Thiago SKP lança novo vídeo Quanto Vale? com críticas à mineração predatória

Foto: Reprodução

Quanto Vale? – Esse é o título do novo clipe produzido pelo poeta e rapper itabirano Thiago SKP, com apoio da People ‘s Palace Projects, uma organização inglesa que congrega ativistas pela justiça social. O clipe aborda criticamente os 80 anos de exploração de minério em Itabira pela empresa Vale S.A – e também no Quadrilátero Ferrífero.

Trata-se de uma reflexão sobre os impactos da mineração na cidade onde a antiga Companhia Vale do Rio Doce iniciou, em 1942, a exploração de minério de ferro em larga escala.

Aborda os impactos sobre o meio ambiente e a saúde mental de todos que vivem em seu entorno, com ocupação de territórios e expulsões de moradores.

Foi o que ocorreu em Itabira com os moradores dos antigos bairros Explosivo (Sagrado Coração de Jesus), Rio de Peixe, Vila Paciência, Camarinha. São histórias que se repetem, como agora volta a acontecer com parte dos moradores dos bairros Nova Vista e Bela Vista.

O impacto sobre o patrimônio cultural é também abordado nesse clipe do artista itabirano. “Quanto vale a vida? Quanto vale? Quanto vale? A dor de quem chora, quanto vale Vale? Dois lados da moeda, só o cofre que vale. Se a vida não vale a pena, nada disso Vale”, é a reflexão que provoca o novo clipe de Thiago SKP.

Acesse o novo clipe aqui:

Resiliência

O rapper itabirano tem desenvolvido, por indicação da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA), trabalhos artísticos com quatro organizações do Quadrilátero Ferrífero: Corporação Musical Banda São Sebastião e Casa Quilombê (Brumadinho), Grupo Teatral Atrás do Pano (Nova Lima) e Clube Osquindô (Mariana) pelo projeto de pesquisa Raízes de Resiliência.

O projeto mensurou o valor da cultura e estudou o impacto da mineração e mudanças climáticas sobre o patrimônio cultural da região. É nesse contexto de vivência social e cultural que Thiago SKP produziu o vídeo Quanto Vale?, de sua autoria, e que teve curadoria de Paul Heritage, pesquisador e diretor do centro de arte e pesquisa da organização inglesa People’s Palace Projects.

Com o vídeo, o artista itabirano espera contribuir para ajudar as comunidades afetadas pela mineração. Para isso, o rapper tem visitado escolas de Itabira, com inserções literárias com alunos do ensino fundamental e divulgação do novo clipe.

“Espero que a letra faça as pessoas enxergarem os objetivos econômicos dessa atividade e como a mineração impacta diretamente o meio ambiente e as nossas vidas. Retratar a realidade na arte é uma forma de propor uma reflexão por outro ponto de vista, por meio de um grito que não é só meu, mas de muitos em Minas”, afirma o músico.

Exportação

As imagens gravadas para o videoclipe vão fazer parte de um documentário a ser lançado no segundo semestre no Brasil e no Reino Unido. Paul Heritage fala da importância do projeto, que é financiado pelo governo britânico e acontece em outros oito países em situação de risco ambiental,  como é o caso do Brasil, e que dá voz a quem enfrenta esses riscos diretamente.

“Queremos com esse projeto, entender como a arte e a cultura locais podem fazer parte da resistência e resiliência dessas comunidades e também registrar o valor da cultura em nossas vidas, exatamente como perguntou Thiago na música Quanto vale?”, diz o pesquisador e diretor da People ‘s Palace Projects.

Segundo ele, a pesquisa é inédita e colaborativa com seis organizações culturais de Minas liderada pela People ‘s Palace Projects, da Universidade de Queen Mary, de Londres, pautando as ameaças da mineração na região, e a importância do patrimônio cultural de Minas, também ameaçado pela atividade predatória.

Uma pesquisa realizada pela organização constatou que para 61% dos entrevistados, o trabalho das organizações ajudou a lidar com problemas de saúde mental, causados por fatores como desastres ambientais e a pandemia de Covid-19. E quase 60% desses mesmos entrevistados temem novos rompimentos de barragens.

Isso por considerarem a exploração dos recursos mineradis inadequada. Além disso, outros temas como incêndios florestais, poluição e enchentes também são apontados como preocupação para os moradores dessa região ferrífera.

Foram destacados também a falta de investimento público e privado em cultura, crimes e acidentes ambientais com as principais ameaças ao patrimônio cultural da região, segundo indicou a pesquisa.

Leia o estudo completo aqui https://peoplespalaceprojects.org.uk/wp-content/uploads/2021/01/RoR-Short-report.pdf

Para saber mais

Thiago SKP iniciou a sua carreira em 2007 com o grupo Underground CIA. É fundador de diversas intervenções culturais, movimentos de rua como Noiz por Noiz, Sarau essência, entre outros.

Lançou o seu primeiro disco solo em 2013, levando o nome de Itabira em vários shows pelo Brasil. Participou de grandes projetos do rap, como rapbox, R.U.A e a música Contra o vento, feita pelo Atlético Mineiro juntando grandes nomes do rap nacional. Tem projetos de inserção literária em escolas em MG e SP.

Thiago venceu o Festival de Música de Itabira, realizado neste ano pela FCCDA em parceria com a agência Origami, com a canção Quanto vale.

Já a organização People ‘s Palace Projects (PPP) é um centro de arte e pesquisa, um programa de extensão da Universidade de Queen Mary, de Londres. Nos últimos 25 anos a PPP tem usado arte e criatividade como ferramentas de resposta às questões de justiça social e climática, além da defesa dos direitos humanos no Reino Unido, em favelas, periferias e territórios indígenas do Brasil e pelo mundo.

#ArtsAgainstAdversity https://peoplespalaceprojects.org.uk/ Twitter: http://@peoplespalaceUK

Instagram, Facebook e YouTube: http://@peoplespalaceprojects

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