Para Damon, ex-prefeito de Itabira, faltou vontade política para equipar a UPA do Fênix e começar atender à população da região

Damon Lázaro de Sena, ex-prefeito de Itabira (2013/16), responsável pela construção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Fênix,  por meio de sua assessoria de imprensa, sustenta que a construção da unidade de saúde na região do bairro João XXIII foi uma promessa de campanha que ele cumpriu, mas que não teve tempo de colocar em funcionamento como era o seu desejo.

O prédio da UPA foi destruído pelo fogo nesse domingo (23), em circunstâncias ainda não esclarecidas. “Foi uma promessa de campanha que consegui realizar com recursos do governo federal.”

Ele conta que antes de decidir pelo modelo construtivo, teria visitado várias UPAs similares no Rio. “Todas estavam funcionando normalmente”, assegura.

De acordo com o ex-prefeito, no final de seu governo, ao inaugurar a UPA, ela estava pronta para funcionar, faltando apenas à Prefeitura adquirir os equipamentos necessários. A inauguração ocorreu sem mesmo ter a energia elétrica ligada pela Cemig.

“Em 2016 inauguramos a UPA homenageando o médico José Cesário Martins Carneiro, mas o governo que me sucedeu sequer se preocupou em manter a estrutura”, critica.

A consequência, diz, foram a degradação e os furtos que iniciaram no ano passado e que continuaram neste ano. “A falta de uma gestão com visão de futuro e compromisso com a população deixou a Upa chegar a este triste e lamentável estado.”

Segundo levantou os vereadores da CPI instalada pela Câmara, a UPA de Itabira custou cerca de quatro vezes mais que as UPAs similares construídas no Rio. Leia aqui.

Descentralização

O ex-prefeito sustenta que a sua construção foi para descentralizar os serviços de atendimento de urgência e emergência em uma região com alta densidade populacional. “Era para ser mais um Pronto-Socorro e hoje virou cinzas pela ineficácia e omissão da administração municipal”, acusa.

Damon rebate a acusação de que a unidade de saúde não tinha condições para entrar em funcionamento, tornando-se uma obra fantasma, inacabada.

“Disseram que não poderia funcionar pois era toda fechada. Mentira. A UPA era para ser toda climatizada, com ar condicionado em todos cômodos e pavimentos, nos consultórios e setores de inalação, enfermagem, curativos, raios-X, sutura, engessamento e aplicação de medicações”, sustenta. “Se (esse modelo) deu certo no Rio de Janeiro, por que em Itabira não daria”, questiona. Leia mais aqui.

Um grande incêndio, no domingo, consumiu a UPA do bairro Fênix. (Foto: Maxuel/Itabira On Line). No destaque, Damon depõe em CPI na Câmara de Itabira, em 2019: “a UPA foi abandonada pela administração passada mesmo estando pronta para entrar em funcionamento.” CPI concluiu que obra tinha problemas estruturais que inviabilizaram o seu funcionamento. (Foto: Carlos Cruz).

Descaso

Para o ex-prefeito, querem criminalizá-lo como meio de se encontrar um bode expiatório pelo abandono da UPA pelos governos que o sucederam, inclusive pelo atual, que não manteve vigilância permanente no local para preservar o patrimônio municipal.

Assim como ocorreu com o restaurante popular, cuja edificação teve início pela sua administração, mas que não foi concluída “para não prejudicar empresários do setor, amigos do ex-prefeito”, Damon sustenta que a UPA foi outro investimento realizado pela sua administração em benefício da população mais carente.

“Ela foi projetada para diversificar o atendimento, já que a população dos bairros João XXIII, Fênix, Santa Ruth, Machado não possuem esse tipo de atendimento, mesmo sendo uma das regiões mais populosas de Itabira”, afirma.

Segundo ele, o projeto previa uma clínica odontológica e um ponto de atendimento do Samu. “O local escolhido é estratégico, faltava apenas equipar para atender a população.”

Custeio

De acordo com o ex-secretário de Saúde Reynaldo Damasceno, em depoimento à CPI da UPA, o seu custeio mensal foi avaliado em R$ 1 milhão. Ele acrescentou que desde 2011 já existe política definida para as chamadas “portas de urgência”, com financiamentos estadual e federal.

“Conforme deliberação do SUS, esse custo (da UPA) seria dividido entre o Ministério da Saúde (SUS), Estado e o município de Itabira, que arcaria com cerca de R$ 300 mil com os gastos mensais.”

Mas agora a UPA do bairro Fênix é só mais uma derrota que Itabira acumula em sua longa história de perdas incomparáveis.

 

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