Surdos de Itabira pedem respeito e mais oportunidades de trabalho
Com o objetivo de conscientizar e chamar a atenção para as necessidades das pessoas com deficiência auditiva, um grupo de pessoas surdas esteve nesta terça-feira, 26 de setembro – Dia Nacional do Surdo – na Câmara Municipal para enfatizar as dificuldades enfrentadas do dia a dia com a falta de comunicação e também para conseguir emprego.
Em Itabira, por meio de projeto do vereador Reginaldo Santos (PTB), a Câmara Municipal aprovou e o prefeito Ronaldo Magalhães (PTB) sancionou lei que obriga as repartições públicas a manter em seus quadros intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras). A exigência passa a valer já a partir de 2018.
A mesma lei instituiu também a Semana Municipal do Surdo, que se estende do dia 25 a 30 de setembro, devendo encerrar na sexta-feira com uma manifestação seguida de passeata na avenida João Pinheiro.
Na semana estão ocorrendo palestras e campanhas diversas, mostrando as muitas vezes difíceis condições de vida e de trabalho das pessoas com deficiência auditiva. Elas contam que sofrem discriminações sociais diversas.
A Semana Municipal do Surdo é, portanto, uma oportunidade para valorizar o protagonismo desse grupo e de afirmação da Libras, que, desde 2002, é reconhecida como a segunda língua oficial do brasileiro.
“A comunicação e o acesso da pessoa surda às repartições públicas são dificultados pela falta de intérpretes. Com a lei passando a valer, os direitos desses cidadãos serão mais respeitados”, acredita Enilza Soares Gregório, presidente da Associação de Pais e Amigos do Surdo de Itabira (Apasita).
Ela esteve com o grupo de pessoas com deficiência auditiva na reunião da Câmara desta terça-feira para enfatizar o Dia Nacional do Surdo e também para agradecer o apoio que receberam dos vereadores ao aprovar a lei que institui a figura do intérprete da língua de sinais nas repartições públicas.
Empregabilidade
De acordo com Enilza, o surdo ainda hoje sofre discriminação nas escolas, mesmo com todas as políticas inclusivas, mas o preconceito maior ocorre no mercado de trabalho. “Por receio de não conseguir se comunicar com a pessoa surda, muitos empregadores nem mesmo chegam a analisar o currículo quando descobre a sua condição”, lamenta a presidente da Apasita.
Com isso, diz, o empregador perde a oportunidade de contratar um profissional competente. Esse, por seu lado, se sente desprestigiado e sofre com o preconceito. “A discriminação acaba por acarretar inúmeros problemas psicológicos para a pessoa com deficiência auditiva.”
A jovem Ana Paula de Oliveira é surda e falou de suas dificuldades no Grande Expediente da Câmara Municipal. Segundo ela contou por meio de sinais, com tradução da intérprete Silvana Sá, ela está desempregada e tem tido muita dificuldade para conseguir emprego.
“O surdo é inteligente, capaz e sabe executar inúmeras tarefas. Que respeitem o surdo e o chamem para trabalhar”, foi o apelo que ela fez, lembrando que há muitas pessoas nessas condições em Itabira.
A Apasita contabiliza a existência de 90 surdos no município, mas “esse número com certeza é maior”, projeta a presidente Enilza. “Em parceria com a Secretaria de Saúde, iremos fazer um senso para saber quantas são as pessoas surdas em Itabira. Queremos indagar como elas vivem e as dificuldades que enfrentam em casa, nas escolas, repartições públicas e em todo o meio em que elas vivem.”
Diagnóstico precoce
No país, o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) registrou a existência de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência auditiva. Do total, mais de 2,1 milhões sofrem com surdez severa, sendo que esse número tende a crescer com o aumento da população idosa.
A demora no diagnóstico de problemas auditivos tem sido apontada como uma das causas que impedem ou dificultam a reversão da deficiência, o que pode ocorrer quando a surdez é constada até os seis meses de idade. O diagnóstico precoce em crianças é outra reivindicação da Apasita às autoridades de saúde – e os vereadores prometem apoiar.
Com tanto serviço de digitação que há na Prefeitura e Câmara Municipal, além dos escritórios de contabilidade, era de se aproveitar bem qualificando estas pessoas.
Temos também todo os documentos do Arquivo Histórico para ser catalogado e digitalizado, constatando que para estes serviços necessita de boa leitura e vontade de fazer.