Corrida sucessória à presidência mantém polarização entre Lula e Bolsonaro, com pouca chance para uma terceira via

Rafael Jasovich*

A conjuntura política brasileira apresenta um quadro eleitoral com movimentos intensos de acomodação e de rejeição de diversas pré-candidaturas a presidente.

Enquanto o ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) patina nas pesquisas e já tem prazo para desistir da sua pré-candidatura a presidente, que de fato nem lançada foi, ele precisa desesperadamente de um cargo eletivo que lhe dê imunidade.

É assim que estipulou prazo para se manter pré-candidato: se até fim fevereiro a intenção de voto no ex-juiz não chegar a pelo menos 15%, ele deve desistir da disputa pela presidência, candidatando-se ao Senado ou à Câmara dos Deputados.

Já as candidaturas do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e do presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira (PP), nem aparecem com mais de 2% nas últimas pesquisas. São cartas fora do baralho.

Ciro Gomes (PDT) também patina fortemente nas pesquisas. Ele tem uma forte oposição à sua candidatura no próprio partido que prefere se aliar a Lula para fortalecer as candidaturas a deputados federais.

O presidente do PSD Gilberto Kassab, que lançou a pré-candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), já vaticinou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai com certeza disputar o segundo turno. Enquanto isso, mantém conversas com ex-governador de São Paulo Geraldo Alkmin para filiá-lo ao seu partido.

Essa filiação é possível na medida em que Alkmin não consegue avançar nas conversas com o PSB, que vê como empecilho principal para apoiar o ex-presidente a possível candidatura do ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT) ao governo de São Paulo.

Alkmin tem sido cortejado pelo próprio Lula para ser o seu vice, mas dentro do PT há fortes resistências ao seu nome.

É assim que o quadro eleitoral ainda é difuso. E as formações das federações, que têm prazo até final de março para serem registradas, serão as que de fato pleitearão a presidência com chances de sucesso.

O presidente Jair Bolsonaro (PL), repetindo a mesma tática da eleição passada, já está internado em hospital. E continua com a mesma cantilena anticomunista (na realidade anti-PT) para satisfazer os seus seguidores mais fiéis.

O ex-capitão mantém em torno de 25 a 30% das intenções de voto, o que certamente lhe garante presença na disputa de um eventual segundo turno.

A ampla vantagem na corrida eleitoral até aqui (e assim deve permanecer) é do ex-presidente Lula, com média de 45% das intenções de voto, o que garante presença na disputa no momento decisivo do segundo turno.

Dependendo da formação de uma forte federação, Lula tem chance até mesmo de se eleger no primeiro turno. Mas isso só o resultado das urnas confirmará.

As movimentações nos bastidores estão intensas e as conversas avançam ou retrocedem conforme as expectativas dos diversos partidos políticos e suas lideranças.

Março será o mês das definições, até lá muita saliva será gasta, com idas e vindas que o momento político brasileiro possibilita. A conferir.

*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional.

 

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