelas faces que não se coraram para, com todo despejo, dizer a quem o encontrava que a mesma arma caíra em consequência de uma bengalada!

Felizmente esta mentira não fará efeito, porque muita gente foi testemunha presencial do fato, estando nesse número o correto e honradíssimo sr. tenente coronel Emerenciano Santhiago. Para aniquilá-lo de vez, e não estar o ilustre advogado a fazer exercícios bélicos, que a sua fraqueza não pode resistir, dei-lhe forte cacetada com um cabo de chicote, prostrando-o e fazendo pagar-me com o sangue a torpeza de seu procedimento.

Não me arrependo do que fiz. A honra para mim vale o sacrifício da própria existência, devo dizê-lo. Quem o contrário pensar aviltar-se-á aos próprios olhos.   É verdade, que, de uma bengalada caiu-me o chapéu que deixei de apanhar porque, em bora seja muito apta e violentíssima a besta, que eu cavalgava, apeando-se não permite que se a monte. Não pense, pois, o velho que deixei de fazê-lo por medo de prisão, que não tenho.

O meu adversário tem teiró de muito tempo comigo devido a publicação de um artigo da Pátria Mineira, escrito por mim, no qual eu o debicava por ele ter feito uma conferência sui generis em Dionizio, hostilizando a candidatura do dr. Costa Sena, meu correligionário político.

Eu estava no direito de fazê-lo assim como ele achava-se com liberdade bastante para conferenciar em Dionizio. Ambos exercíamos um direito, que meu próprio adversário não pode negar-nos. Mas o direito que ele mostra conhecer, sinto não compreendê-lo: “É ele ter por habito bater-se em duelo mesmo em Ouro Preto donde voltará valentão das quixotadas

São estas as explicações que ofereço ao juízo da opinião severa e particularmente aos meus amigos, de quem tenho recebido as mais delicadas manifestações de dor e sentimento.

Em ocasião passada entregar-me-ei e a minha sorte ao majestoso tribunal de Justiça, sempre nobre e elevado. Não pedirei aos senhores jurados um favor; se julgarem-me um réu condenem-me certos de que acatarei com todo respeito a decisão soberana dos meus pares. A minha urbanidade e energia mantê-las-ei conforme o procedimento do meu adversário de quem acho-me as ordens quando e como quiser.

Alfredo Drummond. Serro Azul, 20 de março de 1894.

[A Itabira, 1/4/1894. BN-Rio]

Arcos da Lapa, Ri, em 12.7.2023-Foto: MCS
1894 Bengalas. O cacetete e a garrucha

Do ilustre professor sr. José Gonçalves, advogado do sr. Olympio Braziliense de Oliveira, para tratar do processo, que este intenta contra o sr. Alfredo Augusto Drummond, recebemos a seguinte comunicação.

“Olympio Braziliense de Oliveira, trata de processar Alfredo Drummond, pelo crime de tentativa de ofensas físicas. A audiência marcada para a inquirição de testemunhas, foi a do dia 3 do corrente.”

Nela se achava o juiz, testemunhas, etc. E quando ia para assisti-la o autor Olympio, foi por Alfredo cercado em frente à casa do cel. Monteiro, estando Alfredo armado de cacetete e garrucha. Olympio teve de voltar para a casa correndo para não ser vítima de cacetete e da garrucha de Alfredo, ou perder-se.

A Itabira (Itabira), MG, 11/3/1894. BN-Rio]

Bezerra da Silva, Rua Joaquim Silva, Rio-10.7.2023-MCS
1894 Bengaladas. Uma explicação

Srs. Redatores da “A Itabira”. No dia 17 do mês passado, depois de alguns momentos da luta havida entre os senhores Alfredo Drummond e José Augusto Gonçalves, encontrando-me com este em frente à Câmara Municipal, conduzido por seus parentes e amigos, do lugar do conflito para sua residência, em conversa sobre o fato que havia se dado, tive necessidade, e mesmo dever, na qualidade de obscuro colaborador de vosso conceituado periódico, de protestar contra violentas frases do sr. José Antônio Drummond, que dizia ser a “A Itabira”, por suas intrigas, o causador da luta que havia se dado entre os srs. Alfredo Drummond e José Augusto.

Para fazer cair por terra essa injusta acusação do sr. José Antônio Drummond, é bastante uma pergunta: Se a “A Itabira”, que é odiada pelo sr. Drummond, que tem sido por diversas vezes atacada por ele, tendo sempre se colocado na defensiva, é a responsável por esse último fato, quem será então pelo fato que o sr. José Augusto Gonçalves publicou em suas colunas e que o próprio sr. Alfredo Drummond, cavalheiro, que não nega seus atos, não desmentiu?

Mas, srs. Redatores, isto não é a principal questão que venho trazer a público, porque essa ficou ali mesmo vencida. O que eu não estranhei de um adversário desleal, mas de que ainda não pude compreender o fim, foi o próprio sr. Drummond embora a nossa questão se desse em presença de muitos cavalheiros, dizer que eu o havia ameaçado com um revólver!…

Aí seguem as respostas de cartas que dirigi a distintos cavalheiros desta cidade os quais estão acima de qualquer suspeita de faltarem à verdade. As duas primeiras, provam que o sr. Drummond adulterou os fatos, falando com a seriedade própria de um homem de bem, e as últimas desfazem os falsos boatos, restabelecendo completamente a verdade. Seguem-se as repostas:

Itabira, 4 de abril de 1894.

Ilmo. Sr. Ladislau Carlos Horta. Rogo-lhe o favor de dizer-me ao pé desta, de quem V.S.ª. ouviu que, no dia 17 do mês p. passado, em uma discussão que tive com o sr. José Antônio da Silveira, eu o havia ameaçado de revolver em punho. Peço também autorizar-me a fazer de sua resposta o uso que me convier.

O amgº  Obrº. e Crº.

João Alves de Castilho

Itabira, 4 de abril de 1894.

Ilmo. Sr. João Alves de Castilho. Respondendo a sua carta supra, tenho à dizer que ouvi do próprio comendador José Antônio, que V.S.ª. o havia ameaçado de revolver em punho, na discussão que tiveram. Podeis fazer desta o uso que convier.

Itabira, 5 de abril de 1894.

O amgº  Obrº. e Crº.

Ladislau Carlos Horta.

*****

Itabira, 4 de abril de 1894.

Ilmo. Sr. Desembargador José Antônio de Sampaio.

Tudo esperando de vosso cavalheirismo, ouso importunar vos pedindo o favor de dizer-me ao pé desta, de quem v.s. ouviu que, no dia 17 do mês p. passado, em uma discussão que tive com o sr. José Antônio da Silveira, eu o havia ameaçado de revolver. Peço-vos mais o obséquio de autorizar-me a fazer de vossa resposta o uso que me convier.

Com estima

Vosso Amgº. Obrº. e Crº.

Ilmo. Sr. João Alves de Castilho.

Respondendo a carta supra de v.s.

No dia 18 do mês passado, as 6 horas da manhã, encontrei-me com o sr. José Antônio da Silveira Drummond, em frente da casa da Câmara Municipal; chamando-o de parte, pedi me orientasse sobre um conflito havido, na tarde do dia anterior, entre os srs. Alfredo Drummond e José Augusto Gonçalves, anuindo ao pedido que lhe fiz, disse-me: que o conflito se havia dado, e que felizmente os ferimentos de ambos eram leves, que a seu conselho se havia retirado da cidade seu genro Alfredo Drummond.

Na pequena conversa que tivemos, sobre as intrigas existentes, ele disse também, que v.s. no dia do conflito o havia ameaçado com um revólver. Pode v.s. fazer desta resposta o uso que quiser.

Seu Amgº. Obrº. e Crº.

José Antônio de Sampaio

S.C. – 5 de abril de 1894.

*****

Itabira, 18 de março de 1894.

Ilmo. Sr. capitão Elias de Paula Andrade.

Tendo V.S.ª. presenciado uma discussão que tive com o sr. José Antônio da Silveira Drummond, em frente à Câmara Municipal, após o conflito havido entre os srs. Alfredo Drummond e José Augusto Gonçalves, no dia 17 deste mês peço-lhe o obséquio de responder-me ao pé desta o seguinte: V.S.ª. viu-me agredir ao dito sr. Silveira, usando de qualquer arma ofensiva?

Na discussão, embora em voz alta, eu dirigi ao dito sr. alguma palavra menos correta que o pudesse ofender?

Rogo-lhe também o favor de autorizar-me a fazer de sua resposta o uso que me convier pelo que serei agradecido. Sou com estima e consideração. De V.S.ª.

Amº Obr.º. e Crº.

Cidade de Itabira, 3 de abril de 1894

Ilmo. Sr. João Alves de Castilho.

Tenho presente sua carta de 28 do p.p. mês em que me fez diversas perguntas que, respondo. O pouco tempo em que presenciei a discussão de V.S. com o comendador Drummond, não vi servir-se de armas ofensivas, e nem palavras que não fossem corretas, apesar de alteradas. É o que tenho a dizer, podendo fazer o uso que quiser desta.

Sou com estima e consideração.

De V.S.ª.

Amº Obrº. e Crº., Elias de Paula Andrade

*****

Cidade de Itabira, 3 de abril de 1894

Ilmo. Sr. João Alves de Castilho.

De posse de vossa carta de março próximo findo sobre a discussão que tivestes com o comendador Drummond, em frente à Câmara Municipal desta cidade, cumpre-me declarar-vos que, 1º. tendo eu chegado ao lugar da discussão em seus últimos momentos, não vi em vossas mãos revolver ou outra qualquer arma – 2º., embora fosse atraído ao lugar da discussão pelas vozes que eram altas e em tom fora do regular em conversação ordinária, não ouvi, nos poucos momentos, em que estive presente, palavra alguma de vossa parte, que pudesse ofender os melindres do comendador.

Tendo assim satisfeito os vossos desejos, expressos na carta, que ora respondo, creio ter dito quanto basta para restabelecer a verdade dos fatos sucedidos, e que, me parece, não sei com que intuito, já andam adulterados.

Podeis fazer desta o uso que melhor vos convier.

Do amº Obrº. e Crº., João F. de Paula Andrade

*****

Cidade de Itabira, 28 de março de 1894

Ilmo. Sr. dr. Pedro Nestor de Salles e Silva.

No dia 17 deste mês, após o conflito entre os senhores Alfredo Drummond e José Augusto Gonçalves, tendo V.S. assistido uma discussão que tive em frente a Câmara Municipal com o sr. José Antônio da Silveira, peço-lhe o obséquio de responder-me ao pé desta o seguinte:

Viu-me v.s. agredir ao dito senhor com qualquer arma ofensiva?

Nessa discussão em voz alta, ouviu-me v.s. dirigir ao mesmo alguma palavra que o devesse ofender?

Abusando de sua bondade, peço-lhe mais o obsequio de concede-me autorização para fazer de sua resposta o uso que me convier.

Sou com subida estima

De V.S.

Amigo Obrigado e Criado, João Alves de Castilho.

Itabira, 4 de março de 1894.

Ilmo. Sr. João Alves de Castilho.

Respondo a sua carta de 28 de março p. passado, ou antes as duas perguntas que me fez, sobre um pequeno incidente que houve entre V.S. e o meu distinto amigo comendador Drummond, incidente que não teve a mínima importância, que não passou de uma discussão entre adversários políticos.

A primeira pergunta, responderei que não vi V.S. com arma ofensiva, agredir ou ameaçar o comendador Drummond.

Quanto a segunda, direi que apesar de não ter assistido a discussão desde seu começo, não ouvi V.S. pronunciar palavra alguma que pudesse molestar o caráter, ou dignidade do meu amigo Drummond.

Creio que assim tenho respondido satisfatoriamente a sua carta, podendo fazer desta minha resposta o uso que bem lhe convier.

De V.S. Amigo obrigado, Pedro Nestor de Salles e Silva.

*****

Agora ao sr. João Bicudo de Alvarenga, para que não se queixe de que não fiz caso de seu (?) artigo pelo “Correio” de 5 deste mês.

Permita-me s.s. dizer-lhe alguma coisa usando de frases e palavras suas, as quais irão grifadas.

Se vós verdes que a palavra infeliz é um termo muito bravio, como certo artigo de lei, autorize-me a publicar qualquer documento escrito e assinado por s.s. com relação a essa questão de certidões, que eu empregarei outro termo e então se vós verdes que sou inocente, absolva-me.

Itabira, 5 de abril de 1894. João Alves de Castilho

[A Itabira (Itabira), 11/4/1894. BN-Rio]

1894 Bengaladas. Cartola à Molliére

Aos seus concidadãos. No próximo júri submeter-me-ei a julgamento no processo que trata do fato de haver-me batido com o professor José Augusto, desta cidade.

Coerente com a manifestação que fiz publicar em artigo incerto neste jornal, após a luta, zeloso da honra de meu nome, e como sustentáculo da lei pelo papel que represento na sociedade, jamais solicitarei um favor dos ilustres jurados, magistrados que vão julgar-me.

Hei de entrar de cabeça erguida ao palmilhar as avenidas do templo augusto da justiça, a mais bela instituição que o legislador esclarecido tem criado.

Outro procedimento não deve esperar os meus amigos, de quem tragando o cálice do sofrimento moral a hóstia amaríssima da dor, sem desalentos, conservará impoluta a sua casa de cavalheiro.

É tempo, sem intenção de censurar o meu adversário, de lembrar episódios, que a quebra de nossas relações por uma questão de ordem climatérica, teve de produzir.

Começarei dizendo qual a origem que determinou-a.

No país agitava-se a propaganda das ideias nas quais alistei-me agindo por minha conta, como republicano que, prezo-me de ser.

Voltava eu do Estado do Espirito Santo onde levaram-me negócio comercial, e, ao passar pela cidade do Prata um cavalheiro, amigo e correligionário informou-me que o senhor José Augusto achava-se hostilizando a candidatura do dr. José Candido da Costa Senna, nosso candidato, e pelo qual trabalhava eu com ardor patriótico, sendo que o sr. José Augusto em conferencias pelo Dionizio sustentava a candidatura do sr. Affonso Penna, então membro do Partido Liberal.

Embora o meu adversário exercesse um direito político garantido por lei, tendo me sido fornecidas informações da maneira burlesca pelo qual o orador mantivera-se em Dionizio, eu, antes por pilheria que para injuria-lo lancei pela Pátria Mineira um escrito debicando-o.

O sr. José Augusto certo da procedência do artigo, por informação recebida não sei de quem, apaixonou-me declarando-se meu inimigo.

Seguiram-se talvez dois anos e durante esse tempo o meu adversário não perdia ocasião para fazer espirito à minha custa, embora esquecendo que os calvos na maioria têm momentos festivos como o herói de Cervantes.

É assim que, em uma das sessões de júri, desta cidade, ocupava eu a cadeira da defesa de S.S. a da promotoria.

Por essa ocasião ainda o meu adversário procurou levar-me para uma discussão calorosa; pelo que fora chamado à ordem pelo honrado dr. Presidente do Tribunal, dando-lhe eu o troco necessário.

Voltando à cidade depois de alguma ausência, vi com surpresa que o indivíduo Olympio, homem falto de brio, atassalhava-me o humilde nome emprestando-lhe conceitos injuriosos e deprimentes do meu caráter.

Assim sentido cálido o meu sangue, indo a casa do referido títere pedi-lhe explicações, e ele, em vez de dá-las, e por ser o sujeito mais pusilânime do mundo pôs se a gritar que eu queria assassiná-lo!!!

Não.

“É verdade que eu desejava imprimir-lhe no rosto um protesto à maneira pela qual exprimia-se a meu respeito.”

Logo que o ilustre sr. José Augusto teve conhecimento deste fato, envergou casaca preta, serviu-se de cartola à Molliére, colocou debaixo do braço coleção completa de Ortalan, Pereira da Silva, Lafayete, Maireson, código francês, Inglês, austríaco etc. e dirigindo-se ao Braziliense o homem mais infeliz que conheço, ofereceu-lhe…….

O que será leitor ilustre? – os seus serviços de advogado.

Muito bem!

Seria vingança o móvel que determinou a ida do sr. professor à casa de Braziliense?

É necessário, que os srs. Jurados estudem esta questão.

A maneira porque o meu adversário exprimiu-se a meu respeito nas casas comerciais, nos teatros, nas praças, não merece ser lembrada aqui, além da moral pública.

Eu era tudo pela boca do sr. professor, que, não obstante não proceder a provocação de minha parte, publicou um escrito pela A Itabira então sob a redação dos srs. Theophilo Lage e Álvaro; escrito no qual foi o primeiro a provocar-me, por isso que a meu auxílio encontraram-se os atenuantes dos § 9 2º., 3º., 5º., 6º., 7º., 9º., etc., do Código Penal.

Qualquer que seja a decisão de meus pares acatai-a-hei em nome da causa da sociedade, com a devida venita.

Si for condenado sê-lo-ei em nome da inocência, do brio e da honra de cidadão digno de ser homem.

Quem passou pela vida em branca nuvem

E em plácido véu adormeceu

Quem o frio da desgraça não sentiu,

Quem, passou pelo mundo e não sofreu;

Foi espectro de homem, não foi homem;

Só passou pela vida e não viveu.

F. Otaviano

 

 

 

Nota – Ao debate, que deve ser luminoso julgo devem assistir todos os meus amigos e pessoas de minha amizade.

[A Itabira (Itabira), 13/10/1894. BN-Rio]

 

 

 

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2 Comentários

  1. Vai gostar, Sô, é bengaladas para costas a tudo quanto é lado.
    Tudo isto por conta de rixas políticas, a coisa não passa e ficamos vendo amigos e parentes a se degladiarem por essas questiúnculas partidárias.
    A Matriz em questão é a atual Catedral de Itabira.
    Enlaces familiares:
    João Guedes Torres era casado com Amarilys Drummond, além de sobrinho do Affonso Penna.
    Elias de Paula Andrade era pai do Carlos de Paula e irmão do João Francisco de Paula Drummond, bem como era casado com a tia do Alfredo Drummond e esta era prima do João da Silveira Drummond, da Amarilys Drummond e do José da Silveira.
    João Bicudo de Alvarenga é o tal que vendeu a fazenda ao seu parente Carlos de Paula Andrade por doze contos de reis e daí o nome Fazenda dos Doze.
    João Alves de Castilho era de Jaboticatubas, advogado ativo e bem integrado na comunidade.
    Salada geral!

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