Atuação da corte muda com Fachin e Moraes à frente do TSE

Foto: Antônio Augusto/TSE

Rafael Jasovich*

Quais os desafios nos mandatos de Edson Fachin e Alexandre de Moraes à frente do TSE?

O ministro Edson Fachin assumiu nessa terça-feira (22) o comando do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tendo como vice Alexandre de Moraes. E às vésperas das eleições presidenciais passará o comando para Alexandre de Morais

A dupla comandará o tribunal em uma das eleições mais turbulentas da história recente do Brasil, com planos para combater a disseminação de fake news, o uso da máquina pública para fins políticos e a questão das federações partidárias, além de outros desafios.

O que está em jogo é o destino da própria democracia brasileira.

Democracia em vertigem?

Em “Democracia em Vertigem”, conhecido documentário da cineasta Petra Costa, são reveladas as relações promíscuas entre o capitalismo no Brasil e a política nacional, mostrando que, apesar da alternância de presidentes, o país é incapaz de cessar um ciclo de poder ditado pelo capital financeiro.

Atacam-se as instituições para que o espaço seja ocupado pelo populismo. Isso gerou um processo de corrosão do regime democrático, agravado pela Internet, que permitiu a aglutinação de minorias extremistas, a exemplo dos nazistas. É sob esse cenário que eles [Fachin e Moraes] assumem.

Desafios do TSE

“Enfrentaremos distorções factuais e teorias conspiratórias, as quais, somadas ao extremismo, intentam atingir o reconhecimento histórico e tradicional da Justiça Eleitoral”, disse Fachin em sua posse.

Eventualmente haverá algum conflito ou problema durante o pleito, principalmente em áreas onde não há controle do Estado, como redes sociais e territórios controlados por traficantes e milicianos.

Os desafios são vários. Além das fake news, haverá a questão das federações. Como será a prestação de contas da federação?

E a questão das cotas? Como verificar? Como acertar esta injustiça histórica? Como combater candidatos do tráfico, das milícias? Os desafios são inúmeros, pois é a democracia que está sob ataque.

Ministros sob ataque

No Brasil, questões sobre a jurisdição do país e mesmo determinações do STF passaram a ser discutidas abertamente em sociedade, como se fossem comentários de uma partida de futebol. O debate, embora sempre bem-vindo, deve ser feito com cautela

Quando os ministros Fachin e Moraes arbitram, embora possa haver divergências e interpretações distintas, não se pode dizer que não foram decisões juridicamente embasadas e tampouco que houve interferência em outro poder.

Um recado de confiança

Embora analistas falem na eleição mais polarizada dos últimos anos, atentando para recentes eventos políticos pelo mundo – como nos EUA, com a invasão do Capitólio – e alertando para os perigos que o Brasil enfrentará nos próximos meses, uma coisa me parece certa: as instituições vão sobreviver ao cenário eleitoral.

*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, ativista da Anistia Internacional.

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