Na Feira Tecnológica de Lisboa o futuro é agora

Carlos Moedas, presidente da Câmara (prefeito) de Lisboa (Foto: Antônio Cotrim/Lusa/CM)

Veladimir Romano*

Lisboa realizou mais uma gigante concentração de nacionalidades (123) vindas de vários cantos do mundo. Um investimento que não ultrapassa 40 milhões de euros e sai ganhando 273 milhões. Uma vitória tecnológica, de atualização impressionante das ferramentas usadas por todos nós no dia-a-dia da vida contemporânea.

Web Summit, com seu jovem líder empreendedor irlandês Patrick Cosgrave [mais conhecido por Paddy], um homem simples, prático, inteligente, cordial, sempre atualizado.

Gosta de Lisboa, acha o ambiente criado desde as primeiras feiras (2015) como sendo de sucesso mantido ao mesmo nível, aumentando ganhos gradualmente. A feira só deixou de acontecer no ano passado devido à pandemia que ocupou o protagonismo internacional.

No primeiro dia, o recém eleito prefeito Carlos Moedas [Partido Social Democrata, ex-comissário europeu da economia] deu show de bola [lisboeta de centro-direita]. Anunciou a instalação da primeira usina lusa fabricando “unicórnios”, que são empresas com emprego de alta tecnologia, avaliadas em mais de mil milhões de dólares.

De acordo com Moedas, essa fábrica será um espaço para “ensinar os detalhes e o processo para transformar as ideias em grandes negócios, criar empregos e mudar o mundo”.

Na sala, o espanto não podia ter sido maior, assim crescendo meio suspense dos assistentes onde quarenta mil pessoas ouviram o autarca falando bom inglês.

Mas enquanto isso acontece, alguns vão dando risadas, enquanto outros criam incertezas e poucos acreditam na possibilidade dos famosos “unicórnios” algum dia acontecer.

Razão lógica: para alguma coisa nascer, serão necessárias duas fórmulas no predicado desenvolvimento, quando primeiro deve chegar dinheiro fresco para altos investimentos, seguidamente, logo, de bons técnicos preparando o sucesso.

Quando certas oportunidades se fazem aparentes, políticos criam ilusões, aparato, crença e debate quase infinito até ao suposto acontecimento ou entra depois esquecimento.

A política vive repleta de promessas misturando sempre pontinhas devotadas a uma perplexidade única, contudo recebida por alguns com entusiasmo, esperança, desde que a propaganda vença outras realidades discutíveis.

Na moda tecnológica, construir uma usina exclusiva ao conceito unicórnio, tem custos não menores a um bilhão de euros; coisa que a prefeitura “alfacinha” [termo popular igual a lisboeta] não tem como.

Acreditando nos investimentos cronicamente desconfiados e sem visão de que é privado, Carlos Moedas sabe que não terá vida fácil, muito menos com governantes do Partido Socialista vendo uma oportunidade estratégica em travar qualquer projeto eventualmente focado no plano político.

A prefeitura de Lisboa tem servido sempre como rampa de lançamento para a governação do país; este histórico formaliza boa sondagem a fins mais altos e, António Costa, como candidato em continuidade na frente de suposto novo governo [eleições gerais no dia 30 de janeiro próximo], como bom estrategista que é, não vai deixar o eleito Carlos Moedas revelar suas potencialidades ou tabela de afazeres municipais…

Enquanto isso, eleições antecipadas ficaram na pauta. Isso enquanto toda a Direita portuguesa vive momentos de enorme perturbação interna, entre conflitos e disputas pelas lideranças, o olho gordo dos líderes fixou nos bilhões sem encargos chegando da União Europeia.

*Veladimir Romano é jornalista e escritor luso-cabo-verdiano

 

 

 

 

 

 

 

 

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1 Comentário

  1. Essa feira de tecnologia vem acontecendo anualmente em Lisboa, onde são debatidos e apresentadas propostas de novas tecnologias ao avanço das relações pessoais, empresarias e governamentais.

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