Correios lança selo postal para celebrar a memória de dom Mário em seu centenário

Para celebrar o centenário de dom Mário Teixeira Gurgel (1921-2006), segundo bispo da Diocese de Itabira , foi lançado no domingo (13), em cerimônia na catedral, selo postal dos Correios, alusivo à efeméride.

A cerimônia contou com a presença do prefeito Marco Antônio Lage (PSB), do bispo dom Marco Aurélio Gubiotti, da gerente da agência dos Correios-Itabira, Graziele Sales. Na oportunidade também foi comemorado os 56 anos da Diocese.

No selo consta a imagem do bispo e já é peça de colecionador. Traz a imagem de dom Mário associado a três ondas na cor azul, vermelha e amarela, que representam uma igreja dinâmica e as três regiões pastorais da Diocese. Registra também o seu lema episcopal: “Como que serve”.

“Dom Mário não foi só um sacerdote que marcou época na Diocese, mas também na sociedade itabirana pelas obras sociais, sensibilidade política e participação nas discussões intensas da cidade”, discursou o prefeito Marco Antônio Lage na solenidade de lançamento do selo comemorativo, ressaltando que o centenário virou data municipal.

Solenidade na catedral comemorativa com lançamento de selo postal do centenário de dom Mário Gurgel (Foto: Divulgação). No destaque, o bispo em 1979, quando foi entrevistado pelo jornal O Cometa (Foto: Fernando Gonçalves)

Memória

Dom Mário foi o segundo bispo de Itabira. Ele assumiu a diocese em 1971, quando substituiu o ex-bispo Marco Antônio Noronha (1924/98), que renunciou ao cargo episcopal, casou e mudou para Belo Horizonte, sem nunca se esquecer de Itabira. Noronha é outro personagem ilustre da história da diocese de Itabira que merece ser homenageado. Leia aqui.

Em novembro de 1979, na primeira edição do jornal O Cometa Itabirano, dom Mário declarou, peremptoriamente, que o itabirano havia perdido a sua identidade de pertencimento, lançando um desafio de união em prol da cidade:

“Itabira é uma cidade marcada pela presença da grande indústria extrativista que por si mesma traz como consequência a presença de um número muito grande de empreiteiras e com isso uma grande imigração. Imigração tanto de cabeças pensantes, de engenheiros etc., como de mão de obra não específica. Consequentemente o que menos Itabira tem é itabirano. E os itabiranos não têm como último ideal ser prefeito de Itabira, mas ser superintendente da CVRD. De modo que a companhia se tornou mais importante que a cidade. Isso faz com que a cidade fique marcada por um desinteresse coletivo por ela.”

Prossegue o ex-bispo diocesano, que por diversas vezes foi taxado de comunista pelos conservadores itabiranos, que chegaram, inclusive, já no fim da ditadura militar (1964-85) a detonar uma bomba de fabricação caseira na porta da residência episcopal, tentando intimidá-lo.

“Uma companhia como a CVRD, instalando-se aqui, pela sua própria natureza, torna-se mais importante que a cidade. Não é a companhia que vive em função da cidade, mas a cidade que vive em função da companhia. Então se contam nos dedos as pessoas que de fato se interessam pela cidade. Há muito tempo tentei fundar a sociedade dos amigos de Itabira. Fiquei sabendo que agora estão se reunindo, mas não me convidaram. Por isso não fui. A ideia é muito boa, desde que aqui cheguei luto por isso, porque eu acho indispensável, porque não há mesmo essa identidade, pela própria natureza de uma cidade que vive de uma empresa única. Perde completamente o sentido de comunidade. Esse é, a meu ver, o grande problema de Itabira, que é depois consequência de muitos outros problemas.”

O centenário de dom Mário está sendo celebrado pela Diocese de Itabira/Fabriciano ao longo deste ano. “Dom Mário tinha uma estima especial por Itabira, tornou-se itabirano por escolha: ao se tornar bispo emérito, permaneceu aqui até o último dia de sua vida”, relembrou dom Marco Aurélio Gubiotti.

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