Vetão solidariza com Laura Souza, mas não fala em crime de homofobia

Ao fazer uso pela primeira vez da Tribuna da Câmara como seu presidente, o vereador Weverton “Vetão” Andrade (PSB), em nome dos edis itabiranos, aos quais pediu licença para assim fazer, disse que não há espaço para o preconceito numa democracia.

“Não podemos pactuar com nenhuma forma de preconceito, de raça, crença, ou opção sexual”, enfatizou, lembrando que, recentemente, o vereador Júlio “do Combem” Rodrigues (PP) foi vítima de injúria racial.

“É inadmissível e muito me assusta ver um deputado estadual se posicionando de forma desrespeitosa e todos sabem de quem estou falando.” Ele se refere ao deputado bolsonarista Leo Portela (PL), que integra a bancada evangélica na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

“Temos agora esse discurso carregado de ódio de um senhor que é deputado estadual, que deveria trazer recursos para a diversificação econômica de Itabira, para a duplicação de nossa rodovia e que simplesmente está passando por cima de uma pessoa que tem uma opção sexual diferente da nossa”, disse ele, referindo-se à futura secretária Laura Souza, vítima de crime homofóbico.

“É inadmissível ficar calado. Respeito a Laura, ela é funcionária de carreira desta Casa”, enfatizou, mas sem qualificar as investidas contra a servidora como crime de homofobia. “Fica aqui registrado o meu repúdio a esse absurdo que estão promovendo contra uma pessoa pela sua opção sexual.”

Entretanto, mesmo sendo da base do governo municipal, Vetão criticou o projeto do prefeito que propõe a criação do Conselho Municipal LGBTQI+, por considerá-lo desnecessário (sic).

“Não quero me adentrar na questão da criação do Conselho LGBTQI+, até porque existem conselhos de mais em Itabira e que muitas vezes nada resolvem. Temos que criar políticas públicas que sejam eficazes”, enfatizou o presidente da Câmara.

“A minha discussão se refere à escolha do prefeito por uma servidora de carreira desta Casa há mais de 15 anos. É uma mulher, filha e esposa exemplar, que merece todo nosso respeito.”

Mau exemplo vem do presidente Bolsonaro, diz Noronha

Para o vereador Heraldo Noronha (PTB) toda essa onda conservadora e reacionária destilando preconceitos pela rede social não o surpreende, acentuando que o deputado Leo Portela apoiou e apoia a reeleição de Jair Bolsonaro (PL)

“Bolsonaro discrimina a comunidade LGBT e desrespeitou o Eduardo Leite”, lembrou o vereador, referindo-se ao governador do Rio Grande do Sul, que recentemente revelou ser homossexual em entrevista a uma emissora de TV.

“Eu sou um governador gay, não sou um gay governador, tanto quanto Obama nos Estados Unidos não foi um negro presidente, foi um presidente negro. E tenho orgulho disso”, afirmou o governador em julho do ano passado.

Mais preconceito

Mesmo com todo repúdio da sociedade itabirana, o publicitário Dalton Albuquerque voltou a destilar o seu ódio e preconceito ao criticar mais uma vez pela rede social o projeto de criação do Conselho Municipal LGBTQI+.

“Por trás de um Projeto de Lei, aparentemente inclusivo, esconde uma iniciativa satânica (sic) contra a família itabirana. Com a criação do ‘Conselho’, as portas das escolas estarão abertas para os ‘militantes LGBTQI+’ terem acesso aos seus filhos”, mente o publicitário, que continua com a sua infâmia fundamentalista.

“A ‘cereja do bolo’ é a nomeação da Secretaria de Educação, militante do tal movimento. DOUTRINAÇÃO, NÃO! Manifeste agora, ou amanhã, seu filho do sexo masculino poderá chegar em casa depois da aula de ‘batom e calcinha rosa’. Pais e mães – A decisão é de vocês.”

O publicitário já recebeu a resposta de Itabira com repúdio geral. E com certeza será mais uma vez rechaçado nas urnas, já que pretende candidatar a deputado estadual. Ele espera contar com apoio dos evangélicos que, em sua maioria, não deve comungar com a sua cartilha homofóbica.