Itabira perde um dos seus mais sensíveis olhares fotográficos: Marcelo Felipe Rosa

Fotos: acervos dos amigos

Infelizmente, a vida não deu a Marcelo Felipe Rosa a mesma longevidade que tiveram o seu pai Rosinha, morto aos 99 anos, e a sua mãe Matilde, falecida aos 97 anos, pouco tempo depois do marido.

Marcelo Rosa faleceu nessa sexta-feira (11), aos 63 anos, depois de uma luta de dois anos contra o câncer. Deixa a mulher Ivana Linhares, os filhos Gustavo e Lívia, e seis irmãos.

Fotógrafo, ele iniciou o aprendizado juntamente com uma geração de brilhantes fotógrafos itabiranos, na década de 1970, no laboratório de fotografia da Fema (Fernando Gonçalves, Eduardo Magalhães, depois Eduardo Cruz, Marcelo Rosa e Altamir Barros), montado no quintal de sô Rosinha, na rua Tiradentes, centro histórico de Itabira.

A Fema depois passou a ser também um “departamento” fotográfico do jornal O Cometa, tendo sido, inclusive, fundamental para a revelação das fotos históricas de Brás Martins da Costa, cujos negativos em vidro voltaram para o papel depois de muitos anos, descobertos por Altamir Barros e Robinson Damasceno, também já falecido.

Artista itabirano

Em família, Atlético e Cruzeiro ficaram empatados e em paz

Uma pessoa sempre simpática, generosa, Marcelo Rosa foi um artista itabirano com olhar fotográfico diferenciado, sempre atento às cenas primárias, às paisagens e personagens que registrou com a sua câmera para a posteridade.

“Foi um dos meus melhores amigos”, conta, bastante comovido com a sua morte, o artista plástico Genin Guerra, para quem o dia 11 de março foi um dos mais tristes de sua vida.

João Bosco, Marcelo e Genin: bons companheiros

Eles se conheceram na infância no Grupo Escolar Major Lage, turma da professora Ângela Machado, a ML66.

“Não sei se Itabira tem a noção da importância desde artista itabirano… Um grande fotógrafo, cujo trabalho deve ser mostrado, valorizado e eternizado”, recomenda o amigo Genin.

“Generoso, engraçado, inteligente e muito competente no que fazia. Acho que a admiração entre nós era mútua. Ele sempre fazia questão de me prestigiar, me presenteou com um documentário incrível sobre o meu trabalho, onde demonstrou toda a sua sensibilidade e talento”, conta esse outro artista itabirano.

“Marcelo me ajudou muito na confecção do meu livro (Solo – Álbum das Glórias Musicais) e já tínhamos novos projetos em pauta. Infelizmente não deu tempo… Mesmo doente, ele estava animado, empenhado na criação do Instituto Cultural Brás Martins da Costa e restaurava a sua câmera fotográfica original. Perdemos mais um grande cara neste mundo cada dia mais caótico e careta.”

Conheça um pouco do trabalho fotográfico de Marcelo Rosa clicando aqui: https://marcelorosa.com.br/

Técnica apurada

O primeiro laboratório fotográfico no quintal de sô Rosinha

O fotógrafo Eduardo Cruz também reverencia esse profissional diferenciado e de técnica apurada. “Ontem, em conversa com o Nandim (Fernando Gonçalves), e após a notícia do falecimento do Marcelo Rosa, passamos a falar sobre o trabalho desse magnífico fotógrafo Itabirano. Sempre atento ao seu tempo e sempre em busca de aperfeiçoamento.”

Eduardo acrescenta que Marcelo Rosa foi fundador e membro permanente da Fema. “Ele era um desses caras que sempre esteve à frente e num nível de conhecimento bem acima de todos nós”, reconhece.

“Foi ele quem trouxe para a Fema o alto contraste, inspirado num trabalho do Genin e Jayme Guerra, quando esses dois notáveis artistas plásticos Itabiranos retrataram algumas fazendas com suas pinturas ‘bico de pena’”, recorda.

Trata-se, segundo Eduardo, de uma técnica que combina processos fotográficos alternando positivo/negativo. “Íamos aumentando o contraste de uma foto até obter o resultado de uma pintura no mesmo formato em que Genin e Jayme conseguiram em suas telas.  Era o kodalite.”

Saudades

Turma do Major Lage: na fila do meio, Marcelo é o quinto da esquerda para a direita

Para o primo Ruy Felipe, Marcelo Rosa fazia poesia por meio das fotos. “Talentoso, amigo, companheiro. Vai ficar um vazio com a sua partida, porque Deus quis você para fotografar o infinito, o mágico e o outro lado da vida.”

Rosa Márcia com Marcelo Rosa: colegas do Major Lage

Colegas do Major Lage também registraram o sentimento de pesar pela perda desse grande amigo. “Descanse em paz meu colega de primário. A luz dos seus clics hoje ilumina o céu”, registra a cantora Rosa Márcia Costa.

Chu Cabral, outra colega da turma do primário, também deixa o seu registro de profundo pesar, lembrando dos momentos inesquecíveis de alegria e descontração que tiveram com os encontros periódicos que “tanto nos rejuvenesceram e selaram uma amizade enraizada na nossa tenra e terna infância em Itabira.”

“Vá em paz, amigo luz! Sua sensibilidade, seu humor inteligente, sua generosidade, seu olhar atento, artístico e sábio trouxeram leveza, harmonia e bem viver! O ML66 perde um elo forte. Triste sua tão cedo partida.”

Serviço

O corpo de Marcelo Rosa será velado neste sábado no Memorial Santa Terezinha, de 11h às 15h. O sepultamento será no Cemitério da Paz.

 

 

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4 Comentários

  1. Eu estou arrasado com a partida precoce no dia de ontem, 11/03/2022, do amigo de longa data e grande profissional fotógrafo itabirano, Marcelo Felipe Rosa, conhecido pelos amigos mais íntimos e colegas de profissão como “Caiapó”. Tinha esperanças que ele saísse dessa, após procedimento médicos e que o caso dele poderia ter melhor desfecho. Mas a vida dele estava mesmo por um fio, devido à doença que o acometeu, contra a qual ele lutou bravamente. Agora a sua alma pura deve habitar outras moradas no plano espiritual.
    Amigão de noitadas e eventos, durante anos de troca de ideias sobre a vida, família, trabalho e do mundo da fotografia: – eu o ensinei o que eu sabia, compartilhando tudo que aprendi no Curso de Fotografia da Escola de Belas Artes da UFMG, em BH e ele, dentro de sua simplicidade e sensibilidade criativa e autodidata, me superou em muito, se tornando em pouco tempo de trabalho, um baita profissional respeitado no ramo comercial e da arte fotográfica no mercado brasileiro.
    Certo dia, em Itabira, o Marcelo me apresentou o laboratório improvisado que funcionava na casa do também saudoso Eduardo Magalhães (in memoriam), quase em frente à casa de seus pais, na Rua Tiradentes, ao qual, deram o nome de FEMA (Felipe & Magalhães). Isso me fez aproximar mais ainda deles, devido ao meu interesse em fotografia. Assim, passei a frequentar noites de revelação (somente preto e branco – p&b) naquele local mágico.
    Com o tempo, o Eduardo foi convocado pelo pai, para trabalhar no armazém da família e teve que se desfazer forçosamente da parceria com o Marcelo.
    Diante disso, o Marcelo me convidou para compor a “nova” FEMA, aproveitando então o acrônimo, para simbolizar agora, Fernando & Marcelo e cujo laboratório também improvisado e bastante rústico foi construído no quintal de Sr. Rosinha e D. Matilde (ambos in memoriam), seus pais, com autorização dos mesmos.
    Posteriormente, se juntaram a nós, o Altamir Barros, Humberto Martins da Costa e Eduardo Cruz, cujo grupo, juntamente com outros fotógrafos amadores e profissionais, foi responsável pelo fornecimento de material fotográfico diverso para o mercado publicitário Itabirano e, principalmente, para o Jornal O Cometa Itabirano, durante toda a sua trajetória elíptica, hoje de saudosa memória na cidade. Nessa época, o laboratório foi transferido para “modernas” instalações na casa do Sr. José Cruz (in memoriam), no Bairro do Pará, de onde passaram a sair as principais produções fotográficas do grupo.
    Nessa epopeia, o Marcelo sempre apresentava novidades na arte de fotografar, se revelando um competente e exímio observador acurado dos tons e meios-tons que o p&b possibilita, além de prezar sempre pelos critérios de composição, enquadramento e beleza cênica das fotos. Na fotografia colorida, ele também dominava a técnica como ninguém, atendendo às demandas de várias empresas em Itabira e na capital do estado e até mesmo de alcance nacional.
    Tenho pra mim que ele com seu olho “clínico”, não simplesmente fixava uma imagem em papel fotográfico e sim, plasmava toda uma gama de significados técnico-artísticos para que nossos olhos pudessem apreciar o resultado final – um primor. Ele buscou simplesmente a perfeição no que sabia fazer com sua câmera intrépida. Isso é louvável.
    Que ele siga na luz, a mesma fonte natural que lhe propiciou registros magníficos de pura arte em preto e branco e em cores. Valeu amigão, já estou com imensa saudade!
    Deixo aqui o meu abraço fraterno à doce Ivaninha, aos filhos e demais familiares de Marcelo.

    Fernando Duarte Gonçalves (Nandim)

  2. Ivana, Gustavo, Lívia e familiares!
    Meus sentimentos nesse momento de dor pela perda do Marcelo.
    Pela grandeza do seu trabalho deixa um legado para nossa cidade.
    Que Deus dê a Ele o descanso Eterno.
    Meu abraço fraterno.

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