Rabada com polenta e o fascismo que ameaça a democracia brasileira

Rafael Jasovich*

Amigos próximos me cobraram cozinhar para eles uma rabada com polenta e salada de agrião. Missão difícil, mas aceitei o desafio com a exigência deles trazerem duas garrafas de vinho tinto argentino.

Estava indo comprar os ingredientes necessários para fazer o almoço quando me deparei com uma noticia que mais uma vez demonstrava que o fascismo imperava no bando que ocupa o governo.

Se o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, dominou as manchetes da imprensa brasileira nos últimos dias por fazer um gesto obsceno a manifestantes em Nova Iorque, ele não foi o único no governo a adotar uma postura polêmica.

No carro que levava Queiroga, outro ocupante era o chanceler Carlos França que, no momento de confrontar as pessoas que protestavam nas ruas, também reagiu e fez um gesto de “arminha” em direção às pessoas. Mais um imbecil.

Triste com a situação comprei os ingredientes, a saber: 2 kg de rabada fresca, cheiro verde, fubá e agrião. O restante eu tinha em casa.

Quando cheguei ao caixa voltei a me assustar com o preço das coisas. Afinal, a inflação corre solta e a fome dos mais pobres é uma realidade.

Cheguei em casa coloquei tudo na bancada da cozinha e fui fumar um cigarro enquanto ouvia um reggae raiz na voz do mestre.

Voltei e lavei o rabo (da vaca) com vinagre para tirar o cheiro forte. Dei também uma aparada na gordura. Depois temperei com sal, pimenta – do – reino e cheiro verde.

Numa panela de pressão grande (emprestada de um vizinho) juntei o azeite, a cebola e o alho picados. E deixei dourando, joguei a rabada, cobri com água e deixei cozinhando, mais ou menos por uma meia hora.

Enquanto isso acontecia, os amigos chegaram. E a conversa foi sobre o vexame do capitão-presidente nos Estados Unidos: levaram junto a Covid e agora estão em quarentena. Que vergonha.

Mais ainda vergonhoso foi na hora de comer a pizza na rua, quando se viu o ministro (capacho) usando máscara, mas deixando o nariz de fora. Ignorante, ele não sabe como é o uso da proteção.

De repente a panela apitou. Desliguei o fogão e deixei subir a gordura.

Para a polenta água fria e o fubá. E começar a mexer sem poder parar (haja braço). Pedi ajuda ao amigo mais forte, que se prontificou a ajudar e ficou mexendo com força. Agreguei um pouco de sal.

O agrião limpo e preparado com azeite e sal.

Tirei a gordura que subiu na panela de pressão e coloquei para ferver um pouco mais.

A conversa estava boa analisando as perspectivas de 2022. É Lula na cabeça, concordamos. Isso enquanto degustávamos uma cachaça de Salinas (MG) e ouvíamos Chico cantando “afasta de mim esse cálice”, apropriado para o momento que vivemos.

Polenta nos trinques, salada pronta. Retirei a rabada e coloquei numa travessa. Depois chapisquei uma salsinha por cima. E abrimos as duas garrafas de vinho e a comer foi a ordem do dono da casa (eu).

Ficou supimpa, modéstia à parte. Comemos, bebemos e tivemos uns momentos de alegria, talvez produto da bebida, porque da situação do Brasil não dá para ficar alegre.

Na hora de irem embora os acompanhei até a porta e gritamos bem forte para os vizinhos ouvirem (tomara que o Brasil inteiro ouça): FORA BOLSONARO GENOCIDA.

*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional.

 

 

 

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5 Comentários

    1. Agora temos um Apicius, aqui na Vila….
      Angu é prato coroado no Brasil, sobretudo em Minas Gerais. Angu com broto de samambaia de Ouro Preto ninguém faz melhor. Viva o Angu!!!
      Caro Moisés, você é uma pessoa culta e é bão demais entrar no seu angu cultural, sou o teu rabo-de-saia. Sou doidinha por você, Moisés!

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