Noite do Oscar é marcada por machismo e misoginia com agressões

Imagem: Reprodução/Twitter

Daniel Cruz*

Eu me segurei para não escrever no calor do momento no evento. Gosto de trazer análises mais calmas e menos polêmicas. Porém, o Oscar gerou tanta algazarra com o tapa do Will Smith no Chris Rock que está impossível esperar mais.

Vamos lá, a piada do Chris Rock foi ruim. Foi indevida. Foi mal colocada, fora do tom do evento e do ritmo dele. Ele não deveria ser chamado novamente, não foi bem na apresentação dessa vez e, como ofendeu, deve pagar o equivalente aos danos morais sofridos.

Agora me surpreendeu tanta gente aplaudir o Will Smith por friamente levantar, subir no palco, caminhar até o Chris Rock e o agredir porque falou de sua mulher, Jada Pinkett Smith.

Acredito que isso seja um reflexo do carisma do Will. Talvez se retirarmos os nomes e descrevermos somente a ação veríamos o reflexo que essa exaltação à agressão gera.

“Em uma festa do serviço, homem invade o palco e agride um comediante que fez uma piada sobre a mulher daquele.”

Ao meu ver, posso sim estar errado, mas há um machismo aqui nos dois homens. Primeiro o machismo do Chris Rock em achar que seria engraçado brincar com o fato de uma mulher estar careca.

Contudo, também há machismo do Will Smith que se levantou para defender sua mulher como se ela precisasse ser defendida. Jada Pinkett Smith é uma mulher adulta que pode se defender juridicamente.

Convenhamos, para o Chris Rock este tapa foi um presente. É bem possível que ele vai agora vai lotar os shows fazendo piadas com esse caso.

Já para a Jane Smith, essa atitude só gerará a exposição de sua vulnerabilidade e a repetição da piada até a exaustão.

Além disso, meninas, se um homem perde o controle sobre as emoções e agride alguém porque falaram de vocês, tomem cuidado!

A chance deste homem perder o controle com vocês é real. Vemos casos assim todos os dias no mundo real, só que com caras sem a fama do Will Smith.

Reforço que a piada foi ruim e qualquer humor com aparência é indevido. Humor com doença é ainda mais baixo. Repensar o humor é fundamental. E repensar a sociedade também.

Deficiência

Agora sobre o evento, o maior absurdo da noite foi a academia do Oscar não colocar uma pessoa para falar em libras tanto com os atores com deficiência auditiva que foram indicados quanto com o público justamente no ano em que um filme sobre este universo é o grande vendedor.

Falando em grande vencedor, o filme com mais premiações foi Duna. Em todos os anos falaríamos nisso como se Duna fosse o grande vencedor.

Entretanto, como foram prêmios técnicos e neste ano os prêmios técnicos foram dados antes da transmissão, Duna foi a grande prejudicada por quase não aparecer no evento.

*Daniel Cruz Fonseca é advogado, mestre em Direito nas relações econômicas e sociais, e poeta, autor dos livros “Nuvens Reais” e “Alma Riscada”.

 

 

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1 Comentário

  1. Meu caro Daniel não concordo totalmente com a sua análise da agressão do Will Smith. Meu olhar não foi de que ela (Jade) foi posta como frágil e indefesa, mas as emoções vividas por uma doença podem fragilizar todos ao seu redor e vi que ali tem uma família que está com problemas.
    Certamente temos muitos problemas no mundo e principalmente no Brasil com o machismo e o feminicídio, e devemos sim tomar cuidado com algumas formas de demostrar o afeto.
    Sou contra agressão física.
    O Will Smith poderia ter se manifestado a sua indignação de outra forma.

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