Mais da série desmentindo Bolsonaro no Jornal Nacional: os casos de agressões a ministro do STF e o atraso na compra de vacinas

Foto: Reprodução/TV Globo

Rafael Jasovich

As mentiras deslavadas do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), continua repercutindo nacionalmente e foram contadas em série, já no início da entrevista ao Jornal Nacional, na TV Globo, na segunda-feira (22) .

“Você não está falando a verdade quando fala em xingar ministros [do STF]. (…) É fake news da sua parte”, disse o presidente. Jair Bolsonaro, dirigindo-se ao âncora Willian Bonner. Não era fake e o presidente candidato à reeleição foi logo desmentido ao vivo.

É que Bolsonaro atacou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) publicamente mais de uma vez. Ao ser recrutado pelo entrevistador, Bolsonaro tentou minimizar a sua mentira, dizendo ter xingado apenas um ministro, referindo-se a Alexandre de Moraes. Outra mentira: Bolsonaro também já atacou o ministro Luís Roberto Barroso.

No ato em celebração ao 7 de setembro de 2021, na avenida Paulista, o presidente chamou Moraes de “canalha” para apoiadores. No discurso, Bolsonaro disse que o ministro “se enquadrava” ou deveria “pedir para sair”. Antes, em julho de 2021, o presidente já havia xingado o ministro de “otário”.

Moraes não foi o único ministro do STF que sofreu ataques de Bolsonaro. Em agosto de 2021, Barroso foi chamado de “filho da puta” pelo presidente. Em julho do mesmo ano, Bolsonaro já havia chamado Barroso de “imbecil” e “idiota” ao defender o voto impresso.

Em 2018 houve uma denúncia de fraude, e Bolsonaro disse que a ministra Rosa Weber determinou que fosse aberto inquérito pela Polícia Federal para apurar a denúncia. Outra mentira.

É falso que Rosa Weber tenha determinado abertura de inquérito para apurar possibilidade de fraude nas eleições de 2018. O que houve foi uma acusação protocolada pelo advogado Ricardo Freire Vasconcellos (requerimento 2018.00.000013829-4) no Tribunal Superior Eleitoral alegando “fraude matemática” nas urnas.

No entanto, o requerimento foi analisado pela Secretaria de Tecnologia da Informação do TSE e arquivado por falta de provas, sem abertura de inquérito.

Mais mentiras de Bolsonaro na mesma entrevista à Vênus Platinada: “A primeira vacina do mundo [contra Covid-19] foi dada em dezembro de 2020. Em janeiro, nós já estávamos vacinando no Brasil.”

Falso: a vacinação contra a Covid-19 no Brasil começou em 17 de janeiro de 2021– 4  dias depois de a primeira pessoa ser imunizada no mundo. Antes do Brasil, pelo menos 47 países já haviam iniciado a imunização contra a doença.

Vale pontuar que a primeira vacina contra o SARS-CoV-2 no país foi a CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. Essa fórmula foi criticada por Jair Bolsonaro em pelo menos 10 ocasiões antes de ela começar a ser aplicada na população brasileira.

Em 21 de outubro de 2020, por exemplo, o presidente afirmou que o governo federal não compraria as doses da CoronaVac e que o povo brasileiro não seria “cobaia de ninguém”. Ele também chamou a CoronaVac de “vacina chinesa de João Doria”.

Além disso, a campanha de vacinação no Brasil começou em ritmo lento. Até 18 de abril de 2021, apenas 4,5% da população já tinha recebido a segunda dose das vacinas até então disponíveis. Em maio daquele ano, o ritmo de aplicação caiu ainda mais.

Em julho de 2021, seis meses após o início da campanha, apenas 13% da população brasileira tinha vacinação completa contra a doença —naquela altura, 525 mil pessoas tinham perdido a vida em decorrência do novo coronavírus.

“O que eu falei é que, quando foi decidido o que era essencial, o trabalho essencial, eu falei: deve ser todo aquele necessário para um homem e uma mulher levar o pão pra dentro de casa. A própria OMS concordou comigo nessa questão”, mentiu mais uma vez o presidente na mesma entrevista.

Desde 2020, Bolsonaro distorce uma declaração do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante uma entrevista coletiva de 30 de março daquele ano.

Na ocasião, o diretor ponderou que, em alguns países, as pessoas mais pobres têm que trabalhar “todo santo dia para conseguir o seu pão”. No entanto, não defendeu que todos os trabalhos fossem considerados essenciais naquele momento.

Adhanom afirmou apenas que essas pessoas deveriam ser “levadas em conta” na hora de os países decidirem sobre políticas públicas para mitigar os impactos da Covid-19, sem especificar, exatamente, como.

“Nunca fiz simulação de pessoa morrendo asfixiada”, foi mais uma mentira fartamente desmentida do presidente. Os vídeos com ele imitando uma pessoa asfixiada pela Covid-19 viralizou na internet, e agora é o mais procurado desde a noite de 22 de agosto.

Como se observa, mentir é ofício do capitão. E não é de agora.

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