Lucas Ferraz lança seu livro-reportagem Injustiçados, em Itabira, na Livraria Clube da Leitura

O jornalista itabirano Lucas Ferraz, correspondente em Roma, Itália, e colaborador da GloboNews, O Globo, da Agência Pública e de outras publicações brasileiras, lança neste sábado (20), em Itabira, o seu livro a Injustiçados: Execuções de militantes nos tribunais revolucionários durante a ditadura.

O evento acontece a partir de 15h, na Livraria Clube da Leitura, no Centro Cultural, com a presença do autor que retornou ao Brasil especialmente para o lançamento nacional de seu livro pela Companhia das Letras.

Ferraz começou a sua bem-sucedida carreira jornalista aos 16 anos, no jornal O Cometa Itabirano. Depois de graduado, trabalhou na Folha de S.Paulo, tornando-se conhecido nacionalmente pelas suas reportagens investigativas.

Dentre elas, destaque para a reportagem em que revelou, em 2014, a construção pelo governo de Minas de um aeroporto particular em uma fazenda do tio-avô do então governador Aécio Neves (PSDB).

O favorecimento custou ao estado de Minas Gerais a bagatela de R$ 14 milhões, servindo-se apenas ao ex-governador e seus familiares na cidade de Cláudio, a 150 quilômetros de Belo Horizonte. Neves faz uso do aeroporto sempre que se dirige à fazenda da Mata, localizada a 6 quilômetros da propriedade do tio-avô.

Livro-reportagem

Em seu livro Injustiçados, Ferraz aborda um assunto tabu na história das esquerdas brasileiras na luta contra a ditadura militar (1964/85): as execuções de supostos delatores pelos companheiros de luta armada contra o regime de exceção que também prendeu, torturou e matou muitos dos que se opunham aos seus ditames ditatoriais.

O livro é uma grande reportagem investigativa. Tem como fio condutor os casos de quatro militantes injustamente considerados traidores do movimento revolucionário. Faz um corajoso relato de um tema que até hoje é motivo de disputa e silenciamento.

Com base em documentos, cartas e depoimentos de guerrilheiros, familiares das vítimas e militares, o autor narra os justiçamentos cometidos dentro da guerrilha, analisando o seu contexto histórico – as infiltrações dos serviços secretos do regime, a disparidade de poder entre a repressão e a guerrilha, e seus personagens-chave.

Segundo o autor, os justiçamentos de guerrilheiros entraram na ordem do dia da esquerda a partir de 1971, quando se inicia o período que historiadores consideram a fase terminal da guerrilha brasileira.

“Foi um momento crítico, marcado pelo isolamento popular, com indivíduos e organizações vivendo em situações extremas e caçados pelos órgãos da repressão”, conta Ferraz.

Foi quando os guerrilheiros iniciaram ações de vingança para punir os inimigos, que poderiam ser policiais, militares e civis que colaboravam com a repressão e quem quer que fosse considerado traidor.

No caso, as vítimas Márcio Toledo, Carlos Alberto Cardoso, Francisco Alvarenga e Salatiel Rolim, acusados sem provas de colaborar com a ditadura.

De origens diversas, os quatro militantes foram executados pelos próprios companheiros após serem presos e torturados pela repressão.

“Todos eram inocentes: não tinham cometido os crimes de traição atribuídos a eles nos tribunais revolucionários que os julgaram à revelia”, revela o jornalista, que complementa:

“Os quatro nunca foram reconhecidos pelo Estado como vítimas da ditadura.” Conferir uma memória histórica às vítimas é o maior objetivo do autor com a publicação de Injustiçados.

 

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